terça-feira, novembro 30, 2010

Um quinto já esqueceu voto para deputado

Autor(es): Cristiane Agostine | De São Paulo
Valor Econômico - 30/11/2010
 

Um em cada cinco eleitores não se lembra mais em quem votou para deputado estadual, deputado federal e senador nestas eleições, de acordo com pesquisa feita pelo instituto Sensus, por encomenda do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O desconhecimento da população sobre as funções dos parlamentares ainda é grande: 40% disseram não estar bem informados sobre o papel exercido por seus representantes no Legislativo.
O maior distanciamento do eleitor é com a disputa pela Assembleia Legislativa, segundo a pesquisa. Dos entrevistados, 23% disseram não lembrar de quem escolheram para deputado estadual; 21,7% não se lembram do deputado federal em que votaram e 20,6 se esqueceram do voto para senador. A identificação do eleitor com os candidatos à Presidência da República e ao governo estadual é maior. Dos entrevistados, 89,7% disseram lembrar de quem votou para presidente. Para governador foram 80,6% . MAIS

O papel da oposição

Autor(es): A gencia/ O globo :: Rodrigo Constantino
O Globo - 30/11/2010
 
 Democracia não é a ditadura da maioria. O regime democrático requer condições básicas para funcionar, tais como liberdade de imprensa, limite constitucional ao governo, independência dos poderes e uma sólida oposição. Todos esses importantes pilares estão enfraquecidos no Brasil. O último deles será o foco deste artigo.

Mais de 40 milhões de brasileiros mostraram nas urnas que não estão satisfeitos com os rumos do país. Trata-se de um brado retumbante que garante legitimidade aos opositores do governo. Resta saber se a oposição vai cumprir com responsabilidade, união e coragem esta função delegada por tantos brasileiros. É o que se espera dela, e cabe às suas lideranças o papel de coordenar seus partidos nessa direção comum. Eximir-se dessa tarefa significa trair milhões de eleitores.


O papel da oposição é fundamental para fortalecer a democracia. Hibernar por quatro anos para reaparecer nas eleições é suicídio político. Compreende-se o receio de enfrentar um governo popular como o do presidente Lula, mas ter deixado de fazê-lo foi como dar um tiro no próprio pé.
MAIS

domingo, novembro 28, 2010

 Do blog Diplomatizzando:

Unasur e a clausula democratica: e quando o "golpista" é o proprio dirigente?

A Unasur aprovou uma "clásula democrática", como informa a matéria abaixo. Muito bom, muito bem.
Mas ela se aplica apenas em tentativas ou iniciativas de derrubadas de regimes regularmente eleitos por meios violentos, ou seja, golpes de Estado "clássicos" (se o termo se aplica).
E quando são os próprios dirigentes a minar a democracia em seu país? Nada a fazer?
Pois é isso o que vem fazendo alguns dos líderes políticos presentes na reunião da Unasur: eles vem minando, na verdade destruindo, a democracia por dentro. Sem golpes, apenas na base de decretos, de mudanças constitucionais e legais, algumas delas conseguidas por via plebiscitária, quando o líder cesarista, ou candidato a autocrata, exerce todos os seus poderes efetivos para convencer uma maioria de votantes (que podem não ser suficientemente esclarecidos) de que aquelas mudanças vão melhorar a vida desses votantes.
Contra esses "golpes legais" a cláusula da Unasur não serve para nada. Melhor ficar com a resolução democrática da OEA, a declaração de Lima (2001), muito mais exigente em termos de requerimentos democráticos.
Paulo Roberto de Almeida

sábado, novembro 27, 2010

Fome ainda atinge 11,2 milhões no País

Apesar do número elevado, estudo do IBGE mostra que 3,7 milhões saíram da situação de insegurança alimentar grave nos últimos 5 anos

