4 - Polinização Natural x Manual
Para superar o obstáculo da falta de polinização natural do maracujá que
ocorre em determinadas regiões, motivada por escassez ou inexistência de
agentes polinizadores, emprega-se, como método alternativo, a polinização
manual. Este processo, apesar das vantagens que proporciona, encarece
muito o custo de produção. A polinização é realizada com o uso de "dedeiras
de flanela", exceto no dedo mínimo, ou ainda com os dedos nus. Consiste em
deslocar lentamente os dedos nas flores, ao lado das espaldeiras de
maracujá, de um lado na ida e do outro na volta ou então em ziguezague. O
operador com as pontas dos dedos de ambas as mãos calçadas de dedeiras
ou com os dedos nus vai tocando simultaneamente duas flores abertas.
Primeiro toca-se cada uma das 3 pontas do estigma, depois, naquela mesma
flor, tocam-se as anteras para recolher mais pólen, que será passado no
estigma da próxima flor. Dedilham-se as flores por alguns segundos.
Figura 1 – Deslocamento dos dedos em ziguezague na polinização.
O rendimento da polinização artificial (manual) é de 50 a 60 flores/minuto,
utilizando-se de 2 a 3 pessoas por tarde para polinizar 1 hectare de maracujá.
Esta operação deve ser realizada depois do meio-dia, quando as flores
normalmente se abrem. O horário recomendado à polinização do
maracujazeiro-amarelo é a partir das 13 horas, quando quase todas as flores
do dia já se encontram abertas. As flores se fecham antes das 22 horas e,
uma vez fechadas, não mais se abrem.
A eficiência do método de polinização artificial do maracujazeiro com dedeiras. MAIS
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Perguntas e Respostas: Maracujá
1. Qual a faixa de temperatura e umidade mais adequadas ao cultivo do maracujá?
A faixa de temperatura entre 21 e 230C é considerada como a mais favorável ao crescimento da planta, situando-se o ótimo entre 23 e 25ºC.
Umidade relativa do ar em torno de 60% é a mais favorável ao cultivo do maracujazeiro. Deste modo, locais com umidade relativa do ar acima de 60% quando associados às chuvas favorecem o aparecimento de doenças da parte aérea do maracujazeiro, ou seja, verrugose, antracnose e bacteriose.
2. Quais as exigências do maracujá em relação à disponibilidade de água?
A demanda de água varia de 800 a 1.750mm distribuída durante o ano. Chuvas intensas no período de picos de floração, dificultam a polinização, em virtude do grão de pólen estourar em contato com a umidade e diminuem a atividade dos insetos polinizadores. Períodos secos prolongados determinam queda de folhas.
3. O maracujá é exigente quanto a luminosidade?
O maracujá cresce em condições tropicais, praticamente, durante todo o ano. Regiões que correspondem a um comprimento do dia acima de 11 horas diárias de luz apresentam as melhores condições para o florescimento. A escassez de florescimento pode ocorrer nos meses de inverno, quando os dias são mais curtos.
4. Como devem ser os solos para o cultivo do maracujá?
Os solos para o cultivo do maracujazeiro devem ser profundos (> 60 cm), bem drenados, ricos em matéria orgânica, de textura média (areno-argilosos) e com relevo plano a ligeiramente inclinado.
5. Como deve ser preparado o solos para o cultivo do maracujá?
O preparo do solo objetiva proporcionar condições físicas satisfatórias para o desenvolvimento do sistema radicular do maracujazeiro, para maior absorção de água e nutrientes. Recomenda-se uma aração de 30 cm de profundidade com posterior gradagem, iniciadas, pelo menos, um mês antes do plantio.
6. Como deve ser feita a calagem do solo?
Quando recomendada, deve ser aplicada a lanço em toda a área e incorporada, preferencialmente um a dois meses antes do plantio. Recomenda-se a aplicação de calcário dolomítico que contém Ca (25-30%CaO) e Mg (> 12 %MgO), principalmente quando do uso freqüente de adubos não contendo Mg e o solo apresentar teores inferiores a 0,4 cmolc/dm3.
7. Como deve ser feita a adubação do maracujazeiro?
Adubação Orgânica
A adubação orgânica é uma prática importante, pois exerce efeitos benéficos sobre as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo. As quantidades a serem aplicadas nas covas de plantio, principalmente em solos arenosos e de baixa fertilidade, variam de acordo com o tipo de adubo orgânico empregado, ou seja, esterco de curral (20 a 30 litros), esterco de galinha e torta de mamona (5 a 10 litros), podendo-se utilizar também outros compostos disponíveis na região ou propriedade. Se possível, aplicar anualmente a mesma quantidade de adubo orgânico em cobertura.
Adubação Mineral
As quantidades de macronutrientes recomendadas para o maracujazeiro no Brasil variam, dependendo da região, dos teores encontrados no solo, exceto N, e da produtividade esperada. As quantidades de N recomendadas para a cultura no Brasil são variáveis, com amplitude de 40 a 200 kg de N/ha. As quantidades de fósforo recomendadas para a cultura, que dependem do teor encontrado no solo, variam no Brasil de 0 a 160 kg de P2O5/ha. As quantidades de potássio recomendadas no Brasil para o maracujazeiro, que dependem do teor do nutriente no solo, variam de 0 a 420 kg de K2O/ha.
