domingo, novembro 04, 2007

A artimanha do terceiro mandato
Gaudêncio Torquato, O Estado de S. Paulo

A hipótese de um terceiro mandato para o presidente Lula, que começa a ganhar vulto na esfera política e bom espaço na mídia, expressa com propriedade o estado da arte da política no Brasil, onde tomam ênfase estes aspectos: a sobreposição da agenda eleitoral à pauta governamental, bastando anotar que o governante nem concluiu o primeiro ano do segundo mandato; a inequívoca demonstração de um projeto de poder, de longo prazo, plasmado nos laboratórios de boa parte do petismo; e a inexorável tendência ao acirramento do confronto partidário, a demonstrar que a conquista do poder, a qualquer preço, suplanta qualquer tentativa de se organizar uma disputa em torno de um programa estratégico para o País.
Sob esse pano de fundo da cultura política, emerge a indagação que já anima a interlocução em diferentes espaços sociais: é viável um terceiro mandato? A resposta é sim. Ocorre que nem sempre o que é viável é conveniente. Mudar a Constituição para permanecer 12 anos no centro do poder é factível sob o prisma aritmético, mas os custos institucionais, de tão altos, deixariam o País longe dos horizontes democráticos mundiais. MAIS
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