Commodities agrícolas disparam e criam a "agflação"
Jamil Chade, O Estado de S. Paulo
O mundo vai ter de se habituar com a "agflação" (agflation), termo cunhado para designar a pressão cada vez maior gerada pelos alimentos e commodities agrícolas nos índices de inflação de vários países. Segundo um estudo da Organização das Nações Unidas (ONU), entre 2002 e 2006, preços de alimentos e commodities agrícolas sofreram em média elevação de quase 50%. A tendência, segundo a ONU, é de que a alta continuará "por alguns anos".
"Os efeitos podem ser dramáticos para os países em desenvolvimento que precisam importar alimentos", destacou a ONU, em uma avaliação sobre as commodities agrícolas publicada ontem.
Os dados da ONU apontam para um incremento que assusta empresas que dependem dessas commodities para sua produção.
Na Europa, produtores de frango apontam para o risco de elevação do preço do produto nos supermercados nas próximas semanas. Já empresas multinacionais, como a Nestlé e Kellogg’s, não escondem que tiveram de repassar os preços aos consumidores.
Pelos cálculos das Nações Unidas, o açúcar teve alta de 114% entre 2002 e 2006; o arroz subiu 58%; o café, 100,5%; a soja, 26%; as carnes, 20%; a banana, 29%; e o trigo, 32%.
Ainda assim, os valores reais estão abaixo dos preços dessas commodities nos anos 70. O problema, para os especialistas, é que o aumento não estava calculado nos custos de empresas e economias e os efeitos estão sendo sentidos em todos os mercados.
No Oriente Médio, por exemplo, a inflação, que era de 1,5% na região entre 2002 e 2005, passou a 4,8% nos primeiros seis meses de 2007 por causa dos preços dos alimentos. O temor é de que os valores subam ainda mais nas próximas semanas, com o início do Ramadã.
Na China, a carne de porco sofreu um aumento de até 50%; no Usbequistão, foram realizados protestos, depois de uma alta de quase 90% no preço do pão e da carne.
Investidores, no entanto, olham para o setor agrícola como uma oportunidade de lucros. O Deutsche Bank, por exemplo, criou um fundo de US$ 1,6 bilhão para investir no setor. Segundo o estudo da ONU, no período de apenas um ano (2006) foi verificado aumento de 28% nos investimentos no setor. A especulação, de acordo com a análise, também aumentou.
"O boom nas commodities agrícolas vai continuar a beneficiar os produtores", aponta as Nações Unidas.
Pelo menos dois fatores estão sendo apontados como a causa da alta. De acordo com o levantamento da ONU, um dos motivos é o incremento da demanda diante da maior renda de chineses e indianos. Outro fator que a ONU destaca é o uso de uma extensão cada vez maior de terras para a produção de commodities destinadas ao etanol. O caso mais crítico é dos EUA, que já prevêem para 2015 a utilização de mais de um terço de sua produção de milho para o combustível. AQUI
Interessante, o artigo. Explica muita coisa (de certa forma, a história do homem é a história da agricultura):
1-Explica a sorte de Lula. Seu principal feito é cantado como o aumento das reservas de moeda internacional (dólar), que funciona como amortecedor de crises. De onde veio o dólar? Das exportações agrícolas, sobretudo. Por quê? Porque os preços internacionais subiram 50 % em seu governo!
2-Ao longo do tempo, a tendência é de baixa dos produtos agrícolas, graças ao aumento da produtividade, proporcionado pelo conhecimento, tecnologia, tratores, sementes melhoradas, etc. Mesmo com a alta de agora, os preços estão abaixo do dos anos 70.
3-Vivam os chineses e indianos que estão comendo mais! Consequências?
Jamil Chade, O Estado de S. Paulo
O mundo vai ter de se habituar com a "agflação" (agflation), termo cunhado para designar a pressão cada vez maior gerada pelos alimentos e commodities agrícolas nos índices de inflação de vários países. Segundo um estudo da Organização das Nações Unidas (ONU), entre 2002 e 2006, preços de alimentos e commodities agrícolas sofreram em média elevação de quase 50%. A tendência, segundo a ONU, é de que a alta continuará "por alguns anos".
