domingo, setembro 17, 2006

HISTÓRIA DAS IDÉIAS ECONÔMICAS (1)

Grécia - século 4° antes da era cristã
- a produção econômica era feita pelas famílias (e não por empresas);
- predominava a atividade agrícola;
- as famílias eram quase auto-suficientes;
- a fabricação de artigos para venda e seu comércio sistemático era marginal e recente na vida das cidades;
- mal existia mercado de mão-de-obra: predominava a escravidão;
- as tarefas manuais eram consideradas servis, próprias de escravos.

A economia de Aristóteles (384-322 a.C.)

- o filósofo olhava com desprezo para o trabalho braçal; para ele, ganhar dinheiro não era importante para a “boa vida”, para a felicidade ou sabedoria;
- somente três classes seriam elegíveis para cidadania: guerreiros, sacerdotes e governantes. Excluídos os mercadores, agricultores e artesãos;
- “No estado melhor governado...o cidadão não deve viver a existência do mecânico mercador, pois tal vida é ignóbil e inimiga da virtude. Nem deve ser agricultor, pois o lazer (dedicação ao auto-aperfeiçoamento, ao estudo e ao debate) é necessário tanto para o desabrochar da virtude, como para a execução dos deveres políticos”;

- Para ele, a escravidão era natural, necessária e vantajosa: “desde o instante do nascimento, alguns estão marcados para a sujeição e outros para o governo”;

- Adquirir riqueza através de agricultura e pecuária “é necessário e honroso”;

- Já “a arte do comércio, a prática da agiotagem, o serviço remunerado a outrem são censurados, pois não são naturais e sim um meio de os homens enriquecerem à custa uns dos outros”;

- O dinheiro era um modo conveniente de facilitar a troca. Embora a troca das utilidades diárias “não esteja incluída na arte de adquirir riquezas, não é contrária à natureza e é necessária à satisfação das necessidades naturais do homem”.

É bom lembrar que na época a Grécia era o país mais adiantado e evoluído. E que estas idéias perduraram por muitos séculos, algumas chegando até nossos dias.

No mundo de hoje, diferente, é difícil concordor com a lógica de tais idéias, não é?
Então vamos por partes. Meu avô Vitorino Garcia (1901-1993) tinha um bom sítio em Itaporanga, na divisa com Itaberá (Distrito de Turiba). Foi, provavelmente, da última geração pré-capitalista, que plantava e criava de tudo, basicamente para o consumo familiar. Nunca teve carro, ia para a cidade a cavalo, saia cedinho, voltava à tarde.

Havia um turco, o Nefi, que morava na Forquilha (bairro de Itaberá), que vendia panos e bugigangas que trazia de São Paulo. O mascate Nefi fazia toda a redondeza a cavalo, que até vergava com o peso das malas e sacos abarrotados.

Não obstante o Nefi fosse recebido com cordialidade, meu avô resmungava. É por aí que tento entender a razão de os gregos e os antigos não gostarem de mercadores, comerciantes. No caso de meu avô, além de o mascate Nefi representar certa ameaça ao desequilíbrio das finanças da família, meu avô fora treinado para produzir o suficiente, comprar o mínimo. Aliás, ele gostava de contar histórias do tempo de seu pai e avô, em cujas fazendas havia até teares de fazer roupas, cobertores etc.

Como se percebe, a mentalidade era produzir tudo, comprar o mínimo. Aí dá para entender o motivo por que os antigos não gostavam de comerciantes. A presença do comerciante, de certa forma, também revelava um certo fracasso produtivo.
No entanto, meu avô gostava de vender a produção excedente, como porcos e bois, para os comerciantes!
PS: o que provocou a mudança do sistema antigo para o atual não foi a vontade dos homens, como muitos pensam. O que provocou a mudança foi a indústria, que elevou a produtividade, e por consequência, permitiu que houvesse produção excedente. O que fazer com a produção excedente? Trocar por outros produtos excedentes. É para fazer essa troca que surge e evolui o comércio!
Comércio que é tão comum hoje, mas que não existia antigamente, porque não havia produtos excedentes antes das ferramentas desenvolvidas pela indústria!

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