quinta-feira, setembro 04, 2008

TEIMOSIA DA TEREZINHA????
Trecho da coluna de David Panis na Folha do Sul de sábado passado ("Fim de carreira"):

“... não faltaram conselhos para que [Terezinha, ex-candidata de oposição] se abstivesse de mais uma campanha que notoriamente seria difícil, dado o bom desempenho do prefeito Luiz Cavani, que superou as expectativas ao colocar Itapeva nos trilhos apesar da situação calamitosa que herdou na administração municipal. Sua teimosia não parou por aí...”
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Com todo respeito, peço licença para fazer alguns comentários.

Primeiro, nas boas democracias o papel da oposição não é desistir, abster-se, muito menos aderir ao governo. Como se sabe, pensamento único não combina com democracia.

Ademais, as boas democracias levam em alta consideração o respeito pelo tripé da boa administração: PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E CONTROLE/FISCALIZAÇÃO (este último especialmente depende muito da atuação da oposição).

Se o prefeito Cavani "superou expectativas", ótimo para a cidade, ótimo para a população.

De fato, o prefeito é elogiado e reconhecido especialmente por acertar o fluxo de caixa da prefeitura, negociar precatórios que bloqueavam contas, pagar em dia funcionários e fornecedores, pelos investimentos em asfalto e praças, etc.

Diante disso, o que a sociedade esperava da oposição?

Esperava que a oposição continuasse na sua, se articulasse para estudar, pesquisar e apresentar ao eleitorado um programa de governo melhor ainda: que conservasse as consquistas aprovadas pela população e apresentasse propostas para solucionar especialmente os pontos fracos da administração, como a elevada taxa de mortalidade infantil, a queda (!) na qualidade do ensino medida pelo Ideb, a falta de transparência/prestação de contas.

Certamente o fato de a oposição, unida e articulada, apresentar um programa consistente serviria de estímulo e pressão para o governo, em reação, apresentar programa melhor ainda.

É justamente essa saudável competição um dos fatores do grande sucesso das boas democracias: governos cada vez mais eficientes.

Porque a população só tem a ganhar com a saudável competição entre governo e oposição pelo estudo, pesquisa e apresentação de programas de governo consistentes.

E só tem a perder com acordão, adesão, troca-troca.

A população perde pelo inchaço da folha de pagamento para abrigar os novos aliados.

Perde pelo eventual afrouxamento do CONTROLE/FISCALIZAÇÃO (não é esse um dos objetivos da "compra do passe" de parte da oposição?).

Perde porque o rolo compressor enfraquece a oposição, ou seja, há estreitamento de opções.

Perde porque as coligações se formam em torno da distribuição de cargos etc, em prejuízo do que realmente interessa ao povão: a discussão de programa e propostas de governo.

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