Dia da Consciência Negra e Quilombo de Jaó, em Itapeva
Jornal Folha do Sul, de Itapeva
"Centenas de municípios brasileiros comemoram, no próximo dia 20, o Dia da Consciência Negra. Historiadores registram que, nesse dia, no ano de 1695, morreu Zumbi dos Palmares, o líder do Quilombo dos Palmares que se tornou símbolo de resistência à opressão.
Quilombo do Jaó
Na zona rural de Itapeva, está localizada uma das poucas comunidades quilombolas do Estado, a comunidade do Jaó. Com aproximadamente 450 pessoas, das quais quase a metade é de crianças. Homens e mulheres descendentes diretos de ancestrais africanos, trabalham na lavoura, no cultivo de feijão e milho, de onde vem todo sustento da comunidade.
Hilário, líder da comunidade que simbolizava a imagem do negro vindo da África, morreu há um mês. Dentes alvos e músculos fortes, apesar da idade, ele reclamava da falta de interesse da sociedade para com as comunidades quilombolas.
As prioridades são a perfuração de um poço artesiano no bairro, construção de moradias, cursos de profissionalização para os adolescentes e atividades de lazer.
Memória
A sede da Fazenda Pilão d’Água constitui um patrimônio histórico singular. O casarão teria sido construído no século XIX e ainda hoje guarda vestígios da escravidão em Itapeva. A fazenda, ao que tudo indica, teria sido uma importante invernada para engorda de muares e bois no tempo dos tropeiros.
Ali ainda há vestígios do trabalho escravo como muros de pedras erguidos com a mão de obra dos negros e também uma das únicas senzalas que sobreviveram ao tempo em território paulista, embora já bastante depreciada e desfigurada.
Segundo a historiadora Sílvia Correa Marques - cuja dissertação de mestrado, intitulada História e Memória do Jaó: um bairro rural de negros, resgata elementos históricos da população negra do bairro do Jaó, inclusive o passado escravo de seus ancestrais na Fazenda Pilão - aquela propriedade constava do inventário de Fortunata Maria de Camargo, em 1894.
Um de seus filhos, Honorato Carneiro de Camargo, doou parte de sua herança aos negros libertos. Os cerca de 70 alqueires - situados num local conhecido como Sítio Ponte Alta - foram doados com escritura e ali nasceu a comunidade quilombola do Jaó, que até hoje abriga dezenas de famílias descendentes daqueles pioneiros.
A despeito da importância do casarão-sede e de seu entorno como acervo para pesquisas histórico-arqueológicas, o local vem sendo continuamente impactado por intervenções aleatórias, sem nenhum cuidado preservacionista, como é o caso de terraplanagens e estradas rasgadas sobre um terreno que deveria ser estudado minuciosamente, a fim de resgatar os seus muitos segredos que os anos ainda não apagaram.
O espaço da sede da fazenda é dividido com o Centro de Tradições Tropeiras e deve, futuramente, servir de palco para o projeto Caminho das Tropas, circuito que liga Sorocaba a Viamão no Rio Grande do Sul.
Próximo ao local, o município planeja instalar, ainda, um centro de eventos com parque de exposições, pista de motocross e arena para rodeios, ou seja um conjunto de obras que pode comprometer em definitivo aquele patrimônio, caso não sejam tomadas as devidas precauções técnicas, o que preocupa pesquisadores como a professora Sílvia Correa Marques e o professor Sílvio Alberto Camargo Araújo, geógrafo e arqueólogo comprometido com políticas públicas de gestão do patrimônio histórico e arqueológico do município." LEIA MAIS NA FOLHA DO SUL
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