POBRE É MAIS HONESTO?
O jornalista Mauro Santayana escreveu um artigo no Jornal do Brasil. Na tentativa de defender os votos dos pobres em Lula, dá uma forçada de barra:
“Orgulham-se, os arautos da candidatura de Alckmin, de que os brasileiros de renda mais alta preferem-no a seu competidor, como se renda mais alta trouxesse mais virtudes morais ou intelectuais e, assim, qualificasse o voto. Se há, e há, pessoas bem sucedidas nos negócios, que se destacam no conhecimento e na conduta moral irrepreensível, esta não é a regra absoluta. O exame da história recente mostra como grandes empresas financeiras e industriais, chefiadas por celebrados executivos, eram apenas sociedades de celerados, para roubar dos acionistas e do povo.”
Em sua imensa maioria, as pessoas pobres são honradas.”
Ou seja, Mauro sugere que, em geral, ricos ficam ricos porque são desonestos. Pobres são pobres porque não querem perder a honra com empresas!
É um pensamento medieval: nessa época ainda o comércio e o recebimento de juros eram vistos como atividades condenáveis. Visão que de certa forma chegou aos nossos dias, pelas mãos da esquerda. “Burguesia” era os comerciantes e artesãos que moravam no “burgu”, pequenas cidades que começavam a surgir e a crescer. Nessa época, as atividades recomendadas e elogiadas eram criação e plantação (com o trabalho dos servos, é claro!).
Desde pequeno eu ajudava meu pai num pequeno armazém de secos e molhados, lá na Turiba. A maioria dos fregueses era pobre. E davam calotes!
Depois trabalhei por 25 anos no Banco do Brasil, mais na Carteira Agrícola. Na época era coisa de 5 mil financiamentos por safra, a maioria para pequenos, de 1 ha para cima (a média não passada de 10 ha por lavrador). E ricos e pobres ficavam inadimplentes!
O que posso dizer dessa experiência é que algumas pessoas – ricas e pobres - são caloteiras por falha de caráter. Conheci uma penca delas.
Mas a maioria (de pobres e ricos) só deixa de pagar por problemas financeiros (negócios que não dão certo, doença, desemprego etc). Evidentemente que os pobres se complicam mais em situações inesperadas, posto que não têm reserva ou patrimônio para bancar a dívida.
Mas não é só o jornalista que faz confusão. Certa vez a Associação Comercial me consultou sobre a possibilidade de se fazer uma pesquisa para identificar o perfil do caloteiro. Fiquei estarrecido, pois estava diante de empresários considerados experientes.
“Se eu soubesse fazer essa pesquisa, não iria fazer para vocês. Iria fazer para os bancos, para as grandes empresas, que me pagariam uma nota pela descoberta! Eu ficaria famoso!”
Ora, as empresas procuram e desenvolvem metodologias de análise de crédito, para minimizar a inadimplência, os prejuízos. Primeiro fazem “cadastro” para levantar a vida comercial e identificar eventuais caloteiros costumeiros (caráter).
Depois fazem estudo de risco, empréstimo por empréstimo, em cima de dados e previsões absolutamente técnicas. Levam em conta a capacidade técnica do devedor, a disponibilidade de recursos (máquinas, instalações, conhecimento etc) necessários para tocar o negócio. Sobretudo analisam a rentabilidade da atividade, pois a renda é fundamental para o pagamento, muito mais que o patrimônio (aí certamente pesa também a lerdeza da Justiça). E como se sabe, a renda de uma atividade varia com o tempo, por razões controláveis e incontroláveis pelo empreendedor (ou pelo empregado).
“Orgulham-se, os arautos da candidatura de Alckmin, de que os brasileiros de renda mais alta preferem-no a seu competidor, como se renda mais alta trouxesse mais virtudes morais ou intelectuais e, assim, qualificasse o voto. Se há, e há, pessoas bem sucedidas nos negócios, que se destacam no conhecimento e na conduta moral irrepreensível, esta não é a regra absoluta. O exame da história recente mostra como grandes empresas financeiras e industriais, chefiadas por celebrados executivos, eram apenas sociedades de celerados, para roubar dos acionistas e do povo.”
Em sua imensa maioria, as pessoas pobres são honradas.”