"Os efeitos podem ser dramáticos para os países em desenvolvimento que precisam importar alimentos", destacou a ONU, em uma avaliação sobre as commodities agrícolas publicada ontem.
Os dados da ONU apontam para um incremento que assusta empresas que dependem dessas commodities para sua produção.
Na Europa, produtores de frango apontam para o risco de elevação do preço do produto nos supermercados nas próximas semanas. Já empresas multinacionais, como a Nestlé e Kellogg’s, não escondem que tiveram de repassar os preços aos consumidores.
Pelos cálculos das Nações Unidas, o açúcar teve alta de 114% entre 2002 e 2006; o arroz subiu 58%; o café, 100,5%; a soja, 26%; as carnes, 20%; a banana, 29%; e o trigo, 32%.
Ainda assim, os valores reais estão abaixo dos preços dessas commodities nos anos 70. O problema, para os especialistas, é que o aumento não estava calculado nos custos de empresas e economias e os efeitos estão sendo sentidos em todos os mercados.
No Oriente Médio, por exemplo, a inflação, que era de 1,5% na região entre 2002 e 2005, passou a 4,8% nos primeiros seis meses de 2007 por causa dos preços dos alimentos. O temor é de que os valores subam ainda mais nas próximas semanas, com o início do Ramadã.
Na China, a carne de porco sofreu um aumento de até 50%; no Usbequistão, foram realizados protestos, depois de uma alta de quase 90% no preço do pão e da carne.
Investidores, no entanto, olham para o setor agrícola como uma oportunidade de lucros. O Deutsche Bank, por exemplo, criou um fundo de US$ 1,6 bilhão para investir no setor. Segundo o estudo da ONU, no período de apenas um ano (2006) foi verificado aumento de 28% nos investimentos no setor. A especulação, de acordo com a análise, também aumentou.
"O boom nas commodities agrícolas vai continuar a beneficiar os produtores", aponta as Nações Unidas.
Pelo menos dois fatores estão sendo apontados como a causa da alta. De acordo com o levantamento da ONU, um dos motivos é o incremento da demanda diante da maior renda de chineses e indianos. Outro fator que a ONU destaca é o uso de uma extensão cada vez maior de terras para a produção de commodities destinadas ao etanol. O caso mais crítico é dos EUA, que já prevêem para 2015 a utilização de mais de um terço de sua produção de milho para o combustível. AQUI
Interessante, o artigo. Explica muita coisa (de certa forma, a história do homem é a história da agricultura):
1-Explica a sorte de Lula. Seu principal feito é cantado como o aumento das reservas de moeda internacional (dólar), que funciona como amortecedor de crises. De onde veio o dólar? Das exportações agrícolas, sobretudo. Por quê? Porque os preços internacionais subiram 50 % em seu governo!
2-Ao longo do tempo, a tendência é de baixa dos produtos agrícolas, graças ao aumento da produtividade, proporcionado pelo conhecimento, tecnologia, tratores, sementes melhoradas, etc. Mesmo com a alta de agora, os preços estão abaixo do dos anos 70.
3-Vivam os chineses e indianos que estão comendo mais! Consequências?
- aumentou a procura, os preços subiram (de acordo com a lei de oferta e procura);
- os empresários e investidores vêem chance de lucro e investem para aumentar a oferta.
4-O autor critica a "ganância" dos investidores, que "no entanto, olham para o setor agrícola como uma oportunidade de lucros". É este mesmo o grande nó da esquerda: não gosta de lucro, não gosta de investidores. Mas como aumentar o consumo sem investidores "oportunistas" que invistam em produção, em tecnologia? Sem eles, a equação não fecha, porque simplesmente não foi encontrado um substituto eficiente para a lei de procura e oferta.
Marcadores: Agricultura
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