Dor de barriga
Azia, má digestão, enjoos, cólicas... Atire a primeira pedra aquele que nunca penou com esse gênero atroz de males da finitude. Que o digam mais de 300 passageiros que se sentiram mal num navio, atracado na quarta para averiguações em Salvador e já liberado.
Um rotavírus altamente contagioso, uma salmonella, uma intoxicação alimentar. A Anvisa ainda
investiga as causas do incidente coletivo. Deveria considerar, também, a hipótese de uma exposição generalizada dessas pessoas ao noticiário.
Não há de ser só o estômago do presidente Lula que se indispõe com a leitura de jornais e revistas e com o acompanhamento de notícias e opiniões pela TV, pelo rádio e pela internet. À revista "Piauí", Lula debochou da mídia. Não acompanha o noticiário por opção; porque tem "problema de azia", fez troça.
Não é de hoje que Lula demonstra, em gestos, biografia e palavras, desprezo solene pela leitura e outros hábitos de instrução e informação. A resposta a quem aponta essa falha, grave num presidente da República, é sempre a mesma: é acusado de elitista e preconceituoso.
"A imprensa brasileira tem um comportamento histórico em relação a mim", disse na entrevista. A indolência, de repente, toma a forma de prevenção contra ataques de um inimigo "histórico", a mídia.
Eis um clássico do escapismo esquerdista. Não me exponho ao diálogo na esfera pública, não cotejo minhas opiniões e minhas atitudes com a crítica porque os meios de comunicação não têm legitimidade; estão entregues à burguesia, ao império, aos bancos, aos tucanos.
E toda essa teoria sobre mídia e parcialismo, lançada por um presidente que deplora a instrução e vive cercado de intelectuais aduladores, terminou com uma atitude. Lula criou a TV Brasil para contar a versão popular da história.
O problema é que quase ninguém assiste à TV de Lula. Talvez a programação esteja enjoativa.
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