O BRASIL E A CULTURA DO COITADO
No Brasil, vigora o que certa vez um conhecido ator, com perspicácia, chamou de "cultura do coitadinho". Trata-se da idéia de que, se há algum problema com alguém ("coitado"), o governo "deveria fazer alguma coisa". Este é um comportamento que está impregnado em nossa cultura. O melhor exemplo disso é a forma como a mídia aborda por vezes a situação de personagens do passado e que, ao se retirarem da vida ativa, passam por dificuldades.
Uma vez, por exemplo, um importante jornal fez uma reportagem de página inteira sobre um cineasta que tinha feito um dos melhores filmes da história do cinema brasileiro e que ("coitado") sobrevivia com uma pequena pensão do INSS. Todo o teor da reportagem era de crítica à falta de sensibilidade do Estado pelo abandono a que relegava um dos seus melhores filhos. O mesmo pode ser dito sobre as reportagens recorrentes acerca da situação financeira de ex-jogadores de futebol que tantas glórias deram a um time ou ao Brasil e que também sobrevivem modestamente.
Não ocorre, porém, aos autores de tais reportagens, fazer algumas perguntas: nos anos de glória desse personagem, ele se lembrou de contribuir para o INSS pelo teto? E se o teto era insuficiente, ele tomou a iniciativa de procurar fazer uma poupança para quando a sua renda diminuísse? Por que, na ausência de um comportamento prudente dessas pessoas, sustentá-las deveria ser uma função do Estado?
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