8. É necessário aplicar micronutrientes? Quanto?
Em solos arenosos e pobres em matéria orgânica podem ocorrer deficiências de micronutrientes, principalmente boro (B) e zinco (Zn). Os micronutrientes, quando deficientes, podem ser supridos via solo ou foliar. No plantio recomenda-se colocar 50 g FTE BR 12/cova ou 4 g de Zn e 1 g de B/cova. Via foliar recomenda-se três pulverizações contendo sulfato de zinco a 0,3% e três com ácido bórico a 0,1%. Nas pulverizações foliares recomenda-se adicionar cloreto de potássio a 0,3% ou uréia a 0,5% para aumentar a eficiência da absorção.
9. Como e quando adubar?
O sucesso da adubação depende tanto da quantidade adequada, quanto da época e da localização dos fertilizantes. Além disso, a aplicação dos adubos deve ocorrer em períodos com teor adequado de água no solo. Em áreas irrigadas recomenda-se realizar a irrigação após a adubação.
Em pomares em formação, colocar os adubos em uma faixa de aproximadamente 20 cm de largura ao redor do tronco e distante 10 cm, aumentando gradativamente essa distância com a idade do pomar. Em pomares adultos, aplicá-los em círculo ou faixa, sempre com largura superior a 20 cm e distante 20 a 30 cm do tronco, onde estão as raízes absorventes.
10. Quantas são as espécies de maracujá?
O gênero Passiflora é formado de 24 subgêneros e 465 espécies, sendo aquele de maior importância econômica dentre os 18 gêneros da ordem Passiflorales, família Passifloraceae, compreendendo, sob a denominação comum de maracujazeiro, as plantas que produzem o maracujá. Daquelas espécies, entre 150 e 200 são originárias do Brasil.
11. Quais são as principais espécies de maracujá?
Passiflora edulis Sims. Conhecido como maracujá roxo. Fruto púrpura quando maduro, polpa doce e aromática. Propagação por sementes ou estacas. Pode ser utilizado como anti-helmíntico.
Passiflora edulis Sims f. flavicarpa Deg. Conhecido como maracujá amarelo ou azedo. Os frutos são amarelos quando maduros. É a espécie mais cultivada.
Passiflora alata Dryand. Conhecido como maracujá doce. Frutos ovóides, amarelos ou laranja brilhantes quando maduros. Propagação por estacas e sementes. Possui propriedade anti-helmíntica.
12. Quais as formas de propagação do maracujazeiro e qual o método mais usado?
O maracujazeiro pode ser propagado por meio de sementes, estaquia e enxertia. Para as condições brasileiras, o uso de sementes é o meio de propagação mais utilizado, por ser um método barato e de fácil execução.
13. As sementes podem ser retiradas de qualquer planta de maracujazeiro? Como é feita a retirada?
Não. As sementes utilizadas devem ser retiradas de plantas vigorosas, produtivas, precoces, resistentes a doenças e pragas, originárias de frutos grandes, maduros e com grande percentagem de suco. Um aspecto importante a ser mencionado é que o fruticultor deve retirar sementes de vários frutos colhidos em diferentes plantas e não de muitos frutos de poucas plantas. Isso diminui o problema de incompatibilidade da lavoura.
Para a retirada de sementes, os frutos devem ser colhidos maduros. Com o auxílio de uma colher, as sementes são retiradas, colocadas em uma peneira e lavadas em água corrente, para retirar a mucilagem que as envolve. Logo após, deve-se formar uma camada fina de sementes sobre folhas de jornal ou sobre pano, que absorve o excesso de umidade, deixando-se secar à sombra. Também pode ser usado um despolpador, adaptado a um liqüidificador, que retira a mucilagem de maneira que não danifica as sementes.
14. Qual o método de conservação das sementes?
As sementes podem ser acondicionadas dentro de sacos plásticos, de maneira a deixar a menor quantidade de ar junto as mesmas. A seguir podem ser guardadas em geladeira doméstica com temperatura de 5-10ºC, o que se consegue colocando-se na parte inferior da geladeira. Assim as sementes podem ser acondicionadas por cerca de 1 ano, conservando sua qualidade.
15. Qual o recipiente e o substrato mais utilizados para a produção de mudas?
Em geral são usados sacos plásticos de 10cm x 25 cm ou 18 cm x 30 cm. Utiliza-se como substrato uma mistura de três partes de terra para uma de esterco de curral bem curtido, previamente tratada, a fim de obter mudas sadias. O esterco usado deve estar devidamente maturado. Quando proveniente de gado em sistema de confinamento, o esterco pode apresentar maior teor de potássio e sódio, devendo portanto, ser utilizado em menor proporção com a terra.
16. O mesmo substrato pode ser utilizado para a produção de mudas em tubetes? Qual a vantagem desse tipo de muda?
Não. Deve-se utilizar substratos leves, sem adição de terra, formados pela mistura de diversos tipos de resíduos orgânicos como turfa, vermiculita, esterco, casca de árvores e vermicomposto. Nestes casos, por ser o volume do tubete muito pequeno, a complementação mineral é necessária. As mudas produzidas em tubetes são transportadas com maior facilidade, gasta-se menos substrato, ocupa menos espaço no viveiro e utiliza menos mão-de-obra. Entretanto, a muda tem que estar bem enraizada para permitir a retirada da mesma com o substrato aderido às raízes.