27 de novembro de 2010 | 0h 00
Felipe Werneck / RIO - O Estado de S.Paulo Pelo menos 11,2 milhões de brasileiros passavam fome ou estavam sob risco iminente de não poder comer por falta de dinheiro, aponta o IBGE no estudo Segurança Alimentar, com dados de 2009. Na primeira edição da pesquisa, em 2004, o número era de 14,9 milhões. São 3,7 milhões de pessoas a menos em "situação de insegurança alimentar grave", uma queda de 24,8% em cinco anos. No período, a população do País aumentou 5,5%.
O estudo divulgado ontem foi feito em convênio com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Para o IBGE, o impacto do Bolsa-Família foi o principal fator para a redução do número de brasileiros que passam fome. O aumento do salário mínimo seria o segundo motivo.
"A queda foi muito importante, mas ainda há 11,2 milhões de pessoas que precisam ser vistas e cuidadas", diz a gerente da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE, Maria Lucia Vieira. "O objetivo é eliminar essa preocupação".
O secretário executivo do ministério, Rômulo Paes de Sousa, avalia que "o ganho foi excepcional para um período tão curto". Segundo ele, o objetivo do governo é acabar com a fome no País, mas a "supressão completa desse temor leva tempo". Para Sousa, a permanência de mais de 11 milhões de pessoas na situação grave deve ser relativizada. "A questão da insegurança alimentar aparece inclusive no país mais rico do mundo, os Estados Unidos", afirma. "Quando comparamos o Brasil com países que têm economia semelhante e investimento também em política social, como o México, a nossa situação é muito mais favorável", argumenta.
Segundo a pesquisa, apenas 65,8% dos brasileiros estavam em condição de segurança alimentar em 2009, ante 60,1% em 2004. Ou seja, no ano passado mais de um terço da população (34,2%) estava em situação de insegurança. São pessoas que apresentavam alguma restrição alimentar ou, pelo menos, preocupação com a possibilidade de ocorrer restrição por falta de dinheiro para comprar comida. Esse grupo se dividia em três categorias: 20,9% com insegurança leve, 7,4% com moderada e 5,8% na situação grave (11,2 milhões de pessoas). Do total na última classificação, 1 milhão eram crianças de 0 a 4 anos. Em 2004, a situação grave atingia 8,2% da população.

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'Papel da imprensa é criticar o governo' afirma sociólogo

Autor(es): Agencia o Globo/Leila Suwwan
O Globo - 26/11/2010
 
Magnoli contesta argumentos de ministro da Secom

O sociólogo Demétrio Magnoli criticou, no seminário sobre liberdade de imprensa, os argumentos usados pelo governo para defender a discussão sobre regulação da mídia. Para ele, interesses políticos do governo contaminam o que deveria ser uma discussão de Estado. Ele lembrou, por exemplo, que o próprio presidente Lula disse que a imprensa atua como partido.

- O governo tem obrigação de garantir a concorrência em setores da economia. Mas, quando se trata de informação e jornalismo, o governo é lado. O papel da imprensa é criticar o governo, este, o anterior e o próximo. Não é missão do governo assegurar a liberdade de imprensa, porque ele é parte interessada. Isso é papel do Estado. E a distinção entre governo e Estado desaparece com frases como "é função do governo promover a liberdade de imprensa", ou no discurso que diz que a imprensa é uma partido politico. Isso é posição de um governo que tem dificuldade de distinguir entre governo e Estado ou entre corrente política do e poder público - disse Magnoli. MAIS

quinta-feira, novembro 25, 2010

COMO SE LÊ, NÃO É SÓ NOS GROTÕES QUE GOVERNANTES CONTAM COM A "SIMPATIA" DE IMPRENSA CHAPA-BRANCA  

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No reino da lulosfera

Lula recebe Cloaca e outros amigos no Planalto
O Globo - 25/11/2010
 

Foi a primeira entrevista coletiva a favor. O Planalto escolheu dez blogueiros chapas-brancas para conversar com Lula. Sem contestação, ele se queixou do noticiário da mídia tradicional. Estava presente o blog Cloaca News, que diz publicar "as últimas do jornalismo de esgoto e dos coliformes da imprensa golpista".
Avesso a entrevistas, presidente abre agenda para falar a blogueiros chapas-brancas no palácio MAIS
 DÓLAR BARATO AUMENTA A POPULARIDADE DO GOVERNO, AJUDA A ELEGER SUCESSOR, MAS QUE QUEBRA O PAIS, QUEBRA  

