sábado, outubro 28, 2006

Artigo deste blogueiro publicado na Folha do Sul de Itapeva, neste sábado.
É a alternância, senhores!
O que faz a riqueza de uma nação é a capacidade produtiva. O que faz a justiça é a democracia. Nos últimos 22 anos, até 2003, o Brasil - redemocratizado - reduziu o índice de pobreza pela metade. E continua reduzindo (um quarto da população ainda é pobre).
Razão da proeza: na eleição, nenhum político quer ficar de mal com eleitor pobre. A receita da direita republicana é fortalecer o empreendimento para aumentar a produção, e conseqüentemente, o emprego e o salário. A da esquerda republicana é distribuir renda para estimular o consumo, e por tabela, a produção. Ambas se completam.
Sonhadores, não há mágica que faça todos vivermos da horta do vizinho. É aritmético: para aumentar o consumo, há que ampliar a produção, e vice-versa.
Daí que alternância esquerda-direita faz sucesso nas democracias consolidadas porque ora se estimula a produção, ora a distribuição. Não é o eleitor engajado (cabeça-dura) que faz a alternância, mas sim o pragmático, que sente no bolso onde o calo dói. O resultado é bom: empresas competitivas, que repassam até 50% da produção (isso mesmo) para governo (honesto) cuidar do que deve ser cuidado, especialmente dos mais pobres. Isso funciona (paraíso não existe, o homem sempre quer mais). Todos os países campeões em qualidade de vida alternam governos de esquerda e direita, sem exceção! A direita republicana acabou de voltar ao poder, que certamente perderá nas próximas eleições: é com alternância que a democrática Suíça fica cada vez mais rica e justa!
O mérito de Lula foi realçar a problemática social. Acertou na intenção. Errou na dose. O mapa eleitoral do 1° turno confirma que Lula está cortando braços do setor produtivo. Agricultores descapitalizados, principalmente pequenos, inclusive de nossa região (é rica?), reduziram área de plantio, cortaram empregos! Fábricas estão desempregando para importar liquidificadores, geladeiras, bugigangas, por causa do câmbio errado. Resta evidente que a política econômica conspira contra o Brasil, que não cresce, não gera emprego suficiente. Para quê? Para favorecer banqueiros financiadores de campanha? Para favorecer o projeto de poder?
Governos enrascados vivem de briga com a imprensa. Dá para entender. Querem reinar numa boa, tapar sol com peneira, adoçar a boca do povo. E a imprensa (que reflete o pluralismo dos (e)leitores) chega para estragar a festa. Para mostrar o vazamento do imposto dos pobres pelos valeriodutos e fundefdutos da vida!
Atacar a imprensa é atacar o contraditório, a transparência, a democracia! É autoritarismo usar a própria liberdade de imprensa para atacá-la e desqualificar os que pensam diferente. Ah, quando a imprensa corajosamente divulgou o movimento das Diretas Já, divulgou as greves de São Bernardo contra o arrocho salarial do regime militar, quando caiu de pau em cima de Collor e PC (o Valério de então), aí a imprensa não era “veículo de enganação da direita”!
É constrangedor ver ex-defensores da ética (25 anos falando da boca pra fora!) fazendo malabarismos para defender que “seus” corruptos são melhores que os dos “outros”! É o fim da picada comparar “ética por ética” para defender a impunidade geral!
E se a lei da selva vira moda? Imagine um assassino, na frente do juiz. “Matei sim, mas qual é o problema? Exijo absolvição. Afinal meu antecessor Caim também matou.”
Sebastião Loureiro, do Blog República (www.republicasim.blogspot.com)

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