segunda-feira, dezembro 20, 2010


DÓLAR BARATO AJUDA A ELEGER SUCESSOR, MAS QUE QUEBRA EMPRESAS E EMPREGOS, QUEBRA  
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EMPRESAS E CENTRAIS REAGEM À INVASÃO DOS IMPORTADOS

EMPRESAS E CENTRAIS COBRAM AÇÃO DO NOVO GOVERNO CONTRA IMPORTAÇÕES
Autor(es): Marcelo Rehder
O Estado de S. Paulo - 20/12/2010
 

União de empregados e sindicalistas visa cobrar de Dilma medidas protecionistas, além de incentivos fiscais

Empresários e sindicalistas deixam as diferenças de lado para traçar estratégias que impeçam a invasão dos importados e a desindustrialização no País. A aliança deve ganhar força no governo Dilma Rousseff. "Queremos falar com a presidente, a equipe econômica e os parlamentares", diz o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical. A ideia do movimento é convencer o governo a adotar medidas de proteção contra importações, além de incentivo fiscal e tributário a setores afetados pela substituição da produção local por produtos estrangeiros. Entre estes setores estão a cadeia de abastecimento do setor automotivo, bens de capital, eletroeletrônicos, calçados e têxteis. Um amplo debate confrontando a visão de empresários, trabalhadores e governo, já no início do ano, é a ideia que líderes sindicais levam hoje ao presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf. A ação entre capital e trabalho se estreitou nos últimos tempos. Em 2009, negociações conjuntas garantiram ganhos salariais de até 6% acima da inflação, mas hoje empresas sinalizam perda de competitividade e sindicalistas temem desemprego. Só no mês passado, a indústria calçadista fechou 5 mil postos de trabalho, enquanto as importações de calçados da Malásia, Indonésia e Vietnã subiram 26% de janeiro a novembro.



Sob ameaça da invasão de importados, capital e trabalho deixaram as diferenças de lado para juntar forças numa cruzada em defesa do produto brasileiro. A aliança entre representantes das indústrias e das centrais sindicais começou a ser articulada nas mesas de negociação salarial, avançou em reuniões setoriais conjuntas e deve ganhar força no início de 2011, com a posse do governo Dilma Rousseff.

Empresários e sindicalistas pretendem convencer o novo governo a adotar medidas de proteção contra as importações e de incentivo fiscal e tributário a setores afetados pelo avanço do processo de substituição da produção local por estrangeiros. Entre eles, estão a cadeia de abastecimento do setor automotivo, bens de capital, eletroeletrônicos, calçados e têxteis.
"Queremos falar com a presidente Dilma, a equipe econômica e os parlamentares para mostrar o mal que isso está causando à economia ", diz o presidente da Força Sindical e deputado federal, Paulo Pereira da Silva.
A ideia é ter um diagnóstico sobre a situação e identificar os setores afetados, além da apresentação de propostas. Nesse sentido, os presidentes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, e da categoria em São Paulo, Mogi das Cruzes e Região, Miguel Torres, vão propor hoje ao presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, eventos para debater a competitividade da indústria nacional.
"Estamos pensando em promover, entre janeiro e fevereiro, um debate com esse tema reunindo a visão dos trabalhadores, dos empresários e do governo", conta Nobre. "Num momento como este, não dá para cada um ter a sua agenda. É necessário ter uma agenda única, um diagnóstico comum das medidas importantes para reverter o quadro."
A atuação conjunta do capital e do trabalho faz sentido. Nas negociações salariais deste ano, os trabalhadores chegaram a conquistar aumentos superiores a 6% além da inflação. Mas o ganho poderia ter sido maior. "As empresas alegam que perdem competitividade com o aumento dos salários", afirma Torres.

Os sindicalistas temem que, no caso de uma eventual reviravolta no mercado interno, as empresas, além de importar, passem a demitir. Há preocupação ainda sobre os novos investimentos e a criação de empregos.

Um exemplo é o da Usiminas, que desistiu de construir uma usina no Vale do Aço, em Minas Gerais. A unidade, que estava embargada desde a crise internacional, teria capacidade para produzir 5 milhões de toneladas por ano e exigiria investimentos de US$ 6 bilhões. "Se somar a importação direta e indireta de aço este ano, estamos falando de 10 milhões de toneladas, o que representa quase duas Usiminas", afirma o presidente-executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Polo de Mello Lopes.
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