Por que a classe média brasileira parou de crescer?
"É difícil apontar apenas uma causa em um país onde o Estado obriga o cidadão de classe média a trabalhar quase cinco meses do ano apenas para pagar os impostos e onde a burocracia reprime o impulso empreendedor da população.
Os números compilados por VEJA mostram uma relação simbiótica entre o crescimento da classe média e o do PIB dos países.
Quem puxa quem? O PIB cresce porque a classe média avança ou a classe média avança porque o PIB cresce?
O paradoxo não se resolve facilmente. No decorrer das duas últimas décadas, o Brasil teve um aumento médio no crescimento do PIB de apenas 2,3% ao ano. Descontando-se o crescimento vegetativo da população, o avanço da riqueza per capita foi de insignificante 1% ao ano. Curiosamente, a classe média passou de 20% a 21% da população – um aumento relativo de 5%.
Entre 1930 e 1980, quando a economia brasileira causava inveja ao mundo, a riqueza per capita expandiu-se em média 4% ao ano.
Foi justamente no auge desse período, na industrialização e urbanização do fim dos anos 50, que a classe média brasileira ganhou músculos.
Os números não são suficientes para resolver o paradoxo de quem é vagão e quem é locomotiva. São claros o bastante, porém, para mostrar que o fenômeno de criação de riqueza nacional anda de braços dados com a multiplicação da classe média." VALE A PENA LER: HÁ DADOS E GRÁFICOS
Gostemos ou não, a experiência mundial mostra que a partir do momento em que um país começa a se industrializar (como o Brasil no século passado), aumenta a produção e a renda. A renda vai sendo apropriada primeiramente pelos envolvidos no processo.
Embora não desejada, a desigualdade entre os que ganham mais e os que ganham menos, é inevitável no processo (por carência de investimento em novas "fábricas").
Daí o cuidado na leitura de estatísticas de igualdade, como o índice de Gini.
1) Se todos são pobres - e ganham 10 - o indicador vai dizer que o país é igual.
2) Se todos são ricos - e ganham 1.000 - idem: igual.
3) Se uns ganham 1.000 (incluídos) e outros ganham 10 (excluídos) - fato comum em países em desenvolvimento - o índice vai dizer que o país é desigual.
A "igualdade" pode ocorrer tanto na pobreza como na riqueza.
A "desigualdade" em queda pode sinalizar: a) que os pobres estão ganhando mais ou b) que os ricos estão ganhando menos.
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