Partido do presidente começa a recolher assinaturas para referendo
Alheio às críticas de seus opositores e à rejeição de grande parte da população à sua proposta de reeleição ilimitada, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, participou ontem do ato de lançamento da campanha organizada pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) para recolher assinaturas a favor da polêmica emenda constitucional defendida por seu governo.
Terça-feira passada, o projeto foi apresentado pelo PSUV na Assembléia Nacional, onde a maioria chavista pretende dar sinal verde à iniciativa no próximo dia 18 de dezembro. Com a aprovação parlamentar, as assinaturas não seriam necessárias. No entanto, explicaram analistas locais, o Palácio Miraflores fez questão de manter de pé a campanha, na tentativa de despertar o entusiasmo dos eleitores chavistas.
- Hugo Chávez em Miraflores é garantia de paz e liberdade para todos os venezuelanos, é garantia de continuar levando adiante nosso país - declarou o presidente.
Objetivo é realizar referendo em fevereiro
Embora tenha insistido em dizer que a proposta de emenda constitucional partiu do PSUV e não do governo, Chávez assumiu, mais uma vez, o comando de uma campanha eleitoral. Nas últimas eleições regionais, realizadas em 23 de novembro passado, o presidente foi o grande protagonista do processo eleitoral, ofuscando os candidatos de seu partido. Segundo Chávez, a emenda constitucional é apenas um mecanismo "para perpetuar o povo no poder".
- Temos de limpar o horizonte político para que continuemos tendo pátria e revolução - afirmou o presidente, em ato em Caracas.
O PSUV criou 335 "pontos vermelhos", localizados em todas as praças Bolívar do país, onde foram instalados os comandos de campanha chavistas. O objetivo do governo é realizar o novo referendo em fevereiro de 2009. Depois de sofrer um duro revés nas últimas eleições regionais (a oposição passou a governar 45% da população venezuelana), Chávez disse estar disposto a governar o país muito além de 2013, quando finaliza seu mandato. Porém, se for derrotado no referendo, o presidente não poderá participar das eleições presidenciais de 2012. A data da nova consulta popular será estabelecida pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
De acordo com pesquisa divulgada ontem pela empresa de consultoria Hinterlaces, do analista Oscar Schemel, 62% dos venezuelanos consideram inconstitucional a emenda proposta pelo PSUV. |
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