Renan Calheiros, ou a volta dos que não foram
Valor Econômico - 29/05/2009 |
Se fosse um filme de terror, o nome seria "A volta dos que não foram". O circo dos horrores do Senado, desde a eleição para a mesa diretora e para as lideranças, em fevereiro, é um eterno retornar de velhos caciques que se reacomodam em postos facilitadores de trocas com o governo, de um lado, e aliciamentos de votos de senadores, de outro. É a velha fórmula de clientela transposta para a Casa legislativa: para conseguir um grupo coeso de senadores sob seus comandos, os líderes precisam ter trânsito no governo; para ter influência no Executivo, têm que ter o poder de chantagem que lhes confere um número de votos suficiente para definir questões em jogo. São várias as razões estruturais que definem a longevidade de lideranças locais forjadas no atraso na estrutura de poder federal: o fato de o Senado funcionar como uma instância de veto, e não como uma Casa revisora; a força de organizações partidárias regionalizadas, de matriz patrimonialista, que despejam a cada eleição seus representantes no Legislativo; a fragmentação do quadro partidário, que obriga negociações de toda ordem para a manutenção de maiorias parlamentares nem sempre suficientes para garantir a governabilidade; a importância do PMDB em qualquer governo de coalizão, cuja divisão interna, em vez de atenuar os efeitos da fragmentação partidária, os reforça etc. Isso não significa, contudo, que a sociedade deva olhar com tolerância para a eterna repetição da história partidária, sempre como farsa. MAIS |
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