sexta-feira, fevereiro 26, 2010

Ilha presídio

De Miriam Leitão, em O Globo

Foi constrangedor ver a cena do presidente Lula e seus assessores rindo do lado dos Castros de Cuba, enquanto o governo cubano prendia os amigos de Orlando Zapata que tentavam comparecer ao enterro.

A mãe de Zapata disse que ele era torturado sistematicamente; o desespero foi tal que ele ficou 84 dias sem comer. E lá estava o nosso presidente sorrindo e brincando com os ditadores.

Tenho dito aqui que concordo com a necessidade de se apurar as torturas e mortes de opositores durante a ditadura brasileira, mas o governo fica sem moral para defender que, no Brasil, os militares que torturaram e mataram sejam punidos, se aceita se confraternizar com quem tortura e mata integrantes da oposição em Cuba.

Os detalhes da morte de Orlando Zapata Tamayo lembram os piores regimes. A casa dele, onde o corpo foi velado, ficou cercado de seguranças. Pessoas tentavam chegar perto do livro de condolências e não conseguiam. Alguns amigos dele permanecem presos só por querer ir ao enterro.

A mãe, Reina Zapata, disse que o filho era “prisioneiro de consciência” e pediu que o mundo cerre fileiras em defesa dos outros prisioneiros políticos de Cuba.

Ou o governo Lula acha normal a tortura e a morte de dissidentes, e aí tem que abonar o passado brasileiro, ou então tem que declarar sua defesa aos direitos humanos dos cubanos.

E que não se diga que isso é assunto interno dos cubanos, porque terá que dizer que a queda de Manuel Zelaya era um assunto dos hondurenhos. (Copiado do Noblat)
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