LIBREVILLE, Gabão. Após desmentidos iniciais, o governo do Gabão confirmou ontem a morte, numa clínica na Espanha, do presidente Omar Bongo, o governante há mais tempo no poder no mundo. Enquanto as TVs no país tocavam músicas fúnebres, o governo tomou medidas como cortar a internet, fechar o aeroporto internacional e as fronteiras marítimas e terrestres.
Forças de segurança tomaram posição na capital, Libreville, enquanto os moradores estocavam alimentos. A morte de Bongo deixa um vácuo no poder, com analistas prevendo uma disputa entre as facções do Partido Democrático do Gabão. O favorito para substituílo é o ministro da Defesa e seu filho, Ali Ben Bongo.
— Eu peço calma para preservar a unidade e a paz que eram tão caras para nosso falecido pai — disse Ben Bongo na TV, em nome da família.
Bongo, que tinha 73 anos, governou o Gabão por 42. Ele se tornou o governante mais antigo em exercício do poder após Fidel Castro passar o cargo ao irmão, ano passado — a rainha Elizabeth II, do Reino Unido, e o rei Bumibol, da Tailândia, estão no trono desde 1952 e 1946, respectivamente, mas são monarcas constitucionais com funções meramente decorativas.
Premier nega morte e depois se diz surpreso Bongo parou de trabalhar somente em maio, seguindo para Barcelona, onde se internou na Clínica Quiron. O governo afirmava se tratar apenas de um checkup. Rumores, no entanto, diziam que ele tinha câncer.
No domingo à noite surgiram os primeiros rumores sobre sua morte, mas o premier Jean Eyeghe Ndong veio a público negálos, dizendo que Bongo estava “vivo e bem”. Horas mais tarde, no entanto, confirmou o falecimento do presidente por ataque cardíaco e se disse surpreso com o fato. O governo afirmou que seguirá a Constituição, com a líder do Senado, Rose Rogombe, assumindo o poder interinamente e convocando eleições.
Bongo, um dos governantes mais ricos do mundo, era vicepresidente e subiu ao poder em 1967, com a morte de Leon M’Ba, o único outro chefe de Estado desde a independência do país da França, em 1960. Seu partido dominou o Parlamento por décadas, e legendas de oposição só foram permitidas em 1990. Ontem, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, lamentou sua morte, definindo-o como “um amigo confiável”.
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Como se vê, opacidade é arma de ditadores.
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