terça-feira, dezembro 28, 2010



CONFINAMENTO DE CORDEIROS


OVELHA PEGA NOVA CRIA DURANTE ALEITAMENTO


Criação de ovelhas
28.05.2006




Uma nova tendência na criação de ovelhas está surgindo na região sudeste. É a engorda rápida de cordeiros, que permanecem a vida toda em confinamento. A técnica é adotada por uma fazenda de Araras, São Paulo. A fazenda Pinhalzinho tem 3 mil hectares. Desde a década de 50 produz cana, laranja, e destina uma pequena área perto de 15 hectares para a criação animal. Por 40 anos a fazenda Pinhalzinho lidou com gado de leite. Mas com a crise do setor, há quatro anos, os donos decidiram abandonar a atividade e mudar de negócio: tocaram as vacas por ovelhas e o leite pelo cordeiro precoce.
Seu Arnaldo Lima, um dos donos da fazenda, explica o por que desta mudança: "Primeiro para o aproveitamento das instalações que existiam no lugar de leite. E ovelha era uma promessa de rentabilidade". O modelo de crinação adotado veio da ESALQ - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. São 3 mil animais que vivem em um sistema de semi-confinamento. Passam parte do tempo no pasto e parte do tempo nos currais.
Quem orienta o trabalho é o agricultor Alexandre Pires, professor da ESALQ. "A categoria de animais que fica no pasto são as ovelhas secas, que não estão paridas, e elas ficam nesse período até a próxima parição. Considerando que o nosso trabalho de parto é em torno de 8 meses, elas vão ficar 3 meses em confinamento e 5 meses no pasto", explicou.
O pasto foi dividido em piquetes de mais ou menos 2 mil metros quadrados. As ovelhas são separadas em pequeno lotes e em um esquema de rotação, passam de dois a três dias em casa piquete. O capim é mantido alto. "Aqui na propriedade a gente costuma fazer um manejo de pastejo mais alto para amenizar o problema verminoso, porque a larva está mais em contato com o solo e dificilmente o animal vai ter acesso a essa larva no pastejo. Se nós fizermos o pastejo muito intenso, vai aumnetar a pressão do pastejo e fazer com que o animal possa ter acesso a essa larva. E nesse caso de deixar sempre mais alto, isso não acontece", disse o professor.
Um mês antes de parir, as ovelhas vão para a maternidade, onde recebem suplementaçào alimentar até a hora do parto. A fazenda só trabalha com a raça Santa Inês, escolhida por uma característica especial: ao contrário das ovelhas lanadas, que só entram em cio em uma determinada época, Santa Inês cicla o ano inteiro, o que permite um bom manejo reprodutivo. O rebanho é dividido em lotes e vai sendo coberto aos poucos. Assim, há partos e cordeiros para abastecer o mercado ao longo do ano.
Após o parto, cuidados especiais. O cordeiro é pesado, tem o umbigo tratado e recebe uma identificação. Os cascos da mãe são aparados e ela toma uma dose de vermífico. Depois, mães e filhos seguem para um galpão, onde vão ficar totalmente confinados totalmente até a desmama, daqui a dois meses.
Além de leite, os cardeirinhos comem uma ração especial. Para evitar que os animais adultos tenham acesso, ela é colocada em uma gaiolinha que tem o nome em inglês de 'creep feeding'. Durante o período de amamentação, as ovelhas emprenham de novo. "A gente espera que já nesse período de 60 dias, elas já fiquem prenhas porque elas já têm acesso a macho. Como a nutrição é muito boa, nossos dados mostram que a maior parte já emprenha nesse período", afirmou Alexandre Pires.
Após a desmama, as ovelhas voltam para o pasto. Os gorregos vão para um curral de adaptaçao onde ficam por duas semanas. Depois, machos e fêmeas são transferidos para um confinamento de engorda.
O resultado desse manejo é um animal que atinge o peso de abate em torno dos 35 quilos entre quatro e cinco meses. "Abate-de por aqui por volta de 120 animais e, para se chegar a esse abate tão rápido, o mais importante é nutrição. No caso específico dessa propriedade, a dieta desses animais é 90% concentrado e 10% de feno - uma dieta bem energética para que eles consigam esse peso, enquanto um animal a pasto jamais conseguiria", contou o agricultor.
As fêmeas ficam no confinamento por mais tempo, entre 7 e 8 meses. É o prazo necessário para alcançarem o peso de cobertura, em torno dos 40 quilos. O professor fala que na fazenda são duas mil matrizes e que, considerando a inclusão de gorregas e ovelhas, o índice de fertilidade fica em torno de 30%. Alexandre Pires explica que essa é uma raça bem fértil e que o índice de crias por parto fica em torno de 1,5. Na conta dele, uma ovelha dá dois filhotes por ano.
Para conseguir esses índices, a fazenda investe também na saúde e na comida do rebanho. "Se considerarmos os animais de engorda, a alimentação básica é milho, um pouco de citrus, farelo de soja, uréia, sal mineral e feno", disse o professor. A silagem já entra para os animais de lactação", completou.
Os animais que vão para o abate passam a vida toda confinados. Como não têm acesso ao pasto, ficam menos suscetíveis a verminose e este é outro fator que acelera a engorda. Além dos 15 hectares onde a criaçào está alojada, a fazenda reserva outros 40 para o cultivo de milho, que é usado na produção de silagem - mais de 1.200 toneladas por ano.
E hoje, da cria até o abate, quanto custa para produzir um cordeiro? Segundo o agricultor, considerando o custo da mãe, custa para produzir um cordeiro em confinamento em torno de R$ 100 ou R$ 110. Como o preço do mercado é R$ 4,00 o quilo vivo, o cordeiro de 35 quilos vai custar em torno de R$ 140 - o que dá uma margem boa de lucros.
Além da carne, 5% dos machos nascidos na fazenda, por volta de 71 animais, são selecionados e vendidos como reprodutores. E como esse é um mercado em expansão, também não faltam compradores para as mais de 1.200 matrizes criadas anualmente no local.
Seu Armaldo Lima diz que ainda é cedo para dizer se é um bom negócio criar ovelha, mas ele acredita que sim porque o mercado é carente de carne de ovelha. "Sempre melhor do que leite, não é? Porque pelo menos não é negativa".
A tecnologia exige um acompanhamento técnico permanente, principalmente para evitar que a dieta exclusiva de concentrado com feno cause doenças do aparelho digestivo.

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