17. Onde e como o viveiro deve ser construído?
Deve ser instalado em local de fácil acesso, em terreno de boa drenagem, plano ou levemente ondulado, distante de outros plantios de maracujazeiro ou estradas e próximos a fontes de água de boa qualidade. Os viveiros podem ser feitos a céu aberto, com cobertura alta (aproximadamente 2 m) ou com cobertura baixa (aproximadamente 80 cm do solo), que é ainda mais econômica e protege apenas os canteiros. Qualquer que seja a cobertura utilizada, deverá permitir que as mudas recebam 50% de radiação solar. Esta cobertura deve ser eliminada à medida que as mudas se aproximam da época de plantio, o que indica que coberturas fixas não são apropriadas.
18. Como deve ser feita a semeadura do maracujazeiro?
Os sacos são colocados em fileiras de 1,20 m de largura, e comprimento máximo de 20 m, com uma cobertura de palha a 2,0 m de altura. A disposição dos sacos deve ser feita na orientação norte-sul para facilitar a ventilação e propiciar uma luminosidade uniforme. O espaço entre as fileiras é de 0,50 m para facilitar a movimentação do operário na manutenção do viveiro. Em cada saco plástico colocam-se de 3 a 6 sementes, a 1 cm de profundidade, cobrindo-se com uma leve camada de terra. Para formação de 1000 mudas são necessários 130g de sementes.
19. Quais as práticas culturais empregadas na produção de mudas do maracujazeiro?
Desbaste no viveiro, controle fitossanitário, irrigação, seleção de mudas, adubação e plantio em campo.
20. Os plantios de maracujazeiro podem ser realizados em qualquer época do ano?
O plantio das mudas no campo deve ser efetuado quando as mesmas estiverem com 15 a 25 cm ou até 30cm de altura, o que pode ocorrer de 45 a 70 dias após a semeadura. Nessa ocasião tem início a emissão das gavinhas. Sob condições de irrigação os plantios de maracujazeiro podem ser feitos em qualquer época. Sem irrigação, as mudas devem ser levadas para campo no início das chuvas e plantadas em dias nublados ou chuvosos.
21. Qual o espaçamento mais recomendado para o maracujazeiro?
O espaçamento mais recomendado é de 2,5 m entre fileiras e 5m entre plantas . Tratando-se de cultura mecanizada, o espaçamento pode ser de 3,5m entre fileiras de plantas.
22. O maracujazeiro pode ser consorciado com culturas de ciclo curto?
Sim. Pode ser consorciado com milho, feijão e leguminosas para adubação verde. Não deve ser consorciado com cucurbitáceas pois essas plantas são hospedeiras dos pulgões, que transmitem o vírus do endurecimento dos frutos
23. Como deve ser feito o controle das plantas daninhas no pomar de maracujazeiro?
A melhor prática tem sido a eliminação das plantas daninhas nas linhas de plantio por meio de capinas manuais e, nas entrelinhas com o uso de roçadeira. Nas faixas paralelas às linhas de plantio, durante a colheita, o controle deve ser bem feito, uma vez que os frutos são colhidos no chão. A capina por meio de implementos mecânicos, feita próxima à planta (menos de 1 m de distância), não é recomendável em função dos danos causados às raízes, uma vez que estas se concentram na sua maioria na faixa de 15 a 45cm de distância do caule. Não existem herbicidas registrados para a cultura até o momento.
24. Quais os sistemas de condução mais utilizados para o maracujazeiro?
Os sistemas mais utilizados são: latada ou caramanchão, espaldeira vertical, em T e em cruz. A espaldeira vertical ou cerca pode ser feita com mourões e estacas com 2,5 m de comprimento, espaçados de 4 a 6m com 1, 2 ou 3 fios de arame liso número 12, sendo que o superior deve ficar a 2,0m do solo e os demais espaçados entre si de 40 cm. Para que os postes fiquem firmes e possam suportar todo o peso da massa vegetativa, devem ser enterrados 50cm.
25. Em que consiste a poda de formação do maracujazeiro?
Cerca de 15 dias após o plantio inicia-se a operação de poda de formação, eliminando-se todos os brotos laterais, deixando-se apenas o ramo mais vigoroso, que será conduzido por um tutor até o fio de arame. Quando a planta ultrapassar o arame (cerca de 10 cm) deve-se eliminar o broto terminal para forçar a emissão de brotos laterais que serão conduzidos para os dois lados do arame. Posteriormente estes brotos deverão ser despontados a fim de forçar o desenvolvimento das gemas laterais que formarão os ramos produtivos. As ramificações que surgem dos dois ramos laterais em direção ao solo devem ficar livres para facilitar o arejamento e a penetração de luz, fatores muito importantes no processo produtivo e na diminuição do ataque de pragas e doenças.
