domingo, outubro 29, 2006

Populismo X Tecnocracia
Conhecimento é poder
Do professor titular de ética e filosofia política na Unicamp, Roberto Romano
Caderno Mais!
"Na recente história política e cultural, muitas atitudes nomeadas como "populismo" uniram-se a todo um aparato tecnocrático.Demagogos podem servir como face humana de burocracias movidas por frios cálculos.
O poder nazista e o seu primo soviético usaram a liderança de massas e a conjugaram a sofisticadas engenharias geopolíticas, econômicas, psicológicas, propagandísticas e repressivas.
O "populismo" exagera a soberania popular, algo essencial no Estado de Direito. Tal atitude deixa na sombra outros requisitos do Estado, como a institucionalização jurídica, os mecanismos de comando e planejamento.
As pretensões tecnocráticas tendem a ignorar a soberania dos cidadãos, em prol da mecânica jurídica, econômica, científica, estratégica.
O Estado é um mecanismo complexo. Ele garante as ordens políticas e científicas que ampliam a vida.Mas, sem o poder do povo, o elemento técnico é desregulado ou serve apenas para a dominação oligárquica e mesmo totalitária.
"Conhecimento é poder". Nações que não têm o Estado democrático de Direito e não podem contar com saberes avançados recebem papel subalterno na ordem mundial.
No Brasil, ciência e técnicas ainda são assuntos exclusivos do governo. É preciso abandonar o feitiço das antinomias falsas.
Precisamos de poder soberano democrático. Urge produzir o maior número possível de novas técnicas. O resto é apenas o "ismo" da pura má-fé, disfarçada por máscaras ideológicas."

Aproveite para ler lá a entrevista do sociólogo e doutor em geografia humana Demétrio Magnoli. Vai aqui uma pequena amostra:
"A democracia brasileira tem produzido resultados sociais positivos que só são negados por cegos ou pessoas mal-intencionadas. Embora o governo Lula se apresente como promotor inicial dos avanços sociais no Brasil, as estatísticas mostram que desde 1992 a desigualdade diminui, a pobreza diminui e a inclusão social aumenta.
Também diminui a catástrofe da educação e a saúde pública melhora, embora lentamente. Tudo isso é produto da democracia e deve continuar.
A inclusão social é um dos temas mais fortes no discurso de Lula.
O governo Lula discursa como se o País tivesse entrado num processo de queda após o regime militar, que só foi interrompido com a chegada dele ao poder.
É o discurso típico de desvalorização da democracia, típico de um projeto salvacionista, de salvador da pátria.
Ele não reconhece nada de virtuoso antes dele. Nem a democracia é virtuosa. Mas a democracia brasileira tem raízes profundas e resiste ao salvacionismo.
Isso aqui não é a Venezuela, nem uma república de banana, embora o governo muitas vezes faça parecer." (aqui)

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