SUPLENTE DE ENÉAS TEVE SÓ 3.980 VOTOS
Com a morte do deputado Enéas Carneiro na semana passada, sua suplente, a dentista Luciana Costa, de 34 anos, tomou posse batendo todos os recordes negativos. Entre os atuais 513 deputados, dos quais dezoito são suplentes no exercício do mandato, ninguém teve tão pouco voto quanto Luciana Costa – em números absolutos ou proporcionais. Com os 3.980 votos que obteve em São Paulo, a nova deputada não conseguiria uma cadeira nem pelo estado de Roraima, que concentra o menor eleitorado do país.
"É uma aberração que só acontece em nosso sistema eleitoral proporcional e no sistema de lista aberta", diz o cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB). O modelo brasileiro funciona como uma compensação: um candidato bom de voto repassa suas "sobras" para os aliados do seu partido. Mas o que foi concebido para fortalecer os partidos acaba permitindo a eleição de candidatos com votações pífias. Na Finlândia, há um sistema proporcional muito semelhante ao brasileiro, e na Áustria usa-se o modelo das listas abertas, no qual o eleitor vota no candidato, e que também permite essa distorção. Mas em democracias populosas adotam-se regras diferentes. Nos Estados Unidos, cada distrito eleitoral elege seu deputado por maioria simples. Em países como Alemanha, Rússia ou Japão, que têm eleitorado numeroso, funciona um sistema misto, em que se aplicam o sistema distrital e o modelo de listas fechadas, no qual o eleitor vota para o partido. Em nenhum desses modelos é possível que um político se eleja com uma votação de síndico. NA VEJA
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