26. Em que consiste a poda de renovação do maracujazeiro?
Devido aos diversos fatores que afetam a fisiologia da planta do maracujazeiro a exemplo do movimento de fotoassimilados e das relações fonte-dreno não estarem devidamente estudadas, os resultados de trabalhos abordando a poda de renovação são contraditórios.
Por outro lado, devido ao crescimento contínuo e indeterminado do maracujazeiro a poda de renovação é uma prática necessária. Assim, para que a poda de renovação obtenha sucesso, é necessário que:
a) a planta esteja em início de atividade vegetativa;
b) a planta esteja no início da brotação:
c) o plantio tenha sido bem conduzido na estação anterior, com boas adubações e apresentar boa sanidade;
d) a temperatura média esteja a 200C - 250C, o que posssibilita a translocação das auxinas que promoverão as novas brotações;
e) o solo tenha água disponível para promover o crescimento.
27. A polinização é uma prática importante na produção do maracujazeiro?
Sim. A polinização é um dos aspectos importantes a ser observado para se produzir maracujá contribuindo para se obter boa produtividade, frutos maiores e mais pesados. A polinização só ocorre em flores com estigmas parcial ou totalmente curvos.
28. Quais são os agentes polinizadores do maracujazeiro?
Os agentes polinizadores que têm se mostrado mais eficientes são as mamangavas, abelhas do gênero Xylocopa que, devido ao seu grande porte, ao visitarem a flor do maracujazeiro, encostam seu dorso nos estames onde estão os grãos de pólen, fazendo a retirada dos mesmos e levando-os para o estigma, efetuando desta maneira a polinização. O maracujazeiro apresenta alto insucesso na polinização pelo vento, devido ao grande peso e a viscosidade do grão de pólen.
29. Pode ser feita a polinização artificial do maracujazeiro?
Sim. A polinização feita pelo homem é mais eficiente do que aquela realizada pelo inseto, constatando-se um pegamento de frutos de mais de 50%, quando com insetos consegue-se algo em torno de 30%. Assim, o agricultor deve, em conhecendo as suas condições, optar ou não pela ajuda do homem nessa tarefa.
A polinização artificial deve ser realizada no período da tarde, haja visto que as flores do maracujá amarelo abrem-se num período que vai das 12:30 às 15:00 horas, permanecendo abertas até às 18:00 horas. Duas a três pessoas podem efetuar a polinização de flores em um hectare por tarde ou cerca de 50 a 60 flores por minuto.
30. Quais são as principais pragas do maracujazeiro?
Lagartas (Dione juno juno e Agraulis vanillae vanillae)
Percevejos (Diactor bilineatus, Holhymenia clavigera e H. histrio)
Besouros (Philonis passiflorae, P. obesus e Ciclocephala melanocephala)
Moscas (Anastrepha spp., Ceratitis capitata, Protearomyia sp. e Silba pendula)
31. Como controlar as lagartas?
Em áreas pequenas, recomenda-se a catação e eliminação de ovos e lagartas. Entretanto, em áreas extensas, tal medida pode tornar-se dispendiosa e ineficaz, havendo necessidade da utilização de inseticidas
32. Como controlar os percevejos?
Em algumas situações, embora os percevejos estejam presentes, podem não causar prejuízos, em virtude da presença de inimigos naturais que mantêm-nos em baixa população. Em pequenas áreas, recomenda-se a catação das posturas, ninfas e adultos. Os produtos recomendados para o controle dos percevejos basicamente são os mesmos para lagartas.
33. Como controlar as moscas?
A catação e enterrio de frutos atacados auxilia na redução populacional das moscas-das-frutas. Mais interessante, contudo, seria a colocação desses frutos em valas cobertas com tela fina, para possibilitar a saída dos inimigos naturais que completaram o seu desenvolvimento. Recomenda-se também, se possível, a instalação do pomar em local afastado de plantas hospedeiras. Quanto ao controle químico, utiliza-se isca tóxica, aplicada de 15 em 15 dias, apenas de um lado das plantas e de maneira descontínua. A isca é composta por 5 kg de melaço ou açúcar mascavo ou 500 ml de proteína hidrolisada e inseticida em 100 l de água.
Para o controle da mosca-do-botão-floral, têm-se utilizado iscas tóxicas à base de fenthion, melaço e água em 20% da lavoura, no início dos picos de florescimento, normalmente em três aplicações espaçadas de 8 a 10 dias, além do enterrio de botões florais atacados e da utilização de plantas armadilhas, como a pimenta doce.
34. A abelha melífera é uma praga para o maracujá?
As abelhas domésticas (Apis mellifera), em algumas regiões, causam prejuízos significativos à produção, merecendo maior atenção do que todas as pragas já mencionadas. A abelha melífera carrega o pólen das flores antes da chegada das mamangavas (Xylocopa spp.), prejudicando a polinização. No entanto, como é uma espécie benéfica, não se justifica a destruição dos ninhos. Preferencialmente, o pomar de maracujazeiros e a atividade apícola devem estar a uma distância segura um do outro.
