quinta-feira, dezembro 27, 2007

O MUNDO ATUAL É INJUSTO? ANTES ERA BEM PIOR
Marcio Pochmann, Valor Econômico
No Século XIX, por exemplo, a jornada de trabalho comprometia quase dois terços do tempo de vida, uma vez que a expectativa média de se viver dificilmente superava os 40 anos de idade. Quando o Brasil era ainda um país agrário, por volta do começo do Século XX, a jornada de trabalho podia ultrapassar as 5 mil horas por ano. Se considerar que a expectativa de vida chegava aos 35 anos e, ainda, o ingresso na vida laboral ocorria aos 5/6 anos de idade e se encerrava somente com a morte, percebe-se como viver há 100 anos atrás era fundamentalmente trabalhar, para a maior parte da sociedade agrária.
Naquela época, não havia escola para as crianças, tampouco previdência e assistência social para amparar o conjunto de riscos associados ao exercício do trabalho, tais como invalidez, morte, desemprego e desqualificação profissional, entre outros. Também não existia regulação pública que reduzisse o grau de intensificação do trabalho, como jornada semanal máxima, férias, descanso semanal, além da idade mínima para ingresso no mercado de trabalho.

Desde a década de 30, com o avanço da transição da sociedade agrária para o Brasil urbano-industrial, o homem tornou-se muito mais produtivo, com a introdução de novas formas de organização do trabalho e os avanços tecnológicos intrínsecos ao trabalho manufaturado, conforme inteligentemente percebido por Charles Chaplin em Tempos Modernos. Na seqüência da elevação da expectativa de vida para acima dos 50 anos, assistiu-se à diminuição do tempo de trabalho, com a postergação do ingresso na vida laboral para os 15 anos de idade e a saída após 35 anos de contribuição para aposentadoria. Se acrescido da regulação do tempo máximo de trabalho (48 horas semanais, férias, descanso semanal, feriados), a jornada de trabalho decaiu de 5 mil para 2 mil horas por ano, o que permitiu que o peso do trabalho fosse reduzido para cerca de 1/5 do tempo total de vida.
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