terça-feira, maio 22, 2007

TROCA-TROCA, A MÃE DA CORRUPÇÃO
"A fisiologia, na prática, significa o seguinte: o parlamentar usa dinheiro público para fazer o seu nome junto ao eleitorado, levando supostamente uma obra qualquer para sua região. Em troca, o governo que liberou o dinheiro (repito, dinheiro público, não do governo) passa a contar, pelo menos em tese, com o voto do parlamentar ou, no mínimo, com a sua mansidão em relação a comportamentos indevidos de autoridades.
Se a obra é de fato necessária, não seria necessária a barganha fisiológica. Se não é, trata-se no mínimo de desperdício de recursos públicos, aliás muito escassos.
Esse varejo político que se fortalece governo após governo é a mãe de relações incestuosas entre o governo e os parlamentares e entre estes e o setor privado. Ao tratar com condescendência a fisiologia, o ministro da Justiça só reforça o incesto, que leva ao delito." Clóvis Rossi, na Folha
Tem mais: o deputado "traz" verbas para o município de olho nos votos para sua reeleição. Os prefeitos viraram cabos eleitorais dos deputados (de diversos partidos, uma salada). Colocam a estrutura da prefeitura para pedir voto. Os prefeitos nomeiam para funções de confiança cabos eleitorais indicados pelos deputados. Por aqui há secretários ligados (ligadíssimos) ao deputado Arlindo Chinaglia (PT), ao deputado Milton Monti (PL), entre outros.
Neste final de semana, os jornais locais mostraram uma foto do novo secretário de Esportes, o Presentes, todo sorridente, abraçado a um deputado "de sua igreja", para quem foi pedir verbas, propor parceria.
O prefeito Cavani era do PSDB, filiou-se ao PT nas vésperas da eleição, foi eleito pelo PT. Agora está em dúvida se fica no PT (verbas federais) ou se volta para o PSDB (verbas estaduais). Tem dito que precisa pensar, pesar bastante antes de decidir, para "não prejudicar o município."
Como se vê, esse troca-troca arrebenta a autonomia municipal, arrebenta a coerência dos partidos políticos.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Essa relação promíscua entre o público e o privado já começa lá nas campanhas eleitorais. Ou será que existe algum ingênuo que acredita que grandes empreiteiras financiam campanhas de políticos e depois não vão querer receber a fatura. Agora a PF faz o seu serviço, investiga, prende, oferece provas; o MP oferece a denúncia e aí as coisas começam a emperrar, o judiciário com toda a sua morosidade, as brechas que a legislação oferece, as coisas caminham para a impunidade. Agora cadê o papel da oposição neste país?
Onde estão os Agripinos Maias, Arthur Virgilios e ACMs da vida? Que por qualquer espirro do governo querem criar uma CPI, se existe uma CPI que vale a pena ser criada é esta da "Operação Navalha".
Eles temem o quê? Será que não percebem que a omissão é pior ainda para sua imagem junto ao eleitor. Se tem colegas de seu partido envolvidos, dane-se, cada um que pague pelos erros cometidos. O que não pode é esse clima de salvar a pele dos amigos e como diz Élio Gaspari: A viúva que pague a conta.
Como sempre temos pagos com nossos impostos, financiando uma mutreta atrás de outra. E acabamos como sempre, com cara de palhaços.

2:29 PM  

Postar um comentário

<< Home

Google
online
Google