35. Quais são os principais ácaros que atacam o maracujazeiro?
- Ácaro plano - Brevipalpus phoenicis
- Ácaro branco - Polyphagotarsonemus latus
- Ácaros Vermelhos - Tetranychus mexicanus e T. desertorum
36. Como controlá-los?
A redução da população desses ácaros pode ser realizada com controle biológico natural pela presença de inimigos naturais, destacando-se ácaros predadores conhecidos como fitoseídeos. Para a cultura do maracujá atualmente não existem produtos químicos registrados pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) para o controle de ácaros. Algumas referências existentes na literatura quanto ao uso de acaricidas em maracujazeiro são baseadas em resultados experimentais.
37. Nematóides são problema para a cultura do maracujá?
Diversos nematóides têm sido encontrados atacando o sistema radicular do maracujazeiro, reduzindo o crescimento das plantas e afetando a produção. Entre estes, podemos citar os formadores das galhas (Meloidogyne spp.), o nematóide reniforme (Rotylenchulus reniformis), o nematóide da lesão radicular (Pratylenchus sp.) e os nematóides espiralados (Scutellonema sp. e Helicotylenchus sp.). Entretanto, somente R. reniformis, M. incognita, M. arenaria e M. javanica são consideradas as espécies de maior importância econômica.
38. Como controlá-los?
Em condições de viveiro o tratamento do solo (fumigação) é prática essencial para produção de mudas sadias. A água de irrigação utilizada deve ser de boa procedência, preferencialmente de poços artesianos e não de água represada em baixadas que são altamente infestadas por nematóides. Em culturas estabelecidas, torna-se mais difícil o controle, mesmo porque há poucas informações sobre a eficiência e economicidade de nematicidas aplicados em maracujazeiro.
39. Existem produtos químicos registrados para o controle de doenças do maracujá?
No caso do maracujazeiro, não existem, atualmente, produtos registrados pelo Ministério da Agricultura que permitam o controle adequado de todas as pragas e doenças que afetam esta cultura.
40. Qual a principal doença em viveiros e qual o seu controle?
Tombamento ou mela. Essa doença é particularmente severa sob condições de umidade excessiva, causando um rápido encharcamento dos tecidos tenros da planta ao nível do solo, que entram em colapso, provocando a murcha das folhas, o tombamento e a morte das plantas. O excesso de água e sombreamento na sementeira e o uso de solo já contaminado e sem tratamento favorecem o aparecimento da doença.
O controle se faz com o manejo correto da sementeira. Em períodos de alta umidade e em regiões com histórico da doença, a rega deve ser feita de maneira que não deixe o solo muito encharcado, assim como a cobertura de proteção ao sol deve ser retirada periodicamente, nas horas mais sombrias do dia. Os vasos de plantio não devem ser colocados diretamente sobre o solo e o espaçamento entre eles deve ser maior do que o recomendado normalmente.
41. Quais as principais doenças em plantios?
Causadas por Fungos: Antracnose; Verrugose; Septoriose; Podridão do Colo; Fusariose;
Causadas por Bactérias: Crestamento bacteriano, causado por Xanthomonas campestris pv. passiflorae. Murcha bacteriana, causada por Ralstonia solanacearum.
Causadas por Vírus: Endurecimento dos Frutos; Mosaico do Pepino; Mosaico Amarelo; Clareamento das Nervuras; Enfezamento; Pinta Verde/Definhamento Precoce.
42. Como o crestamento bacteriano pode ser controlado?
O melhor controle é obtido através da utilização de produtos à base de cobre, aplicados no início do aparecimento dos sintomas e em horários não muito quentes do dia. As aplicações podem ser alternadas com produtos bactericidas.
43. Como as viroses podem ser controladas?
Para o controle das viroses são recomendadas medidas de controle preventivo: evitar o plantio em áreas com histórico de ocorrência da doença; formar mudas em áreas distantes de plantios afetados; manter o pomar limpo de plantas invasoras, possíveis hospedeiras de viroses e vetores e erradicar as plantas afetadas. O controle da pinta verde tem sido realizado através de pulverizações com acaricidas.
44. Qual a época de colheita do maracujá?
O período até o início da colheita do maracujá, varia de 6 a 9 meses após o plantio definitivo no primeiro ano, a depender da região e suas condições climáticas. Plantios efetuados nos meses mais próximos do verão, permitem início de colheita mais precoce (6 meses) enquanto que, nos meses mais frios a colheita é mais tardia. O maracujazeiro tem longo período de safra, variável de oito meses no Sudeste (dez meses no Nordeste) até doze meses no Norte.
45. Como é feita a colheita do maracujá?
É característica dos frutos de maracujá amarelo caírem ao chão quando maduros, deste modo o ponto de colheita é determinado pela coleta dos frutos no chão. Antes da colheita recomenda-se efetuar uma passagem entre as filas e derrubar os frutos maduros que não caíram ou que estejam presos entre os ramos das plantas.
46. Qual o rendimento da colheita do maracujá?
O rendimento da cultura depende de fatores como o clima, solo, espaçamento, tratos culturais, adubação e controle fitossanitário. Pode-se estimar em termos médios, num plantio bem conduzido um rendimento de até 45 t de fruta/ha/ano. A média nacional está estimada em torno de 10t/ha/ano devido a baixa tecnologia empregada pela maioria dos produtores.
