O fim da indústria?
Claudio Haddad, no Valor Econômico: "A valorização do real e as boas perspectivas para a continuidade do superávit comercial têm levado alguns analistas a prognosticar o fim da indústria manufatureira no Brasil.
Esta perda de competitividade se dá principalmente através do câmbio. Os elevados superávits comerciais mantêm a taxa de câmbio valorizada, apesar da política de acumulação de reservas do Banco Central, desestimulando a exportação e incentivando a importação de manufaturados.
Embora a indústria não vá acabar, alguns setores e empresas continuarão sendo prejudicados. Principalmente os que produzem manufaturados padronizados, não baseados em recursos naturais, de fácil transporte e intensivos em mão-de-obra não qualificada, continuarão enfrentando concorrência cada vez mais intensa de produtos importados da China e de outros países em desenvolvimento. É também provável que, a exemplo do que está acontecendo na Europa, algumas empresas brasileiras desloquem parte de sua base produtiva para a China ou outros países do exterior, barateando seus custos. Em ambos os casos haverá redução de emprego nestes segmentos. LEIA MAIS
1-Era uma vez ... antigamente, cada fazenda (época que só existiam fazendas) produzia de tudo para seus moradores;
2-Aos poucos, cada fazenda (cada região) foi se especializando na produção de determinado produto (maior produtividade > mais vantagens comparativas);
3-Os moradores logo perceberam que a troca de tais produtos (que tinham mais facilidade em produzir) era vantajosa para todos (dispunham de mais produtos com menos trabalho);
4-O preço dos produtos reflete a quantidade de horas trabalhadas (custo de produção). Produtos que exigem menos horas de trabalho são mais baratos.
4-Surgem dinheiro e pontos de compra e venda para facilitar as trocas; nasce o mercado;
5-O mercado privilegia produtos com menor custo de produção, privilegia produtores com maior produtividade. Possibilita, portanto, a disponibilidade de mais bens com menos trabalho.
Bem, e quando as trocas são feitas com o exterior?
Aí entra outro fator: o câmbio, que bagunça o coreto, se ficar, como tem ficado, oscilando. Com dólar baixo, produtos importados levam vantagens, ou seja, produtores nacionais "perdem" vantagens comparativas, as horas trabalhadas por brasileiros ficam "caras". É dessas conseqüencias que fala a reportagem.
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