TURIBA DO SUL
- Mãe? Vou buscar a senhora.
- Então venha. Venha pro almoço.
Fui.
Fui lá curtir minha caipirice! Rever a mangueira das vacas, o “paió”, o bom cheiro do estrume curtido, o velho pomar. Fui lá na cachoeira beber água na biquinha de pedra!
Fui lá curtir saudade! Tio Batista Loureiro. Zezico Leandro. Tio Mi. Isídio Mateus. Tio Milo, que deu dinheiro para comprar meu primeiro dicionário. Braz Maia que queria saber quantas palavras se aprende escrever depois de doze anos de banco escolar! A vó Teonila. Tia Lazica. Maria Perova que passava pelas brasas da fogueira de São João sem queimar os pés grossos de andar descalços. Tia Maristela. O Severino que falava fino e brincava de andar com as mãos, de ponta-cabeça. O Dilo Padia que não parava de rir da própria risada. Chico Anjo de perna torta que andava "dançando".
Ah! É tempo de laranja lima, de colheita! Saudade do Zé Maria Loureiro. De baldear milho em palha na carroça. “Vamo, vamo mula véia peidorreira. Vamo, Ruana! Vamo, Pampa preguiçosa!”.
Tio-padrinho Renato, o último que se foi. Tia Bizinha. Tio Rotide que prefeitou Itaberá. Tia Lili. Tia Sulica. Tio Luiz. Tio Zequinha. Zé Mariano, o líder e compadre de todo mundo. João Durica. Lazinho Maia que contava história de Corpo-Seco. Roque Ziquer. Batista Lima que soltava rojão nas festas. Padre Miguel, veterano da Segunda Guerra, que confundia rojão com tiro de canhão. Dito Saci, o motorista de qualquer hora. Zé Peroba, o último vaqueiro pré-antibiótico! Chiquitão, que ouvia a "Hora do Brasil" no rádio de pilha. Dona Fia Nita, que fazia açúcar mascavo. Ziquinho Rocha, sanfoneiro dos bailinhos inocentes que não passavam da meia noite! Nhá Chica, que falava umas palavras esquisitas porque descendia de africanos. Seu Otávio e Zé Desidera, ceboleiros. Joaozão Gomes que gargalhava de perder o fôlego com o futebol de bola de meia da gurizada briguenta. Que falta vocês fazem!
Fui lá curtir o frio. Frio que lembra cobertor. Que lembra carinho e aconchego do pai. Roque, grande Roque Loureiro, que saudade! Valeu, velho. Valeu a lição de bom-humor, a lição de resignação de Ló. “Meus filhos, honestidade abre portas.” Ah! Como abre! Ensinava pelo exemplo: “Irmãos têm que trabalhar unidos”. Ah! Como têm! “Estudem, estudem, estudem!”.
Valeu, velho! Mas valeu mesmo!
- Então venha. Venha pro almoço.
Fui.
Fui lá curtir minha caipirice! Rever a mangueira das vacas, o “paió”, o bom cheiro do estrume curtido, o velho pomar. Fui lá na cachoeira beber água na biquinha de pedra!
Fui lá curtir saudade! Tio Batista Loureiro. Zezico Leandro. Tio Mi. Isídio Mateus. Tio Milo, que deu dinheiro para comprar meu primeiro dicionário. Braz Maia que queria saber quantas palavras se aprende escrever depois de doze anos de banco escolar! A vó Teonila. Tia Lazica. Maria Perova que passava pelas brasas da fogueira de São João sem queimar os pés grossos de andar descalços. Tia Maristela. O Severino que falava fino e brincava de andar com as mãos, de ponta-cabeça. O Dilo Padia que não parava de rir da própria risada. Chico Anjo de perna torta que andava "dançando".
Ah! É tempo de laranja lima, de colheita! Saudade do Zé Maria Loureiro. De baldear milho em palha na carroça. “Vamo, vamo mula véia peidorreira. Vamo, Ruana! Vamo, Pampa preguiçosa!”.
Tio-padrinho Renato, o último que se foi. Tia Bizinha. Tio Rotide que prefeitou Itaberá. Tia Lili. Tia Sulica. Tio Luiz. Tio Zequinha. Zé Mariano, o líder e compadre de todo mundo. João Durica. Lazinho Maia que contava história de Corpo-Seco. Roque Ziquer. Batista Lima que soltava rojão nas festas. Padre Miguel, veterano da Segunda Guerra, que confundia rojão com tiro de canhão. Dito Saci, o motorista de qualquer hora. Zé Peroba, o último vaqueiro pré-antibiótico! Chiquitão, que ouvia a "Hora do Brasil" no rádio de pilha. Dona Fia Nita, que fazia açúcar mascavo. Ziquinho Rocha, sanfoneiro dos bailinhos inocentes que não passavam da meia noite! Nhá Chica, que falava umas palavras esquisitas porque descendia de africanos. Seu Otávio e Zé Desidera, ceboleiros. Joaozão Gomes que gargalhava de perder o fôlego com o futebol de bola de meia da gurizada briguenta. Que falta vocês fazem!
