domingo, novembro 19, 2006

UMA EXPLICAÇÃO PARA O SUBDESENVOLVIMENTO
Elio Gaspari, Folha de São Paulo
"RAGHURAN RAJAN e o professor Luigi Zingales, da Universidade de Chicago, soltaram um estudo que dá o que pensar:
Em "A Persistência do Subdesenvolvimento: Instituições, Capital Humano ou Grupos de Interesse?" eles sustentam que a longevidade do atraso deve-se sobretudo às pressões de camadas da sociedade - ricas e pobres- que se beneficiam com o status quo.
Eles acham que atribuir o subdesenvolvimento à qualidade das instituições, ou à escolaridade de uma nação, é explicação insatisfatória.
O trabalho analisa o equilíbrio de três grupos.
Um [grupo] é o dos oligopolistas que ganham dinheiro com o status quo.
Outro é o das pessoas com escolaridade.
O terceiro, a patuléia pouco educada.
Cada um reage de foma diferente à qualificação da mão-de-obra e às reformas que estimulam a competição na economia.
Os oligopolistas querem mais educação, mas só até certo ponto.
Os educados querem mais competição, desde que a qualificação da patuléia não lhes tome oportunidades.
A turma de baixo quer educação, mas só apóia mudanças no mercado se tiver algo a ganhar e pouco a perder.
Rajan e Zingales mostram que o subdesenvolvimento não deriva da imposição da vontade de quem está em cima, mas da má configuração dos interesses de todos os interessados.
O [subdesenvolvimento] deriva de alianças malucas entre os três grupos.
Por exemplo: como o andar de cima não quer competição, desestimula a educação.
O de baixo, que quer educação, alia-se ao de cima contra as reformas que trazem competição, pois ameaçam seus empregos. O do meio, com medo da competição adere ao bloqueio da educação.
O nó está em saber quando e como se forma uma coligação dos educados e dos não educados contra o status quo. Se as mudanças que estimulam a competição vêm como um rolo compressor, o resultado é que o andar de baixo, escaldado, fica contra todas as reformas.
LEIA MAIS para entender por que os brasileiros são contra a privatização, que não passa de medo de perder empregos com a competição.
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