quinta-feira, abril 24, 2008

PREÇOS DOS ALIMENTOS: EM 1974 ERA O DOBRO DOS DE HOJE. TAMBÉM DIZIAM QUE O MUNDO IA ACABAR

Os preços são puxados pelo forte crescimento global

Carlos Alberto Sardenberg, O Globo

(...) Há um forte crescimento da economia global. E nisso a atual alta no preço de alimentos se parece com o que houve em 1973/74. O início dos anos 70 também foi um momento auspicioso da economia capitalista, então bem menor do que hoje, já que quase metade do mundo ainda era socialista.

Mesmo assim, os preços de alimentos decolaram. Na verdade, descontada a inflação, os alimentos custavam, em 1974, o dobro do que custam hoje.
E, como hoje, também naquela ocasião apareceram as profecias do fim do mundo. Simplesmente, ia faltar comida no mundo todo, pelos dois motivos: escassez física, com a produção insuficiente para atender uma população cada vez maior e com maior poder de consumo; e preços proibitivos para grande parte das pessoas.

Em resumo, os mais pobres morreriam por falta de dinheiro; as classes médias, por falta dos produtos.

Aconteceu bem diferente. Já a partir de 1975 os preços começaram a cair, inicialmente por um mau motivo. O período de crescimento foi abortado pela súbita alta do petróleo, inflação, alta de juros, recessão. O desastre derrubou a demanda.

Mas quando o mundo começou a se equilibrar, já nos anos 80, com preços ainda atraentes, a produção de alimentos cresceu extraordinariamente, graças especialmente aos formidáveis ganhos de tecnologia. A ciência chegou às fazendas pela genética, pelos fertilizantes, inseticidas e herbicidas. Assim, mesmo com o aumento do consumo, os preços de alimentos caíram sem parar, até o início dos anos 2000, quando, em termos reais, equivaliam a um terço das cotações de 1974.

Esses preços baixos, bons para os consumidores, claro, incomodaram os produtores por muito tempo, sobretudo dos países agrícolas mais pobres. Explica-se: EUA, União Européia e Japão subsidiaram seus fazendeiros com bilhões de dólares, provocando excessos de produção e preços baixos, tornando não competitiva a produção de muitas nações pobres e mesmo em desenvolvimento.

Já nestes anos 2000, a alta de alimentos e das commodities fez a festa de muitos países emergentes, inclusive do Brasil. Ocorre que as populações desses emergentes, com mais riqueza, aumentaram seu consumo e os preços subiram mais ainda.
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