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Importações do Brasil são as que mais crescem

Brasil é o país com maior crescimento das importações desde o início do ano
Autor(es): Jamil Chade
O Estado de S. Paulo - 25/11/2010

A expansão das importações no Brasil em 2010 é a maior entre 70 países analisados pela Organização Mundial do Comércio. Houve aumento de 46% entre dezembro de 2009 e setembro deste ano. O real valorizado e o fortalecimento do mercado doméstico são os principais motivos desse avanço. Ao final de dezembro do ano passado, o Brasil importava US$ 12,8 bilhões. No mês de setembro de 2010, esse volume já chegava a US$ 18,7 bilhões.MAIS

terça-feira, novembro 23, 2010

POR QUE QUASE NINGUÉM, NEM A OPOSIÇÃO DE SUA MAJESTADE, FALA DO "PROER" DO LULA/PT?


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 Do blog do Villa:

O caso do PanAmericano

O banco do SS faliu. A CEF perdeu 300 milhões. Ninguém informou o destino do dinheiro desviado. Até o momento não se sabe o valor do rombo. Não foi informado como o BC e as auditoriais não "notaram" o desaparecimento de 2,5 bilhões de reais. mesmo assim, com tudo isso, o assunto só não caiu no esquecimento porque a imprensa continua comentando (e cada vez dando menos espaço).
A oposição abdicou do tema sem sequer insistir em algum tipo de providência, investigação ou denúncia. É provável que esteja já pensando nas festas de final de ano.

Tudo indica que a oposição vai repetir no governo Dilma o mesmo desempenho dos últimos 8 anos.

Faculdade em Itapeva é investigada 
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MEC investiga 5 faculdades por problemas no Fies

As instituições teriam descumprido normas do financiamento estudantil e serão alvo de processo administrativo

23 de novembro de 2010 | 0h 00
Rafael Moraes Moura / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo Cinco instituições de ensino superior serão alvo de processos administrativos do Ministério da Educação para apurar possíveis descumprimentos das normas do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies). As portarias com o aviso foram publicadas ontem do Diário Oficial da União.
A Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul), a Faculdade de Ciências Sociais e Agrárias de Itapeva, a Faculdade Pio Décimo, a Faculdade Promove de Minas Gerais e a Faculdade São José terão dez dias para prestar esclarecimentos à Secretaria de Educação Superior (Sesu).
Segundo a Sesu, estudantes beneficiados pelo Fies denunciaram o não repasse de desconto para quem paga a mensalidade antes do prazo - portanto, é cobrado o valor integral. Só após a tramitação dos processos será verificado se existiam irregularidades, informou a Sesu.
Se confirmado o descumprimento das normas, as instituições podem ficar impedidas de aderir ao Fies por até três processos seletivos consecutivos, sem prejuízo para os estudantes já financiados, entre outras penas.
Em agosto, foram instaurados 11 processos pelo mesmo motivo, dos quais 2 foram arquivados após as instituições comprovarem ressarcimento dos alunos e do fundo. Os outros ainda tramitam. Segundo a secretaria, antes as instituições informavam o valor semestral no sistema do Fies. Neste ano, mudanças fizeram o aluno informar o valor semestral e os descontos oferecidos.
Criado em 1999, o Fies visa ao financiamento de alunos de cursos de graduação de instituições privadas. Recentemente, o crédito do Fies também ficou disponível nas agências do Banco do Brasil - antes, era exclusividade da CEF. De 1999 a 2009, foram firmados 562 mil contratos com R$ 6,4 bilhões. Em 2010, o número chegou a 58 mil. Apesar da publicação no Diário Oficial, a Unicsul informou que não havia sido oficialmente notificada até ontem e, por isso, não se pronunciaria. Porta-vozes das outras faculdades não foram encontrados.
JEITO PT DE GOVERNAR
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Chuva alaga novo planalto

