segunda-feira, maio 09, 2011

As duas faces do lulopetismo

Segunda, 09 de Maio de 2011, 00h00
A.P.Quartim de Moraes, no Estadão

Num mesmo dia, 4 de maio último, os principais jornais brasileiros estamparam duas notícias distintas, aparentemente sem nenhuma relação uma com a outra, que revelam claramente o que significaram para o Brasil os oito anos de lulopetismo. A primeira: a pobreza no País caiu 50,64% entre dezembro de 2002 e dezembro de 2010, período dos dois mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva. A segunda: os quatro filhos e três netos de Lula recusavam-se até então a devolver os passaportes diplomáticos que lhes foram concedidos irregularmente nos últimos dias do governo do chefe do clã, levando o Ministério Público Federal a cogitar de recorrer à Justiça para corrigir a anomalia.

Quem se sentir chocado com a colocação dessas duas notícias num mesmo nível de importância para efeito de avaliação do governo Lula deve atentar para o seguinte: o sentido de justiça que impele os bons governantes a lutar pela diminuição das desigualdades é inspirado pelos mesmos valores humanos universais que estabelecem que não pode haver justiça enquanto houver regalias e privilégios aos quais, por definição, só poucos podem ter a oportunidade de acesso. Por mais bem-sucedido que tenha sido no combate à pobreza - e em grande medida realmente o foi -, Lula deixou a obra pela metade ao não ter tido capacidade, ou preparo, para entender que ele próprio é e continuará sendo beneficiário dos mesmos direitos e submisso aos mesmos deveres, nem mais nem menos, do mais humilde dos cidadãos que seu trabalho como presidente resgatou da pobreza. É a igualdade perante a lei, fundamento da organização de qualquer sociedade minimamente civilizada. MAIS
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