47. Qual a composição dos frutos de maracujá?
O maracujá é uma fruta de aroma e acidez acentuados. O pH do suco de maracujá varia de 2,8 a 3,3, a acidez de 2,9 a 5,0%, os sólidos solúveis de 12,5 a 18,0%, os açúcares totais de 8,3 a 11,6%, os açúcares redutores de 5,0 a 9,2%, o ácido ascórbico de 7,0 a 20,0 mg/100g, a niacina de 1,5 a 2,2 mg/100g e o potássio de 140,0 a 278mg/100g.
48. Quais os produtos que podem ser obtidos com frutos de maracujá?
Suco Simples e Concentrado; Suco em Pó; Néctar; Licor; Vinho de Maracujá e Geléia.
49. Quais são os principais produtores e consumidores de maracujá no mundo?
Brasil, Colômbia, Peru e Equador, tradicionalmente são os países considerados como principais produtores de maracujá. O mercado internacional de suco concentrado e polpa de maracujá é dominado pelo Equador, Colômbia e Peru. Esses países aparecem como grandes exportadores. Os principais países importadores de suco e polpa de maracujá são a Alemanha e a Holanda. No tocante ao mercado de fruto in natura, os países africanos são os maiores produtores dos frutos de cor roxa e os países sul-americanos os maiores produtores dos frutos de cor amarela. Os principais países importadores são o Reino Unido, a França e a Bélgica. O Brasil é o principal produtor e consumidor mundial de maracujá.
50. Quanto se ganha plantando maracujá?
Tomando por base o preço médio recebido pelos produtores de R$ 0,35/kg, estima-se que um hectare de maracujá gera uma receita bruta de R$ 10.500,00. No cálculo da receita está sendo considerado o rendimento médio de 10 e 20 toneladas, respectivamente, no primeiro e segundo ano. Com esses níveis de rendimento médio, o custo por quilo de maracujá, considerando-se todo o ciclo de cultivo do pomar, ou seja, dois anos, é equivalente a R$ 0,14.
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Biologia Floral e Reprodução de Passiflora
Existem diversos aspectos da planta que influenciam na sua polinização.
A biologia floral do maracujá-amarelo foi abordada por vários autores, entre eles Akamine & Girolami (1959), Corbet & Willmer (1980) e Ruggiero (1980, 1987). Os diversos aspectos estudados incluem morfologia da flor, sistema reprodutivo, horário de antese, viabilidade dos grãos de pólen e germinação, receptividade estigmática e curvatura do estigma, produção de néctar e concentração de açúcares. O sistema de auto-incompatibilidade foi investigado mais recentemente por Rego et al. (2000) e Suassuna et al. (2003).
No caso das espécies avaliadas de Passiflora, têm influência o movimento das peças florais durante o dia e o número de estigmas polinizados (dos três que a flor possui). O estudo da biologia floral permite determinar outras características básicas que afetam diretamente a polinização, tais como:
- a época de floração (fenologia);
- a quantidade de recompensa ofertada ao polinizador; no caso de Passiflora, principalmente o néctar;
- o período em que o estigma da flor é receptivo ao pólen;
- o tempo de viabilidade do pólen, ou seja, sua "vida útil" para polinização após ser coletado da planta;
Com a análise da morfologia da flor, é possível determinar também qual o polinizador ideal da planta.
Fenologia
Segundo Camillo (1), o maracujá-amarelo, Passiflora edulis f. flavicarpa forma flores e frutos durante o ano todo. Isto significa que uma boa produtividade está associada à existência de polinizadores em quantidade suficiente durante todo este período, já que a planta não é capaz de formar frutos sem a polinização cruzada, como foi verificado por diversos autores. O comportamento da formação de botões florais, flores, frutos e crescimento vegetativo ao longo de um ano de observação encontra-se ilustrado nos gráficos. Observou-se o pico de formação de estruturas reprodutivas em P. edulis f. flavicarpa ocorreu entre fevereiro e abril. A florada inicia no final de novembro e se estende até o final de maio. Para P. alata, a florada se estendeu ao longo de todo o ano, com o pico da formação de botões ocorreu nos meses mais quentes do ano, mas as quantidades de flores formadas foi relativamente constante ao longo do período.O maracujá-azedo (P. edulis f. flavicarpa) é uma planta de dias longos, ou seja, nas regiões mais próximas do Equador apresenta produz praticamente durante o ano todo. Nas regiões mais distantes ou subtropicais, existem picos mais distintos entre as floradas. Isto justifica em parte as grandes diferenças de produção entre os estados brasileiros, em que o Pará produz durante 12 meses, e Santa Catarina, durante apenas 6 a 7 (1').
Morfologia e Morfometria das Flores
As flores de Passiflora edulis f. flavicarpa e de P. alata são grandes, coloridas, com odor forte e secreção abundante de néctar. Durante a antese, ficam voltadas para cima e posicionadas acima da folhagem, facilitando a localização e acesso pelos polinizadores. Abrem durante o dia e apresentam uma corona aberta, além das pétalas, que servem como plataforma de pouso para insetos visitantes. Estas características permitem identificar nas flores a síndrome melitófila.
P. alata possui a maioria das suas estruturas florais com dimensões maiores em relação à P. edulis, excetuando-se pedúnculo, filetes, anteras e estigmas.
