ECONOMIA DE MERCADO E A LÓGICA DA EXTORSÃO
"As economias de mercado são produtos em permanente evolução, como a linguagem e os costumes. Trata-se da maior engrenagem de inclusão social e criação de riquezas já descoberta pela humanidade. Seu bom funcionamento exige que prevaleça a lógica da prestação de serviços. É importante satisfazer o consumidor.
Pode parecer injusto que, após dez anos de estudos de música clássica, um violinista ganhe menos que um jogador de futebol, mas a resposta a esse aparente paradoxo reflete o gosto popular.
Sugiro ao leitor correr os olhos ao redor da sala em que se encontra e fazer uma reflexão. Seu relógio de pulso, suas roupas, a televisão, as cadeiras, um quadro, os livros e a própria revista que está lendo. Nada disso foi feito por você, e tudo foi comprado pelo fornecimento de apenas um serviço em que o leitor se especializou. Médico, advogado, professor, encanador, bombeiro, jornalista, economista, empregada doméstica são todos participantes do mais complexo organismo que segue evoluindo por divisão do trabalho ao longo de milênios.
O funcionamento das economias de mercado foi descoberto pelo escocês Adam Smith, no século XVIII, inaugurando o conhecimento das ciências econômicas.
O que possibilitou, por sua vez, não apenas um alucinante ritmo de acumulação de riqueza, mas a própria explosão demográfica da espécie humana, pela ruptura da maldição malthusiana [Thomas Malthus (1766-1834) dizia que a população cresceria mais rapidamente que a produção...]
E a grande novidade do século XXI é a conversão em massa de bilhões de eurasianos do comunismo para as economias de mercado em busca de inclusão social.
As economias de mercado são essencialmente mecanismos para a mobilização de recursos, instrumentos de coordenação de esforços produtivos. De um lado, temos os recursos econômicos: tecnologia, instalações industriais, mão-de-obra aperfeiçoada por educação e treinamento, organizações empresariais, instituições públicas e recursos naturais. A mobilização, a coordenação e o uso eficiente desses recursos pela lógica dos mercados produzem, por outro lado, uma fronteira de possibilidades de produção de bens e serviços.
A invasão desse espaço por uma lógica de extorsão, baseada em poder político ou pressões de grupos de interesse, interrompe o mecanismo de criação de riqueza. Derruba a capacidade produtiva do país para bem abaixo das possibilidades permitidas em uma economia de mercado, por ineficiência, capacidade ociosa ou má alocação de recursos.
É um desastre quando a extorsão começa a se tornar parte da lógica da vida em sociedade, na tentativa de usar o Estado para apropriação de fatias da renda nacional. Repare nos efeitos sociais incendiários: uma elite de servidores públicos do Poder Legislativo tenta aumentar seus vencimentos em 90%, diante da inflação de 3% ao ano, enquanto outra elite, a do Poder Judiciário, com vencimentos mensais em torno de R$ 24 mil, contesta a pretensão do Legislativo, mas reivindica para si novos aumentos e vantagens adicionais.
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