quarta-feira, abril 18, 2007

As péssimas práticas de governadores petistas
Valor Econômico

Ou foi a opção preferencial pela política institucional, onde o que importa é exclusivamente o poder; ou a excessiva elasticidade para fazer alianças; ou a banalização do ilícito que, teoricamente, perpassaria a opção pelo poder institucional - ou tudo isso junto.
Independente das causas, o fato é que, ou o PT perdeu os mecanismos de controle sobre os seus filiados, ou começou a achar normal o que antes, se não era considerado ilegal, dentro do partido era tido como imoral: a nomeação de parentes; uma partilha de poder sem nenhum cuidado ético; e uma visão do Estado como extensão do particular.

Não fosse assim, alguma providência teria sido tomada, por exemplo, contra o ex-governador José Orcírio Miranda dos Santos, o Zéca do PT, que cumpriu oito anos de mandato sob acusações - provadas pelo Diário Oficial - de contratação de parentes e outras coisas mais e terminou com a "aceitação" de uma aposentadoria, aprovada pela Assembléia no apagar das luzes de seu governo.

Não houvesse ocorrido alguma mudança nos parâmetros do PT sobre o que é ilegal e ético, o consultor-geral do Pará, Carlos Botelho, escalado pela governadora Ana Júlia Carepa para defendê-la de acusações de nepotismo e favorecimento de amigos, não teria usado uma justificativa que, no mínimo, é irônica: "Isso é perfumaria", afirmou.

Em parte, ele tem razão. Carepa, que assumiu no dia 1º de janeiro deste ano, presenteou não apenas a família com cargos no governo, mas nomeou como assessoras sua cabeleireira e sua esteticista. Perfumaria, de fato: a governadora não se descuidou da maquiagem. Mas não pegou bem. As duas foram retiradas do decreto de nomeação. Não houve nenhum constrangimento, todavia, na contratação do namorado, do ex-marido, do irmão do ex-marido, da ex-mulher do ex-cunhado e de seus irmãos Luiz Roberto Vasconcelos Carepa e José Otávio de Vasconcelos Carepa. Segundo o consultor-geral do governo, "ex-marido, ex-cunhado e ex-mulher de ex-cunhado não são parentes". Namorado também não é parente. Irmão é, mas os dois foram contratados por secretários de governo, e por isso a governadora não põe na sua cota de nepotismo. ÍNTEGRA
Google
online
Google