Média avaliada das medidas das peças florais | ||
Peça floral | P. alata | P. edulis |
Pedúnculo comp. | 1,780 cm | 3,274 cm |
Bráctea comp. | 2,864 cm | 2,564 cm |
Bráctea larg. | 1,701 cm | 1,848 cm |
Sépala comp. | 4,240 cm | 3,820 cm |
Sépala larg. | 2,152 cm | 1,353 cm |
Pétala comp. | 4,948 cm | 3,770 cm |
Pétala larg. | 1,822 cm | 1,034 cm |
Fímbria comp. | 4,021 cm | 3,222 cm |
Androginóforo | 1,381 cm | 1,250 cm |
Filete comp. | 0,870 cm | 1,140 cm |
Antera comp. | 1,252 cm | 1,384 cm |
Antera larg. | 0,741 cm | 0,540 cm |
Ovário comp. | 1,346 cm | 0,750 cm |
Ovário larg. | 0,728 cm | 0,520 cm |
Estilete comp. | 0,830 cm | 1,404 cm |
Estigma comp. | 0,544 cm | 0,434 cm |
Estigma larg. | 0,754 cm | 0,650 cm |
Para que o visitante colete pólen e seja um polinizador efetivo, é necessário que ele tenha porte suficiente para que, quando se direcionar para a câmara nectarífera em busca da solução açucarada, entrem em contato com as anteras e, posteriormente, com os estigmas curvados para baixo.
Movimento das Peças Florais
O deslocamento das estruturas reprodutivas durante a antese é uma característica do gênero Passiflora (Endress, 1994) , sendo que para que os polinizadores entrem em contato com os estigmas e depositem neles o pólen, é necessário que os estiletes tenham sofrido flexão normal.
A intensidade de odor liberado pelas flores aumenta à medida que ocorre a abertura das peças florais. Parece haver uma correlação direta entre a flexão das anteras e estigmas e isto também é percebido quanto à movimentação de pétalas e sépalas. A corona apresenta movimentação mais lenta em relação à pétalas e sépalas.
As flores de P. edulis f. flavicarpa se abrem no início da tarde, por volta das 13-14h. De acordo com a literatura, este período pode variar abertura das flores inicia-se ao meio-dia, dependendo das condições climáticas, com a antese prolongando-se até as 22:00-24:00 (Corbet & Willmer, 1980; Sazima & Sazima, 1989). Dentro de meia a uma hora, a corona, as pétalas e as sépalas já encontram-se perpendiculares ao eixo principal da flor. Depois da abertura da flor (antese), as tecas das anteras podem levar até duas horas para se abrirem eo pólen poder ser efetivamente coletado. Em paralelo, os estiletes começam a se flexionar cerca de 20 minutos após a abertura da flor. Existem, no entanto, flores em que os estiletes se curvam pouco ou simplesmente não se curvam, comportamento descrito em detalhe inicialmente por Ruggiero (2). Assim, há flores com estiletes totalmente curvos, parcialmente curvos (oblíquos em relação ao eixo do androginóforo) e sem curvatura.
[fotografia da curvatura dos estiletes]
As flores de Passiflora alata se abrem por volta das 6h da manhã. Diferentemente do que ocorre no maracujá-azedo, embora a corona se encontre perpendicular ao eixo principal da flor, as pétalas e sépalas permanecem oblíquas. Dentro de três horas todas as tecas das anteras já encontram-se abertas, mas estas ficam perpendiculares ao eixo da flor apenas por volta das 14h. A deflexão dos estiletes também é observada, sendo que por volta do meio-dia estes se encontram em posição fletida.
Clique para ver o movimento das peças florais em Plants In Motion (link externo).
Receptividade dos Estigmas
Os testes de receptividade do estigma pela catalase revelaram que Passiflora alata e P. edulis f. flavicarpa apresentam seus estigmas receptivos durante o período diurno da antese estando eles deflexionados ou não, o que também foi verificado para P. alata por Varassin (3). Isto significa que potencialmente a flor pode ser polinizada durante todo este período.
Viabilidade do Pólen
Em P. edulis f. flavicarpa o grão de pólen perde progressivamente sua viabilidade a partir de 4 horas após a antese, o que está de acordo com o fato da flor ser efêmera. Estudos realizados por Bruckner et al. (4) indicaram que o pólen tem maior viabilidade em condições ambientais (temperatura ambiente), ou seja, se o grão de pólen é submetido a diferentes condições de armazenamento, sendo estas artificiais, como congelamento ou manutenção em estufas com temperaturas constantes, a porcentagem de grãos capazes de germinar ainda descresce rapidamente com o tempo de armazenamento. Sendo assim, a polinização realizada pela mamangava pode ser mais eficiente, pois, quanto o grão de pólen é aderido ao corpo da abelha, este ficará "armazenado"em condições naturais, perdendo sua viabilidade de modo natural. Em P. alata o tempo de viabilidade do pólen é maior quando comparada à espécie P.edulis f . flavicarpa, perdendo sua qualidade 10 horas após a antese.
