quinta-feira, junho 15, 2006

A ILHA

Era uma vez um povo que morava em uma ilha isolada, sem nenhum contato com outros povos.

O alimento principal do povo ilhéu era o trigo. Certo ano ocorreu uma prolongada seca. A produção de trigo ficou seriamente prejudicada. A colheita não era suficiente para todos, só dava para alimentar parte dos habitantes da ilha.

Além do mais, a prudência recomendava que parte do trigo fosse reservada como semente para o plantio da próxima safra.

Como os ilhéus resolveram essa sinuca de bico?

Sabe-se que o povo sobreviveu! Certamente os mais “fortes” assumiram o comando, apoderaram-se do trigo, reservaram as sementes para o próximo plantio. Sobreviveram.

Quanto aos “fracos”, não é difícil imaginar o fim que tiveram.

Quem tomou tão drástica decisão?

O que sabe com certeza é que os principais conselheiros da decisão foram os “instintos” de sobrevivência e de preservação da espécie!

No mundo atual isso ainda ocorre, sem que nós percebamos com clareza.

A produção ainda é insuficiente, muitos ficam com pouco, às vezes sem nada, quase nada. Mesmo assim, parte da produção é reservada para investimentos (sementes!) que garantirão a sobrevivência.

Quem fica com mais, quem fica com menos? Quem toma essa decisão?

Ninguém toma essa decisão, de forma individual e explícita! Nem é tomada pela vontade ou desejo dos governantes. (Governantes gostam mesmo é de ficar de bem com todos os eleitores!)

Quem toma a decisão, então? Essas decisões são tomadas pela sociedade, de forma difusa, dissimulada. O principal conselheiro é o mesmo impulso vital de sobrevivência (que às vezes descamba pela “lei do mais forte”).

Enquanto a produção for insuficiente para uma distribuição mais justa, é viável a construção de um sistema político alternativo?

Uma das explicações para a derrocada do comunismo é que distribuíram até as “sementes”. Sem semente, a produção decaiu. Deu efeito contrário!

O lendário Luiz Carlos Prestes dizia que a revolução russa falhara por não conseguir “mudar o homem”.

É possível mudar o homem. É possível construir um “novo homem”? É possível mudar os impulsos vitais do homem?
Pelo que parece, a alternativa é aumentar a produção. Você já viu alguém brigando pelo abundante ar que respiramos?

(Reflexões enviadas por Vitorino Garcia Neto)

Marcadores:

Google
online
Google