Poucas crianças, muitos velhos
Diogo Schelp, na Veja
Diogo Schelp, na Veja
Na ordem natural da vida, cada geração deveria gerar descendentes suficientes para repor as mortes e ainda acrescentar alguns indivíduos à população. A União Européia inverteu essa lógica da natureza. De acordo com dados divulgados neste mês pelo Instituto de Política Familiar, sediado na Espanha, pela primeira vez na história o número de europeus com mais de 65 anos ultrapassou o de menores de 14 anos.
Numa sociedade de população estável, espera-se uma proporção igual de crianças, jovens e adultos, mas menor de idosos em comparação a todos os outros grupos populacionais. O que está ocorrendo é a soma de dois fatores conhecidos. O primeiro é a queda na taxa de fecundidade dos europeus. A mínima para repor as perdas naturais de uma população é de 2,1 filhos por mulher.
A média européia é de 1,37. O segundo fator é o aumento na expectativa de vida decorrente da melhoria das condições de vida e de assistência médica. Menos bebês e mais velhos é uma equação com sérias conseqüências populacionais a médio prazo. Em meados deste século, a Alemanha e a Itália terão menos habitantes que hoje. A França e a Espanha devem permanecer estáveis, mas só se continuarem a atrair imigrantes. Do ponto de vista populacional e cultural, a Europa Ocidental estará irreconhecível em duas ou três gerações.
BRASIL: DECLÍNIO POPULACIONAL EM 2050
O Brasil, que se tornou um grande pólo emigrante nas últimas duas décadas, não poderá contribuir com mão-de-obra para os países ricos por muito tempo. O número de brasileiros deve entrar em declínio em 2050, depois de atingir o pico de 260 milhões de habitantes. Hoje está em 187,2 milhões, segundo dado divulgado pelo IBGE no mês passado.
A população brasileira cresce por inércia, apesar de a taxa de fecundidade estar ligeiramente abaixo do índice de reposição e de o país enviar para fora mais gente do que recebe. "O crescimento ainda acontece porque a atual taxa de fecundidade de dois filhos se refere às brasileiras que estão nascendo agora e que serão as futuras mães", diz Fernando Albuquerque, gerente do Projeto de Dinâmica Demográfica, do IBGE, no Rio de Janeiro.
Ele completa: "Ainda há mulheres de outras gerações em idade fértil, e essas têm uma taxa de fecundidade maior, o que impulsiona o crescimento". Como o Brasil só vai enfrentar daqui a algumas décadas o problema que atualmente descabela os europeus, temos tempo para observar as soluções encontradas em outros países para o envelhecimento e o declínio populacional. LEIA MAIS
Marcadores: Demografia e planejamento familiar
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