Ambientalistas ameaçam o desenvolvimento?
José Goldemberg, Estadão
"Se a legislação ambiental impede a economia do País de crescer a uma taxa superior a 3%, como se explica que não tenha impedido o Estado de São Paulo de crescer mais de 6% ao ano nos últimos anos?
Discussão semelhante ocorreu nos Estados Unidos cerca de 30 anos atrás, quando o Congresso norte-americano aprovou a legislação sobre o “ar limpo”, que impunha um controle severo das emissões de poluentes pelas indústrias. O argumento usado era o de que os gastos necessários para a redução das emissões de poluentes poderiam ser mais bem utilizados, produzindo mais, e que as restrições ambientais acabariam arruinando aquele país. Isso não só não aconteceu, como a melhoria da qualidade do ar e da água tornou os Estados Unidos mais prósperos.
Os danos causados pela industrialização ocorrida durante o século 20, baseada no uso de combustíveis fósseis, são reais, mas o que aprendemos nas últimas décadas é que eles podem ser evitados ou reduzidos consideravelmente. Isso é o que fazem os órgãos de proteção ambiental do mundo todo, e também aqui, no Brasil.
O que a experiência mostra é que existem extremistas de dois tipos envolvidos nestas questões:
Os que tentam promover empreendimentos indiscriminadamente e aos menores custos. Danos ambientais são uma conseqüência inevitável, já que o crescimento econômico e o desenvolvimento são considerados prioridades absolutas. Esta era a situação no Brasil em meados do século passado e ainda é a situação vigente na China.
Os ambientalistas extremados, para os quais qualquer agressão ao meio ambiente, mesmo que pequena, deve ser evitada. Vivem eles longe da realidade, não admitindo, por exemplo, que o combate à pobreza exige energia, que tem de ser gerada de alguma forma. Neste processo, alguns grupos sociais podem ser atingidos e pode haver também degradação ambiental, mas é preciso comparar os benefícios que a energia pode trazer a grandes populações nas cidades com os custos sociais e ambientais que decorrem da sua geração.
Conciliar o desenvolvimento com a preservação ambiental é possível, desde que os ambientalistas sejam ponderados e que os empreendedores entendam que os dias de intervenções brutas na natureza em nome do progresso não existem mais." ÍNTEGRA
Marcadores: Meio ambiente, Processo civilizatório
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