domingo, junho 05, 2011

PRESIDENCIALISMO DE COALIZÃO EXIGE UM PROGRAMA MÍNIMO DE GOVERNO;  PARTILHA DE CARGOS E VERBAS É OUTRA COISA 

"A diferença entre ser e estar, ao que se interpreta, conduz aos fundamentos do "presidencialismo de coalizão", nos termos descritos pelo cientista político Sérgio Abranches em 1988, que pressupõem três momentos: a constituição pelos partidos de uma aliança eleitoral e sua união em torno de um programa mínimo; a formação do governo, a partir do preenchimento de cargos e compromissos com a plataforma política; e a transformação da aliança inicial em coalizão governativa. Ser governo, portanto, é assumir responsabilidades nesses três momentos. Sob essa perspectiva, o governo deveria amalgamar as posições programáticas dos partidos, contemplando-os na operação administrativa de acordo com a sua respectiva densidade política no Congresso Nacional e observando a identidade e as vocações de cada um. Não é, porém, o que se vê na vida administrativa. A disparidade no atendimento das demandas partidárias abre contrariedades e promove emboscadas.

As disputas por espaços se acirram sob o leque do fisiologismo, mazela histórica de nossa cultura política. Se o PMDB, por exemplo, passa a imagem de federação de partidos e de comandos regionais, com presença marcante em todos os ciclos governamentais após a ditadura de 1964, o PT luta para ser o dono da redoma, só admitindo a fórceps o compartilhamento do poder. Não arreda mão do lema "nós aqui e eles lá". Em outros termos, o Partido dos Trabalhadores quer dizer que é governo, enquanto os aliados estão apenas (de passagem) no governo. Ou seja, são convidados circunstanciais." Gaudêncio Torquato - O Estado de S.Paulo
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