segunda-feira, julho 24, 2006

A política interna se tornou irrelevante, diz sociólogo

Francisco de Oliveira, 72, professor titular aposentado de sociologia da USP e um dos fundadores do partido do PT (se desligou em 2003) é entrevista na Folha de S. Paulo de hoje.

Fala do PSOL e de Heloísa Helena. Fala da formação do PT, do fenômeno da irrelevância da política, do desgaste das forças sindicais. “Tomem a última declaração de bens de Lula: a metade de seu patrimônio está em aplicações financeiras. É a cobra mordendo o próprio rabo.”

Das analogias entre Lula e Getúlio. “Lula não tem nada que ver com Getúlio. É o oposto: ele faz o movimento de excluir o proletariado.”

“O Bolsa-Família é algo que se pode entender a partir da irrelevância da política (...) assistencialista - é óbvio. Um instrumento de controle (...) uma espécie de clientelismo que não leva à política. Ela passa a ser determinada não por opções, mas pela "raça". Não é raça em termos raciais, é a "raça" da classe. É a morte da política.”

“De jeito nenhum (é desenhada a partir de direitos universais). Da mesma forma que as cotas, que as ações afirmativas. É uma antipolítica na forma de uma política. Vejo a questão das cotas no mesmo registro que o Bolsa-Família.”

“O papel transformador do PT se esgotou. O PT ficou dependente de Lula e não vai se libertar nunca mais. Talvez o PT tenha o destino do peronismo. Com essa política do Bolsa-Família , ele vai muito fundo, até as camadas mais pobres. E isso provavelmente fique como um legado para o PT pós-Lula. O que é extremamente perigoso, porque o partido peronista pós-Perón se tornou uma confederação de gangues. Eles se matam entre si. Eu não descarto esse cenário para o PT.”

“A aura transformadora do PT se foi, como no próprio peronismo.”

“A fronteira entre o legal e o ilegal acabou. Não existe. Estabeleceu-se um sistema de vasos comunicantes, e o PCC está no meio disso tudo. Deve estar no meio de altos negócios. Trata-se de uma questão de negócios.”

Vale a pena ler a íntegra: aqui.
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