quarta-feira, novembro 15, 2006

Cientista Política Lucia Hippolito, Blog do Noblat

"De uns tempos para cá, fala-se muito no Brasil em posturas republicanas, conversas republicanas e não-republicanas.
Afinal, do que se está falando?
Os principais fundamentos da República, o mundo ocidental herdou da Revolução Francesa. Até hoje, liberdade, igualdade e fraternidade constituem o tripé que sustenta as principais repúblicas democráticas do Ocidente.
Liberdade de imprensa, de expressão, de pensamento. Liberdade de ir e vir, de reunião, de religião. Liberdade do exercício da própria sexualidade, liberdade do uso do corpo, são, entre outras, as principais liberdades dos homens e mulheres contemporâneos.
Liberdades das quais mal nos damos conta quando a democracia funciona, mas que fazem uma falta danada quando somos privados delas. Quem viveu a ditadura no Brasil sabe muito bem disso.
Igualdade é a segunda conquista. Igualdade de todos perante a lei, extinção de privilégios e de foros privilegiados, fim dessa história de que uns são mais iguais do que outros, igualdade de oportunidades de acesso às conquistas da civilização.
Na República contemporânea, os cidadãos exercem plenamente seus direitos e cumprem integralmente seus deveres, sem privilégios.
Fraternidade entre os povos, fim das guerras, dos conflitos e da carnificina, tolerância com os diferentes, este parece ser o mais difícil pilar das virtudes republicanas.
Até hoje a Humanidade se destrói em conflitos presididos, sobretudo, pela ignorância, pela estupidez e pela arrogância.
Mas a República ainda quer dizer mais coisas. Separação total entre Estado e Igreja, separação absoluta entre o Tesouro público e as contas bancárias dos governantes e seus familiares.
Serviço público constituído à base do sistema de mérito, atendimento ao cidadão a partir de regras impessoais, fim do pistolão, do jeitinho, do compadrio.
Educação pública abundante e de qualidade, Poder Legislativo independente da pressão do Executivo, Justiça a serviço do cidadão.
Isto é que quer dizer República.
117 anos depois de proclamada, esta ainda não é a República dos nossos sonhos.
O Brasil avançou uma barbaridade nesses pouco mais de cem anos republicanos, mas ainda temos uma longa estrada pela frente.
O importante é não deixar de caminhar."

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