terça-feira, novembro 14, 2006

É DURA A VIDA DO ELEITOR "NESTEPAÍS"
O senador Aloizio Mercadante (PT-SP), economista, chegou a escrever um livro para "provar" que o governo Lula foi o melhor que este país teve. Tudo era uma maravilha. "Jamais este país cresceu tanto com distribuição de renda."
Bem, isso antes da eleição. Os petistas, na campanha, desdenhavam daqueles - políticos e economistas - que ousavam propor o óbvio: cortes no custeio para aumentar o investimento público necessário para o crescimento da economia.
E agora?
Leia só o que disse Mercadante ao Blog do Noblat (repare que ele usa uns termos para tentar diferenciar sua proposta, mas não passa de jogo de cena):
Mercadante - O grande desafio do próximo ministro é manter a estabilidade da economia, enfrentar a fragilidade financeira do setor público e aumentar a taxa de investimento para que o Brasil possa crescer aceleradamente tendo como meta crescer pelo menos 5%. Isso não ocorrerá se não houver um grande esforço para aumentar a taxa de investimento do setor público e desonerar os investimentos do setor privado.

Não é isso que o governo já defende a partir do corte de juros e ampliação de gastos?

Mercadante - Esse é o velho desenvolvimentismo, que financiava a economia com inflação e endividamento. Não há espaço para isso hoje, nem para aumentar o endividamento e muito menos para trazer a inflação de volta (...) Para crescermos 5%, precisamos de uma taxa de investimento de 25% do PIB. Hoje temos uma taxa de 20%. Para crescer esses cinco pontos, precisamos de R$ 100 bilhões a mais de investimento. Ou o estado faz um ajuste fiscal para alavancar a capacidade de investimento, ou não tem como crescer 5%. Não tem.

Mas reduzir juros também é importante, não é?

Há espaço para a queda dos juros e é uma condição necessária para o crescimento. Hoje eles consomem mais de 8% do PIB. E de um lado a inflação está abaixo do teto, em torno de 3%, e de outro o governo conseguiu, nesta semana, vender títulos público no mercado global com vencimento em 2017 a uma taxa de 6,2% de juros. Então, o estado brasileiro tem condições de se financiar a taxas mais confortáveis. O BC está sempre transferindo o risco (de uma política monetária mais conservadora) para o Tesouro Nacional e para o crescimento da economia. Isso não pode mais continuar.

Como fazer isso?

Mercadante - Eu acho que não podemos permitir o crescimento do custeio na velocidade em que vem crescendo. No ano passado, por exemplo, a folha de pagamento do estado era de R$ 92 bilhões. Neste ano foi para R$ 110 bilhões e no próximo ano, já contratado, vai para R$ 120 bilhões.

Então uma saída seria conter aumentos salariais?

Mercadante - Não dá para a folha de pagamento crescer nessa velocidade. Em dois anos os gastos com folha aumentaram mais de 20%. O problema é a velocidade desse crescimento. O aumento do salário mínimo tem que ser progressivo e sustentável, mas você não consegue manter esse ritmo de recuperação. Não dá para manter esse ritmo.

Há clima para medidas impopulares?

Mercadante - Eu acho que se tivermos disposição de conter os gastos para aumentar o investimento, isso vai permitir que a taxa de juros caia rapidamente e o retorno que teremos será rápido. Se o País volta a crescer aceleradamente, vamos aumentar o emprego e aumentar a receita tributária, permitindo um aumento de programas sociais. Se algum sacrifício precisa ser feito pelo crescimento, vai valer a pena.

Qual é a diferença dessas suas idéias e o choque de gestão de Alckmin?

Mercadante - O governo anterior defendia o corte de gastos para aumentar o superávit primário (economia de recursos para o pagamento da dívida pública). Eu não acho que há necessidade de aumentar o superávit. Eu defendo o corte de gastos para aumentar a taxa de investimento.
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