Fui lá curtir o frio. Frio que lembra cobertor. Que lembra carinho e aconchego do pai. Roque, grande Roque Loureiro, que saudade! Valeu, velho. Valeu a lição de bom-humor, a lição de resignação de Ló. “Meus filhos, honestidade abre portas.” Ah! Como abre! Ensinava pelo exemplo: “Irmãos têm que trabalhar unidos”. Ah! Como têm! “Estudem, estudem, estudem!”.
Valeu, velho! Mas valeu mesmo!
Marcadores: Turiba
posted by Sebastiao Loureiro at quarta-feira, junho 28, 2006
10 Comments:
eh isso ai....uma familia nunca esta unida demais!!!...TEMOS QUE NOS UNIR CADA DIA MAIS....PARA Q ISSO SOH TRAGA BONS FRUTOS...QUE COM CERTEZA VIRÃO!!!!
Caro Aprendiz:
Parabens pela lembrança de tanta gente importante e amiga que construiu a história da Toriba e de Itaberá.
Vamos continuar a preservar os ensinamentos: educação, lealdade e honestidade.
Abraços.
Aow Tio que coisa mais linda hein!!! Você me lembrou certo jeito de Machado de Assis, no livro Dom Casmurro... Vai vê que o próximo fenômeno da literatura brasileira será Sebastião Loureiro, meu "tio", com seu livro Toriba Linda!!! Adoreiiii...bjãooo queridoooo!T.Amo
Adorei...Até passei a gostar mais da Turiba....assino embaixo quando vc diz que irmãos têm que trabalhar juntos...isso eu aprendi com vcs....bjossss e parabéns pelo seu aniversário....
Tião,estamos aqui em Avaré com Toninho Loureiro,Leo e Markinho.Encantados e orgulhosos com seu artigo no blog sobre a Turiba do Sul,por ironia do destino hoje voce aniverssaria com os nossos parabens e hoje faleceu "Peixeiro" barbeiro dos turibanos tantas historias principalmente em dias de jogos da seleção brasileira.
Voce passou um filme na nossa cabeça,o ZÉ LEITE que trabalhava por dia e recebia adiantado dizendo: "eu não trabalho pra ganhar,trabalho pra pagar",ele bebia e batia na mulher perto dos filhos pequenos,quando ele cresceram levaram a mãe para morar com eles,uma forma de aliviar o sofrimento da mãe,sabe quanto tempo ela ficou longe dele? Menos de uma semana.Talvez Fleud explica.
Tião,o professor Valdemar Furkrans tinha razão,você sempre foi um aluno "além",mais uma vez parabens os toribanos estão radiantes e orgulhosos.
Tião,fiquei sabendo que seu pai,juntamente com seu tio Batista e tio Milo,que vinha de Itú nos finais de semana, ficavam das 10 da noite até às 11 da manhã,conversando na sua casa.É isso mesmo,Tião?ehehe.
Zé Maria, obrigado pelas visitas e comentários.
É verdade sim, Zé. Os velhos Loureiros eram chegados numa conversa. Eles eram amigos entre si, unidos, tinham negócios em comum. E conversavam, conversavam! Quando tio Milo, que morava em Itu, vinha de férias, então era uma festa!
Certa noite, meu pai e o tio Batista (que eram vizinhos, não se largavam!) ficaram conversando na sala de minha casa, sentados em poltronas. Não sei como arrumavam tanto assunto. De repente ficaram quietos. Minha mãe foi ver. Acredite: os dois pegaram no sono!
Acordaram e conversaram mais um pouco!!! O Toninho Loureiro tem por quem puxar!!
Abraço do Tião Loureiro
Tião.
Fiquei até emocionado em ler as lembranças sobre as velhas e lendárias figuras da Turiba: parentes, conhecidos, falecidos ou não...
Saudosista como sou, percebi que a velha Turiba que descreve hoje faz parte de nossa memória, já que as tradicionais famílias que citou e ajudaram a formar a comunidade já há muito não residem lá.
Fico feliz em saber que contribui para manter a memória de nosso distrito ainda vivo. Muitos que citou tive o prazer de conhecer: Zé Perova, Roque e Batista Loureiro, Dilo, Chico Anjo, Dito Saci, Fia Nito...
os turibanos e seus descendentes ogi jah formariam uma pequena cidade com uns 500 mil habitantes!!!
Nossa!!! Viajei no tempo amei oque vc escreveu não conheço ninguém ,mas já ouví o nome de todos da boca do meu pai.
Que bom ter raizes profundas de matuto ,homem da roça,os causos , assombrações,batata doce assada nas cinzas alí na taipa do fogão,o cheiro do mato,as brincadeiras da época,o banho de rio... Que delicia!!!!!!!!!!!
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