sexta-feira, setembro 29, 2006

ÍNDIOS DE ITAPEVA
Vamos mudar um pouco de assunto. É que quarta-feira fui ver a exposição de ferramentas e utensílios dos índios que viveram aqui em Itapeva. Coisa bonita, vale a pena ir lá no prédio da ex-quase estação de trem, perto da rodoviária!
Explico-me: é que fizeram um baita buracão na cidade para colocar trilhos de ferro, construíram dois prédios grandes para a estação, a que foi sem nunca ter sido. Pô, o trem nunca chegou! Sei lá que diabo de erro de planejamento que ocorreu com o projeto que deu em nada. Como se vê, trapalhões não existem apenas nestes tempos bicudos de mensaleiros e populistas.
Viajei, né (e de trem!). Voltando. Afinal, quero falar de índios. Estavam lá no recinto da exposição o Davi Panis, presidente do Instituto Histórico local. O Pedro Azevedo, que fez um livro dez (mil!) com fotografias caprichadas dos desenhos indígenas encontrados em paredões de pedra no município. O Sílvio Araújo, prata da casa que está terminando curso de pós-graduação na USP em arqueologia. Arqueologia de Itapeva!
O jovem Sílvio conta que dos 6 sítios com desenhos primitivos no estado de São Paulo, 4 estão em Itapeva. Que a literatura acadêmica produziu mais de 2.500 páginas sobre a arqueologia de Itapeva e região. Que a notícia do cemitério indígena da Caputera corre mundo!
Sílvio denota angustia própria de quem conhece o mapa do tesouro: o que fazer para usufruir desse fantástico patrimônio, preservá-lo, divulgá-lo, especialmente para Itapeva que a desconhece!
Brilham os olhos do Davi, o intelectual-jornalista que não se cansa de alertar para o filão que é o potencial turístico da região!
Ninguém fala, mas está ali, diante dos olhos, a “estação de trem”, querendo nos alertar sobre o perigo de entregar a coisa para pessoas erradas. Sabe como são os políticos? Consta que um mandou pintar com tinta marrom um belo machado de pedra polida, que era utilizado como escora de porta! Pode?
Sílvio continua, tem muito a falar, sabe muito. Fala dos tropeiros. Dos Bandeirantes. Tudo a ser estudado, sistematizado, preservado, divulgado. Tudo a espera de uma liderança, de um condutor, talvez de um outro Cícero Marques. Quem sabe sensibiliza a sociedade organizada, os intelectuais, os artistas, os professores.
Parece que Sílvio quer gritar: é a nossa história, seus babacas! Tão perto, tão esquecida!

O livro de Pedro (pré-história de Pedra Chata) fala da existência de índios “caçadores-coletores” que retiravam todo o sustento da natureza. Fala de índios agricultores (milho, mandioca etc). Certamente passaram a trabalhar e plantar em decorrência do rareamento das caças e frutas silvestres. Pedro compara as ferramentas e desenhos daqui com os de outros povos, de outros lugares.

Nossa trajetória é a mesma trajetória de outros povos, seja da África, da Ásia, da Europa, mesmo da América, de qualquer lugar. Diferenças, só no tempo.
Caçadores-coletores. Agricultores. Industriais. Essa é a trajetória da humanidade, guiada pelas ferramentas, pela tecnologia, pelo modo de produção.
O pessoal está de parabéns pelo livro, pela exposição, pela pesquisa de nossa história!
Parabéns mesmo!

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1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Oi Sebastiao meu nome eh Paulo,sou da capital.A varios anos procuro juntar tudo que encontro sobre a pre historia do estado.
Pretendo ir em breve a sua cidade para conhecer o museu e se possivel adiquirir os livros que voce mencionou.
O potencial turistico e grande,e urgente que os municipios acordem para aproteçao de seu patrimonio.
Rio Claro perto de Campinas possue algumas das dataçoes mais antigas do continente,sairam de la pontas de flecha belissimas,agrupadas em um museu regional por iniciativa de um professor do Campus local,nada disso existe mais o museu foi fechado,a coleçao dispersada em diversas instituiçoes e muita coisa sumiu,triste.

8:17 PM  

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