Souza et al. (5) atribuíram a queda na taxa de frutificação ao longo do dia à queda da receptividade estigmática, e não à queda de viabilidade polínica, determinando características dos frutos em P. edulis f. flavicarpa, sendo que encontraram viabilidade polínica superior a 75% mesmo 24h após a antese (Souza et al., 2002)
Secreção de Néctar e Atratividade da Flor
O néctar, em Passiflora, é secretado por glândulas que se localizam numa câmara nectarífera no interior da flor. Desta maneira, o visitante que busca a secreção e possui porte suficiente para polinização precisa entrar em contato com as anteras e os estigmas, o que ocorre na parte dorsal do tórax das mamangavas.
O nectário armazena grande quantidade de grãos de amido e a secreção de néctar é provavelmente associada à hidrólise de amido, durante a antese ou imediatamente antes dela (Durkee et al., 1981; Varassin, 1996). Desta forma, em Passiflora parece haver uma modulação da secreção de néctar ao período de atividade dos polinizadores.
A variação da produção de néctar pode afetar a visitação das flores pelos polinizadores (Rathcke, 1992, Heinrich & Raven, 1972, Varassin et al., 2001). A contínua secreção de néctar durante o período da antese permite que a flor tenha recursos disponíveis para os polinizadores durante toda a antese. A temperatura e a umidade relativa do ar podem influenciar o volume e a concentração de néctar (8), e foi observado o aumento na secreção de néctar relacionado ao aumento na temperatura. Em dias mais quentes, o número de visitantes florais é maior e, conseqüentemente a planta estaria disponibilizando maior volume de recurso para os seus polinizadores, inibindo de certa forma a competição inter-específica. Em relação à secreção de néctar em P. alata, foi constatado que existe uma relação positiva entre temperatura, período da antese e o volume e concentração de solutos no néctar. A umidade relativa não influenciou a secreção de néctar.
Em P. edulis f. flavicarpa o volume de néctar secretado aumenta ao longo da antese, embora a concentração de néctar não apresente variação. Em P. alata, foi observado um aumento no volume acumulado e na concentração de solutos de néctar ao longo do tempo de antese, e com o aumento progressivo da temperatura, mas não com relação aos níveis de umidade relativa.
Polinização e Formação de Frutos
A polinização da flor do maracujá é o fator determinante para formação dos frutos. A planta não é capaz de formar frutos sem que isto ocorra (9), como a maioria das plantas tropicais, e apresenta diversas características que previnem a sua auto-fecundação, como a auto-incompatibilidade, o que torna obrigatória a ocorrência de polinização cruzada.
Foi observado em testes que, tanto em P. edulis f. flavicarpa quanto em P. alata, quanto mais estigmas forem polinizados, maior a probabilidade de que a flor se torne um fruto. Foi observado que quando os três estigmas são polinizados, sempre ocorre frutificação (100%). No entanto, o número de estigmas polinizados não influiu no tamanho dos frutos.
Ver também:
- Polinização cruzada em Passiflora
- Relação entre quantidade e diversidade polínica e frutificação
- Polinizadores
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Floração/Polinização/Frutificação:
A flor do maracujá tem 5 estames e três estigmas em plano superior aos estames o que dificulta a polinização; a autofecundação é rara (autoincompatibilidade) e produz frutos menores com poucas sementes, A polinização predominante é feita por insetos (mamangavas) com pólen de outra flor (polinização cruzada). A produção de flores sempre se da em ramos novos do ano que favorece podas). Em regiões quentes (Bahia) não há paralização de emissão de flores no inverno. As flores (maracujá amarelo) abrem-se depois das 12 horas e fecham-se em torno das 18 horas e maracujá-doce entre 5 horas e 18 horas. O mais importante agente polinizador é a mamangava (abelha grande cor preta e amarela) insetos não sociais, com ninhos na madeira mole; a preservação da mamangava e incremento da sua população é feito pela construção de abrigos usando tocos secos de bambu e pelo plantio de plantas que produzem flores atrativas como hibriscus, corriola (Ipomoea) e cássia (Cássia sp).
Paralelamente os defensivos agrícolas só devem ser aplicados cedo, pela manhã. Em áreas acima de dez hectares recomenda-se a polinização artificial; o homem utiliza-se de dedeiras de flanela para a polinização nas épocas de maior floração em um dos lados da fileira de maracujazeiro (plantio orientado, sentido norte-sul) entre as 13 e 15 horas.
Irrigações via aspersão e pivot central devem ser feitas pela manhã ou final da tarde ou a noite; em períodos de chuvas intensa espera-se redução no índice da frutificação.
O rendimento da polinização artificial é de 50 flores por minuto, 2 a 3 pessoas polinizam 1 hectare por tarde. Obtêm-se valores de 60-80% de rendimento (frutificações). Deve-se efetuar a polinização cruzada desde o inicio da floração (e não concentra-la nos picos da florada) e saber que a flor do maracujá amarelo permanece disponível por 4 horas para a polinização. A safra dura 10 meses no Nordeste.
Após a abertura da flor o fruto alcança máximo desenvolvimento no 18º dia, maturação completa no 80º dia e ponto de colheita entre 50º e 60º dia (máximo de peso, maior índice em Brix). Plantas eleitas para colheita de frutos para sementes devem ter flores com alta percentagem de estiletes curvos (flores TC). FONTE
Marcadores: SÍTIO MARACUJÁ
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