LIBERDADE DE IMPRENSA
Escritor João Ubaldo Ribeiro, no Estadão
"Foi dito pelo presidente do PT a um jornalista que ele, jornalista, cuidasse da redação, que do PT cuidava ele, presidente do partido.
Está errado, ele se distraiu. A imprensa toma conta das redações e toma conta do PT, sim, partido que está no poder e que deve satisfações o tempo todo, assim como toma conta dos outros partidos e de tudo o que é público.
O governo é que não toma conta das redações, pois a liberdade de imprensa devia ser um galardão que esse governo brandisse com orgulho e não algo a ser temido. A liberdade de imprensa não foi presente do governo nem de partido nenhum, nem é concessão ou colher de chá. (Deve ser repetido aqui, porque faz parte do ritual, quando se trata deste assunto: claro que a imprensa comete erros, como acontece em toda atividade humana, que outra novidade há para contar?)
O Estado existe para servir ao cidadão, não o contrário.
Eu sou obrigado - e aceito sem discutir - a ser governado desses governantes. Mas eles também são obrigados a aceitar governados como eu e outros que divirjam deles. Todos os minoritários têm direito a tudo o que os majoritários têm, mas apenas uns poucos podem expressar pela imprensa suas opiniões. Eu posso e, portanto, é praticamente minha obrigação fazê-lo por quem não pode.
E é obrigação do Estado democrático proteger o direito de expressão de quem discorda de seu governo. Nós somos indispensáveis.
E somos torcida a favor, apenas ficamos com medo de as coisas não darem certo. Por exemplo, estamos prontos para assistir ao espetáculo do crescimento, mas já há sinais de que o ingresso é muito caro e continua, como sempre esteve, na mão dos cambistas." LEIA MAIS
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