sexta-feira, outubro 21, 2011

COLUNA DO SPC, NO JORNAL A GAZETA 

Tucanos e petistas
            Existem cerca de três dezenas de partidos no país, mas apenas meia dúzia deles tem reconhecida expressão nacional, os demais são meras siglas eleitorais de aluguel criadas, principalmente, para compor coligações, ceder espaço e tempo na mídia. A meia dúzia que goza de reconhecimento, alguns são notórios pelo fisiologismo, dentre os quais se destaca o velho PMDB, aluno aplicado do ex-PFL, reduto direitista, notório pela adesão aos governos a fim de tirar proveito próprio. Mas se apurarmos bem o faro vamos sentir cheiro de fisiologismo, ainda que mais fraco, em todos os partidos. E o fisiologismo anda de braços dados com a corrupção, sem a qual morreria de inanição.
            Nesse universo político-partidário descomprometido com a ética e a moralidade públicas, vamos encontrar dois partidos, PSDB e PT, que se destacam dos demais por terem alcançado a Presidência da República pelo voto popular. O PMDB não conta, pois Tancredo Neves foi eleito não pelo voto popular, mas pelo famigerado Colégio Eleitoral. Tancredo morreu antes da posse e em seu lugar entrou o recém-filiado “peemedebista” José Sarney, que era da Arena havia muitos anos, depois passara para o PDS, partidos de sustentação da ditadura militar. Na hora H Sarney pulou para o PMDB na maior cara-de-pau. O seu governo se notabilizou pelo plano econômico do Cruzado (1986), que baixou os juros bancários a taxas ínfimas em que o comércio, a indústria e os cidadãos se endividaram até o pescoço, esse sucesso da economia ajudou o PMDB, na época, a eleger a maioria dos governadores do País. No dia seguinte à eleição, porém, veio o baque: a inflação contida a ferro e fogo pelos peemedebistas, saltou dos trilhos, os juros subiram às alturas, um desastre em que centenas de empresas fecharam as portas e cidadãos se lascaram. Verdadeiro estelionato eleitoral, dizia-se na época.
            Mas voltando a vaca fria. Além da hegemonia político-eleitoral, PSDB e PT se notabilizam pela oposição entre si, um não vai com a cara do outro. Mas os petistas levam vantagem quilométrica em relação aos tucanos quando se faz comparação de postura, fidelidade, militância e liderança política, enquanto no PSDB só tem caciques, cada um isolado com meia dúzia de índios, ainda assim infiéis, o PT tem caciques, feiticeiros, pajés, índios que não acabam mais e fieis até a morte ao partido e, o que é melhor, os seus líderes não têm ciúmes nem inveja um do outro; se beijam na boca.
            Essa fidelidade petista, porém, tem preço, e alto. É o aparelhamento do Estado pela “companheirada”, acolhida nos melhores empregos, além da leniência dos líderes com os desvios de conduta de companheiros, desde que o partido leve vantagem; é uma forma de neo-fisiologismo pós-moderno. Mas que mantém a fidelidade intocada.
            O PSDB sofre a lassidão da viuvez por bobear nas campanhas presidenciais de 2002/6/10, ao “esconder” FHC, sua maior liderança, e as conquistas históricas de seu governo: plano real, estabilidade econômica, fim da inflação que corroia salários, lei de responsabilidade fiscal, “democratização” da telefonia, feudo intocável sustentado pelos cofres públicos. Hoje todo mundo pode ter telefone a preços de banana. Lembrar, também, que no período tucano houve cinco crises mundiais. Hoje pode se afirmar, sem medo de errar, que o Brasil está melhor porque o governo petista soube aproveitar a herança bendita deixada por FHC, que foi solertemente esquecido por seus confrades tucanos nas eleições e, espertamente, caluniada pelo PT. Agora, após o leite derramado e a tardia autocrítica, parece que estão reconhecendo o erro cometido. Antes tarde...
            A situação do PSDB, em nível nacional, tem sua réplica aqui na província. Os tucanos itapevenses, passado o breve período da fundação, debandaram para outros partidos, a militância remanescente ficou meio perdida, rodeando os caciquinhos locais, por isso, os tucanos nunca elegeram prefeito em Itapeva, embora os governadores do estado fossem do partido. Luiz Cavani não conta porque se elegeu pelo PT (com ajuda dos tucanos!!), e seria reeleito por qualquer outro partido, até pelo PSC.   
Agora que os líderes nacionais tucanos levaram boas surras eleitorais dos petistas, vamos ver se o PSDB pega jeito, valoriza seus líderes e faz oposição decente e atuante. Qualquer governo sem oposição é autoritarismo, é ditadura.

2 Comments:

Anonymous PC said...

"Qualquer governo sem oposição é autoritarismo, é ditadura." Concordo plenamente, já basta o governo do tucanato de 20 anos sem alternância aqui no Estado de SP que já sepultou cerca de 70 tentativas de instalação de CPI para apurar irregularidades.

3:03 PM  
Blogger Igreja Presbiteriana de Nova Campina said...

Este comentário foi removido pelo autor.

7:53 PM  

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