quinta-feira, janeiro 24, 2008

CORRUPÇÃO DA NOVA ELITE

Por Demétrio Magnoli, em O Estado de S. Paulo:
(...)Raymundo Faoro, em Os Donos do Poder, descreveu o patrimonialismo tradicional, de raízes lusitanas, que ocupou lugar destacado na construção do capitalismo cartorial brasileiro. Aparentemente, a piñata lulo-petista inscreve-se na linha de continuidade dessa tradição e a nova elite política apenas reproduz a trilha seguida por tantos antecessores que ergueram lucrativas pontes entre a riqueza pública e os patrimônios privados. O fenômeno atual, contudo, tem um traço inovador, que o singulariza. No lugar da simples captura fragmentária da riqueza pública por agentes econômicos e seus intermediários políticos, desenvolve-se um movimento de conjunto pelo qual uma nova elite política, organizada como partido, transfigura o poder de Estado em instrumento de sua associação com os donos do capital.

A novidade encontra-se na natureza orgânica do processo. A corrupção da nova elite precisa de um lastro doutrinário, que funciona como solda entre as camarilhas dirigentes e uma base nem sempre passiva de militantes e simpatizantes. O movimento não exclui lucrativas operações pessoais, nem está isento de fricções internas. Mesmo assim, esses são atritos secundários, cujas ondas de choque se esterilizam no jogo de pressões e concessões da máquina partidária lulo-petista.
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