ITAPEVA: EDUCAÇÃO E SAÚDE PREOCUPANTES
(publicado na Folha do Sul de ontem, 06.10.2007)
Sebastião Loureiro
O Índice Paulista de Responsabilidade Social (IPRS), da Fundação Seade, mede a qualidade de vida dos municípios paulistas – e o desempenho dos governos municipais. Os dados de Itapeva no período 1997-2004 são assustadores. Similar ao IDH, o IPRS tem três dimensões:
1. RIQUEZA – mede a renda média da população. A economia de Itapeva cresceu, a renda média cresceu. Em 1997, entre os 645 municípios, era o 263° mais “rico”. Em 2004, o 306°. No período, Itapeva passou 43 cidades na dimensão riqueza. Beleza!
2. ESCOLARIDADE – mede a proporção de alunos na escola (não a qualidade). Em 97, Itapeva era o 258º mais escolarizado. Posição desconfortável, mas compatível com a renda média. E em 2004? Um desastre: a escolaridade não acompanhou o desempenho econômico. Pelo contrário: despencou para o 150º lugar, queda de 108 posições!
3. LONGEVIDADE – reflete saúde, mortalidade infantil, etc. Nesta dimensão, seguimos no fundo do poço. Em 97, só havia 30 cidades com indicadores piores que os de Itapeva. Em 2004, acreditem, conseguimos piorar, caímos 5 posições! Vergonha!
Resumindo: os empreendedores fizeram sua parte, a economia cresceu, a renda da população cresceu, a arrecadação da prefeitura cresceu mais ainda! Mas a prefeitura não fez a sua parte, não investiu em saúde e educação na mesma proporção.
Onde erramos? Planejamento? Controle? O leitor pode pensar: “Isso foi no passado, quando bandos de gafanhoto habitavam o palácio”. Que houve mudanças na atual gestão, houve. Resta saber se são suficientes para reverter o quadro.
Sei não. Há no ar um certo conformismo e continuísmo que espantam:
1. Custo dos cargos políticos. A Câmara custa aos itapevenses R$ 300 mil por mês, um absurdo, o dobro da de Avaré, seis vezes a de Itaberá. Número excessivo de secretarias municipais – qual é o custo com salários, diárias, telefone, carro, etc e tal?
2.A Câmara defende bravamente a construção do Palácio dos Vereadores, “chique no úrtimo”, 1.877 m2 (188 m2 por vereador!), R$ 1.481.340,00 (!) pra começar. E os pobres? “Os problemas sociais sempre vão existir”. Se o Dr. Ulysses lava as mãos, imagine os outros. Engenheiros calculam que R$ 500 mil dão para construir prédio bem razoável.
3.Sobre o fato de a mortalidade infantil, no período 2002-2006, ser a terceira pior da Região de Sorocaba (só perdemos para Bom Sucesso e Ribeira), o secretário da saúde, sr. Denílson, conformado (ou corporativista?), disse ao jornal Ita News que é “normal para Itapeva” e será revertida “em seis ou sete anos”. Normal uma ova! Itapeva, com a estrutura médica que tem, ter de esperar anos para alcançar ... nossos vizinhos mais pobres?
Que fique claro: O IPRS indica que, em relação ao passado, estamos caminhando. Mas a passos de tartaruga. Daí que outros municípios, mais pobres e mais eficientes na aplicação dos recursos públicos, estão nos deixando para trás em qualidade de vida. Em escolaridade, 156 municípios mais pobres passaram Itapeva. Em longevidade, 280. Não é de doer?
Sebastião Loureiro, da Transparência Itapeva e do Blog República.
(publicado na Folha do Sul de ontem, 06.10.2007)
Sebastião Loureiro
O Índice Paulista de Responsabilidade Social (IPRS), da Fundação Seade, mede a qualidade de vida dos municípios paulistas – e o desempenho dos governos municipais. Os dados de Itapeva no período 1997-2004 são assustadores. Similar ao IDH, o IPRS tem três dimensões:
1. RIQUEZA – mede a renda média da população. A economia de Itapeva cresceu, a renda média cresceu. Em 1997, entre os 645 municípios, era o 263° mais “rico”. Em 2004, o 306°. No período, Itapeva passou 43 cidades na dimensão riqueza. Beleza!
2. ESCOLARIDADE – mede a proporção de alunos na escola (não a qualidade). Em 97, Itapeva era o 258º mais escolarizado. Posição desconfortável, mas compatível com a renda média. E em 2004? Um desastre: a escolaridade não acompanhou o desempenho econômico. Pelo contrário: despencou para o 150º lugar, queda de 108 posições!
3. LONGEVIDADE – reflete saúde, mortalidade infantil, etc. Nesta dimensão, seguimos no fundo do poço. Em 97, só havia 30 cidades com indicadores piores que os de Itapeva. Em 2004, acreditem, conseguimos piorar, caímos 5 posições! Vergonha!
Resumindo: os empreendedores fizeram sua parte, a economia cresceu, a renda da população cresceu, a arrecadação da prefeitura cresceu mais ainda! Mas a prefeitura não fez a sua parte, não investiu em saúde e educação na mesma proporção.
Onde erramos? Planejamento? Controle? O leitor pode pensar: “Isso foi no passado, quando bandos de gafanhoto habitavam o palácio”. Que houve mudanças na atual gestão, houve. Resta saber se são suficientes para reverter o quadro.
Sei não. Há no ar um certo conformismo e continuísmo que espantam:
1. Custo dos cargos políticos. A Câmara custa aos itapevenses R$ 300 mil por mês, um absurdo, o dobro da de Avaré, seis vezes a de Itaberá. Número excessivo de secretarias municipais – qual é o custo com salários, diárias, telefone, carro, etc e tal?
2.A Câmara defende bravamente a construção do Palácio dos Vereadores, “chique no úrtimo”, 1.877 m2 (188 m2 por vereador!), R$ 1.481.340,00 (!) pra começar. E os pobres? “Os problemas sociais sempre vão existir”. Se o Dr. Ulysses lava as mãos, imagine os outros. Engenheiros calculam que R$ 500 mil dão para construir prédio bem razoável.
3.Sobre o fato de a mortalidade infantil, no período 2002-2006, ser a terceira pior da Região de Sorocaba (só perdemos para Bom Sucesso e Ribeira), o secretário da saúde, sr. Denílson, conformado (ou corporativista?), disse ao jornal Ita News que é “normal para Itapeva” e será revertida “em seis ou sete anos”. Normal uma ova! Itapeva, com a estrutura médica que tem, ter de esperar anos para alcançar ... nossos vizinhos mais pobres?
Que fique claro: O IPRS indica que, em relação ao passado, estamos caminhando. Mas a passos de tartaruga. Daí que outros municípios, mais pobres e mais eficientes na aplicação dos recursos públicos, estão nos deixando para trás em qualidade de vida. Em escolaridade, 156 municípios mais pobres passaram Itapeva. Em longevidade, 280. Não é de doer?
Sebastião Loureiro, da Transparência Itapeva e do Blog República.
(Se quiser ver o gráfico, clique aqui)
Marcadores: Artigos de SLA, GRÁFICOS, Itapeva IPRS
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