sexta-feira, julho 29, 2011

COLUNA DO SPC, NO JORNAL A GAZETA

Itararé acordou?
            Fiquei surpreso com a notícia publicada, neste semanário, sobre a manifestação de cidadãos itarareenses contra a realização da Festa do Peão em sua cidade. Surpreso porque não esperava que em Itararé, meu torrão natal, existisse latente esse espírito democrático de cidadãos se unirem contra o que, no entendimento de todos, se afigura como malversação de recursos públicos em prejuízo de outras prioridades do município, dentre as quais a saúde, que está em frangalhos. O grupo composto por empresários, presidente de partido, Ong, Associação Comercial e denominações religiosas tomou a iniciativa de tentar suspender, junto ao Ministério Público, a realização da festa, diante da omissão do Legislativo em que a maioria dos vereadores está subordinada ao prefeito. O mais surpreendente foi a iniciativa ter sido de um decano grande empresário itarareense que deu força e confiança ao grupo.
            Entretanto, o prefeito Cesar Peruccio não gostou nadica de nada da história e com uma canetada apagou o fogo num assopro, antes de ser chamuscado por ele. Segundo consta, o prefeito contra-atacou mandando seus fiscais fazer uma “visitinha” aos estabelecimentos comerciais dos participantes do grupo contra a festa a fim de verificar se os mesmos estavam de acordo com as posturas municipais. Foi tiro e queda. Não sobrou um único manifestante, alguns deles estão até ajudando a vender camarotes para a festa com sorteios em suas lojas. Dão a Cesar o que é de Cesar.
            Surpreendente foi a desinformação, pois qualquer advogado de porta de cadeia, se consultado, iria alertar o grupo que a iniciativa de ir ao Ministério Público seria em vão, que deviam ir falar direto com o prefeito, expor os motivos, levar um abaixo-assinado etc., mas nunca atropelar as normas jurídicas. Mas valeu a iniciativa. 
            Todavia, transparece nesse episódio o espírito autoritário do prefeito, que usou a lei para calar o protesto de um importante segmento social do município, revelando que ele usa a lei não para cumprir o seu dever, mas para atingir seus objetivos pessoais.
                                                           Bom exemplo
            Não é exagero afirmar que essa reunião de pessoas e entidades representativas da sociedade civil de Itararé, contra a festa do peão, foi exemplar e digna de ser seguida por outros municípios da região. Não só contra festas inoportunas de esbanjamento, mas contra qualquer ato que se julgue arbitrário por parte do prefeito. Apesar de não ter dado certo nesta primeira vez, devido a inexperiência, no entanto, isso não pode ser motivo para desencorajar as “forças vivas da sociedade itarareense”, porque foi um passo histórico e exemplar para a região, são iniciativas como essa, corajosa e desprendida, que é a alternativa política para o Poder Legislativo omisso, atrelado fisiologicamente a um Poder Executivo desinteressado em priorizar as necessidades da população. Itararé e seus concidadãos estão de parabéns. Deram um belo exemplo de cidadania militante.
            Em Itapeva, considerada capital da região sudoeste paulista, também conhecida como Ramal da Fome, iniciativas como essa dos itarareenses jamais aconteceu. E os vereadores de Itapeva, infelizmente, também não são nem um tiquico melhores que os de Itararé, a maioria come na mão do prefeito, aí na do Cesar, aqui na do Cavani. E o eleitor desinformado sobre o trabalho do vereador em que ele votou, repete o voto nas legislaturas seguintes, eternizando no poder vereadores medíocres e fisiológicos.
                                                           Ideia maluca
             Sabe-se da importância do Legislativo nos níveis municipal, estadual e federal, mas de uns tempos para cá essa instituição eleita pelo povo se corrompeu e a maioria de seus representantes está atrelada, vergonhosamente, ao Poder Executivo, anulando suas prerrogativas de poder fiscalizador que lhe são inerentes. Sugestão.
            Se em Itararé e Itapeva a sociedade civil, organizada, selecionasse um grupo de candidatos a vereador, qualificado, independente de status social e de partido, e patrocinasse suas candidaturas, será que não melhorava o nível político de nossas Câmaras Municipais? Que tal experimentar? Pois como está só vai piorar. Oremos.

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