terça-feira, setembro 04, 2007

O efeito das 'escolas erradas' no Brasil
Blog do Carlos Sardenberg
Uma palavra sobre a pesquisa da organização Internacional do Trabalho mostrando que a produtividade do trabalhador brasileiro caiu no período de 1980 a 2005. Produtividade do trabalhador tem a ver com escola. Quanto mais educada a pessoa, maior a sua produtividade.

Ora, no mesmo período da pesquisa da OIT, aconteceram dois fatos importantes no Brasil nessa área:

1. o Brasil, finalmente, conseguiu colocar todas as crianças na escola;

2. houve uma verdadeira de explosão de alunos em cursos superiores.

Ora, como a produtividade pode ter caído?

Só pode ser porque estamos com as escolas erradas. As crianças vão à escola, mas não aprendem – pelo menos não aprendem aquilo que as tornaria mais aptas a conseguir bons empregos na economia moderna.

Quanto aos jovens/adultos, eles já perceberam a necessidade de ter faculdade. Mas quando vão à procura, o que encontram? Cursos (fracos) de Administração, Direito, Relações Internacionais (?), Propaganda e Marketing (sobrando!), Jornalismo (formando mais pessoas do que o tamanho do mercado), Educação, Letras, Pedagogia, humanas.

Nada contra, mas onde estão as boas escolas de engenharia, todas as engenharias, civil, mecânica, elétrica, eletrônica, naval, de minas e petróleo, de computação? Onde estão as boas escolas da área de Tecnologia da Informação, incluindo telecomunicações? Onde estão as boas escolas desse setor essencial para a economia moderna que é a biotecnologia?

Do mesmo modo, faltam as boas escolas técnicas de nível médio.

Claramente, estamos com as escolas erradas.

Os alunos se formam e não encontram emprego, pois o mercado precisa de outros profissionais. Uma pesquisa feito pelo pessoal do Gilberto Dimenstein, na área de Pinheiros/Vila Madalena, em São Paulo, encontrou um monte de jovens com diploma de segundo grau e sem emprego e um monte de empresas que não conseguem preencher vagas de nível médio.

Que vagas? Hostess de restaurante, maitre, cozinheiros e chapeiros, vendedores de livros, somelier, atendente em lojas de CDs e vídeos, vendedores nas grandes livrarias, dessas que vão de eletrônicos e livros propriamente ditos. Não há escolas suficientes formando esse pessoal.

De outro lado, a Petrobrás e outras grandes empresas vivem lutando para encontrar bons engenheiros.

Outro dado significativo: dos universitários brasileiros que fazem doutorado no exterior, com bolsa do governo, quase 60% estão na área de Humanas. Nada contra as Humanas, mas é evidente que está errada essa concentração. Há menos de 30% na área de engenharia e computação reunidas e menos ainda em biomédicas. É evidente que está errado.

Pegue a Coréia do Sul e a China: 80% dos que estudam fora estão nas engenharias e quase todos nos EUA.

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