quarta-feira, julho 18, 2007

DE TIRADENTES PARA AÉCIO NEVES
Doutor Tancredo pediu-me que lhe escrevesse porque assombrou-se com o que fizeram os deputados da Assembléia Legislativa das nossas Minas Gerais. Pela segunda vez, votaram uma lei vil e néscia que mutila a ação dos promotores e dá foro privilegiado a 1.981 fidalgos da capitania.
Vosmecê já vetou essa regalia, mas eles insistem. Vete-a de novo.Seu avô acha que, pelo que me aconteceu, sou a pessoa adequada para suplicar a providência. Eu não tinha figura, valimento nem riqueza, mas meti-me numa conspiração de graúdos, com um desembargador (o Tomás), dois contratadores de impostos, um comandante dos Dragões (filho e sobrinho de governador), alguns padres e um notável ex-secretário do governo (o Cláudio). Coitado, foi assassinado dois dias depois de sua prisão. Não foi suicídio, sei quem o esganou.
Faríamos a Revolução antes dos franceses. Queríamos separar o Brasil de Portugal, proclamar a República, desvalorizar o câmbio e liberar a manufatura. Acho que libertaríamos os escravos (isso só ocorreu em 1888). Criaríamos uma universidade. Reconheço que muita gente estava mais interessada numa anistia das dívidas para com a Coroa. ÉLIO GASPARI
Pois é ... os fidalgos donos do Brasilzão não querem prestar contas da aplicação do dinheiro público, querem ficar livres como os reis absolutistas, que só prestavam contas a Deus. Para se prevenir, aprovam para si mesmos foro privilegiado (leia-se: justiça mais demorada ainda que a comum). Sabe como é, uma hora a casa pode cair, seja por ação de um promotor, de um jornalista, de um "sócio" passado pra trás, de uma mulher magoada...
É o tipo de prevenção que vale como confissão...
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