Adeus à classe média
Marcio Pochmann, Valor Econômico
"No Brasil, o adensamento da classe média brasileira resulta do ciclo de industrialização e urbanização vigente entre as décadas de 1930 e 1970.
Antes disso, o modo de ser da classe média, representado pela combinação entre elevado nível educacional, consumo conspícuo e emprego intermediário na estrutura ocupacional, era privilégio de somente um a cada 10 brasileiros.
A partir da vontade da Revolução de 30 de fazer o Brasil grande por meio do desenvolvimento do seu mercado interno, o rápido e sustentado crescimento econômico tornou possível a expansão do assalariamento formal, inclusive nos postos de trabalho de intermediárias da estrutura ocupacional de empresas públicas e privadas.
Em menos de meio século, o patamar da classe média passou a ser de três a cada 10 brasileiros.
Diante da significativa mudança na estratificação sócio-ocupacional do país, ganhou destaque o avanço no padrão de consumo de bens duráveis centrados na casa própria e no automóvel (além dos eletrodomésticos).
Como a base das exportações encontra-se fundada nos produtos intensivos em recursos naturais e mão-de-obra, não é desprezível considerar que o diferencial de competitividade imponha-se sobre a compressão do custo do trabalho, quando não na degradação ambiental.
Nesse contexto, não há espaço para a reprodução da classe média, que atualmente representa somente dois a cada dez brasileiros.
De todos os empregos gerados desde 2000, 90% são até dois salários mínimo mensais, ao mesmo tempo em que o Brasil lidera uma inédita redução do custo do trabalho em dólar no mundo." ÍNTEGRA
Comentário. Quando, de cada dez brasileiros, apenas 1 era de classe média, havia mais igualdade social (90% dos brasileiros eram pobres, igualmente pobres).
Quando a classe média subiu para 3 em 10, é óbvio que a desigualdade aumentou.
Agora, a classe média caiu para 2 em 10. É evidente que isso ajuda a aumentar a igualdade (igualdade na pobreza). Há quem comemore!
Nos Estados Unidos, cerca de 80 % pertence à classe média (portanto, são mais iguais, na riqueza).
No Brasil, como em qualquer país pobre, crescimento robusto da economia promove pobres à classe média (inclusão social). Mas é certo que as estatísticas vão captar o aumento da desigualdade!
E as oposições vão martelar as estatísticas de desigualdade (escondendo as de inclusão).
Por estas e outras, é muito difundida a versão de que o rápido crescimento que o Brasil experimentou é um modelo gerador de desigualdade!
O pior é que muitos acreditam. Já há até gente contra o crescimento econômico. Para evitar a desigualdade!
Marcadores: Economia história, Economia renda
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