terça-feira, agosto 19, 2008

O PEIXE

Patativa do Assaré

Tendo por berço o lago cristalino,
Folga o peixe, a nadar todo inocente,
Medo ou receio do porvir não sente,
Pois vive incauto do fatal destino.

Se na ponta de um fio longo e fino
A isca avista, ferra-a insconsciente,
Ficando o pobre peixe de repente,
Preso ao anzol do pescador ladino.

O camponês, também, do nosso Estado,
Ante a campanha eleitoral, coitado!
Daquele peixe tem a mesma sorte.

Antes do pleito, festa, riso e gosto,
Depois do pleito, imposto e mais imposto.
Pobre matuto do sertão do Norte.

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1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Tião, é muito bom ver no seu blog um poema de Antônio Gonçalves da Silva, grande poeta cearense, narra como poucos a vida sofrida do caboclo no agreste. Era analfabeto, mas de uma inteligência invejável, pincei esta última estrofe do poema "Aos poetas clássicos":
"Dêste jeito Deus me quis
E assim eu me sinto bem;
Me considero feliz
Sem nunca invejá quem tem
Profundo conhecimento.
Ou ligêro como o vento
Ou divagá como a lêsma,
Tudo sofre a mesma prova,
Vai batê na fria cova;
Esta vida é sempre a mesma."

2:46 PM  

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