Ou seja, Mauro sugere que, em geral, ricos ficam ricos porque são desonestos. Pobres são pobres porque não querem perder a honra com empresas!
É um pensamento medieval: nessa época ainda o comércio e o recebimento de juros eram vistos como atividades condenáveis. Visão que de certa forma chegou aos nossos dias, pelas mãos da esquerda. “Burguesia” era os comerciantes e artesãos que moravam no “burgu”, pequenas cidades que começavam a surgir e a crescer. Nessa época, as atividades recomendadas e elogiadas eram criação e plantação (com o trabalho dos servos, é claro!).
Desde pequeno eu ajudava meu pai num pequeno armazém de secos e molhados, lá na Turiba. A maioria dos fregueses era pobre. E davam calotes!
Depois trabalhei por 25 anos no Banco do Brasil, mais na Carteira Agrícola. Na época era coisa de 5 mil financiamentos por safra, a maioria para pequenos, de 1 ha para cima (a média não passada de 10 ha por lavrador). E ricos e pobres ficavam inadimplentes!
O que posso dizer dessa experiência é que algumas pessoas – ricas e pobres - são caloteiras por falha de caráter. Conheci uma penca delas.
Mas a maioria (de pobres e ricos) só deixa de pagar por problemas financeiros (negócios que não dão certo, doença, desemprego etc). Evidentemente que os pobres se complicam mais em situações inesperadas, posto que não têm reserva ou patrimônio para bancar a dívida.
Mas não é só o jornalista que faz confusão. Certa vez a Associação Comercial me consultou sobre a possibilidade de se fazer uma pesquisa para identificar o perfil do caloteiro. Fiquei estarrecido, pois estava diante de empresários considerados experientes.
“Se eu soubesse fazer essa pesquisa, não iria fazer para vocês. Iria fazer para os bancos, para as grandes empresas, que me pagariam uma nota pela descoberta! Eu ficaria famoso!”
Ora, as empresas procuram e desenvolvem metodologias de análise de crédito, para minimizar a inadimplência, os prejuízos. Primeiro fazem “cadastro” para levantar a vida comercial e identificar eventuais caloteiros costumeiros (caráter).
Depois fazem estudo de risco, empréstimo por empréstimo, em cima de dados e previsões absolutamente técnicas. Levam em conta a capacidade técnica do devedor, a disponibilidade de recursos (máquinas, instalações, conhecimento etc) necessários para tocar o negócio. Sobretudo analisam a rentabilidade da atividade, pois a renda é fundamental para o pagamento, muito mais que o patrimônio (aí certamente pesa também a lerdeza da Justiça). E como se sabe, a renda de uma atividade varia com o tempo, por razões controláveis e incontroláveis pelo empreendedor (ou pelo empregado).
Da minha longa experiência profissional, aprendi que tirando os “nós cegos” – ricos e pobres - que não pagam porque não gostam de pagar (caráter), a inadimplência é muito mais um problema econômico, de fluxo de caixa, do que de riqueza ou pobreza, de classe social. Mesmo porque vícios e virtudes são características humanas, não de classe!
Parece que o jornalista ainda não se deu conta do ocorrido com os puros trabalhadores (ex-pobres?) nos mensalões e sanguessugas da vida!
Marcadores: Comportamento
1 Comments:
Perfeita a sua análise Tião.
Salvo, as exceções (doença, desemprego e alguns sinistros), ser bom ou mau pagador é questão de caráter. Meu pai lá na pequena Riversul tocou uma merceária por 30 anos. E o coitado levou calote de todo tipo, ele não tinha os instrumentos de análise de crédito que temos hoje. A coisa se dava numa relação de confiança. E tome calote em cima de calote. Foi descapitalizando e praticamente perdeu tudo o que havia aplicado na mercearia, fruto da venda de um sítio de 12 alqueires onde nós moravamos. Aliás a venda desse sítio se deu pela sabedoria de meu pai, assim que meu irmão entrou em idade escolar ele resolveu vir morar na cidade para estudar os filhos. E isto é o seu grande orgulho hoje, graças a Deus eu e meus irmãos não ficamos ricos, mas todos estamos bem empregados e tocando a vida sem as dificuldades da roça.
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