USINA DE CANA-DE-AÇÚCAR NA REGIÃO

O comentário da jornalista Denise Lourenço (leia abaixo) – radicalmente contra a usina - foi publicado neste sábado na Folha do Sul. Foi também lido no programa de debate intitulado “Transparência” da FM Cristal (http://www.fmcristal.com.br).

A ex-deputada Terezinha da Paulina gostou das idéias da Denise e a convidou, no ar, para participar de um próximo programa para debater o assunto. Denise é filha da secretária de Turismo do município de Itapeva, Setembrina Lourenço (PT).

O grande nó de nossos dias é: como produzir em abundância para tantas bocas sem degradar o meio ambiente para as gerações futuras? É o que chamam de sustentabilidade.

Produzir em abundância? É isso mesmo. Pela primeira vez o homem dispõe de tecnologia capaz de produzir em abundância. No que toca à tecnologia, a produção deixou de ser problema.

O fato é que depois da tecnologia (industrialização), é crescente a oferta de produtos. Pela primeira vez, há elevação contínua da expectativa de vida! Tanto é que a obesidade virou problemão nos países mais adiantados.

Durante 10 milênios, desde quando o homem descobre a agricultura, até o século 18, na Europa – até o início de século 20, no Brasil – as coisas não era assim. A agricultura era tão rudimentar que quase toda a população morava no campo – para produzir a própria comida. Não havia produção excedente para que as cidades pudessem crescer.

A urbanização só foi possível depois da tecnologia, da industrialização, que aumentaram substancialmente a produtividade agrícola (uso de tratores, fertilizantes, sementes melhoradas etc).

É por isso que o bicho pega!

É óbvio que não dá para alimentar tantas bocas – especialmente as da cidade – praticando agricultura rudimentar, de baixa produtividade, como imaginam ingênuos e românticos.

Uma saída possível (!?) é os moradores da cidade pararmos de consumir açúcar e de abastecer os carros com álcool combustível. Bem como pararmos de usar papel, para que eucaliptos não precisem ser plantados. Pararmos de comer carne, para que não seja preciso plantar milho e soja para alimentar frangos e porcos. Pararmos de produzir tanto lixo e dejetos, para não agravar a poluição. Quem topa?

Pelo que parece, o “crescei e multiplicai” nos colocou numa armadilha. Resta-nos torcer para que a ciência e a tecnologia nos salvem mais uma vez.

PS: Em 1798, Thomas Malthus, economista e demógrafo assustou o mundo com a previsão de grande fome. Calculou que as terras agrícolas não seriam suficientes para produzir alimento para população em crescimento. Chegou a recomendar a castidade, o casamento tardio, para reduzir o número de filhos! Ainda bem (!) que a revolução agrícola contemporânea entrou em ação e deu conta do recado.

PS-2: "Processo Civilizatório" é um ótimo livro do antropólago Darcy Ribeiro que ajuda a entender as fases da humanidade, desde as cavernas. O interessente é que todos os povos, mesmo isolados, desenvolveram tecnologias e trajetórias semelhantes.