Autor(es): Tânia Monteiro
O Estado de S. Paulo - 23/11/2010
 Reforma consumiu um ano e cinco meses de obra, custou R$ 103 milhões e não tem agradado

A chuva do fim da tarde de ontem na capital federal alagou o subsolo do Palácio do Planalto. Uma das salas, onde funciona a telefonia e comunicações, na saída dos elevadores do prédio principal, foi totalmente tomada pela água da chuva e os funcionários levaram mais de uma hora tentando limpar o local, sem sucesso. "A água está jorrando pelas tomadas", comentou um dos funcionários.
O serviço médico, que também funciona no subsolo, precisou ser fechado. Na parede da sala a água escorria como uma cascata. Ao tentarem acender a luz ocorreu um curto circuito, com faíscas saindo das tomadas. Tudo ficou no escuro. O gerador foi acionado, mas desligado depois.
Também houve problemas no quarto andar do Planalto, onde fica a Casa Civil, mas de menor intensidade. O Palácio do Planalto acabou de passar por uma grande reforma, que consumiu um ano e cinco meses de obra, ao custo de R$ 103 milhões. MAIS

Ardis monetários

Brasil S.A - Antônio Machado
Correio Braziliense - 23/11/2010
 

Cuidado com o que se deseja! Juro real de 2%, por exemplo, também pode vir só de mais inflação

É preciso cuidado com o que se deseja. A presidenta eleita, Dilma Rousseff, tem estimulado a projeção de que quer reduzir para 2% ao ano, em termos reais, até 2014 a taxa de juros, vulgo Selic, que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central determina em função das expectativas de inflação. Como o colesterol, tem a taxa de juros real — isto é, abatida a inflação — boa e tem a ruim. MAIS

FALTA DE CHUVA POR CAUSA DE LA NIÑA
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Ainda é grande a possibilidade de perdas consideráveis com La Niña, afirma Inmet

Valor Econômico - 23/11/2010
As produções brasileiras de soja e milho deverão sofrer perdas no próximo ano diante da expectativa de que a estiagem no Sul do país seja semelhante à de 2005, que foi a pior em 40 anos. A previsão é do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a agência meteorológica do governo.

O nível de chuvas abaixo da média em toda a região Sul desde outubro levou ao receio de que o Brasil vai perder grandes quantidades de sua safra que começa a ser plantada este ano e será colhida em 2011, disse Expedito Rebello, chefe de pesquisa do Inmet. A causa da redução no volume de chuvas está ligada ao fenômeno climático La Niña.

"Tivemos dias de muita chuva seguidos de longos períodos de seca, o que não é nada bom para a soja e o milho", afirmou Rebello em entrevista por telefone. "Se a estiagem persistir em dezembro, poderemos ver uma repetição do fenômeno de 2005", disse ele. MAIS

LULA SEM CREDIBILIDADE


"O governo Lula perdeu a credibilidade para propor uma discussão séria sobre qualquer regulação da mídia ao ser leniente com investidas contra a liberdade de imprensa." AQUI

segunda-feira, novembro 22, 2010

MUDANÇA NA MACROECONOMIA

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Dilma vai forçar a queda dos juros?
 
Autor(es): Carlos Alberto Sardenberg
O Estado de S. Paulo - 22/11/2010
 
Não é por nada, não, mas parece que o governo Dilma Rousseff vai tentar a política dos sonhos dos chamados "desenvolvimentistas": combinar a redução do déficit e da dívida públicos com o aumento, isso mesmo, aumento dos gastos do governo em custeio, pessoal, previdência e investimentos.

Não se trata de programa oficial, mas é o que indicam alguns sinais emitidos até aqui. Guido Mantega fica na Fazenda, diz-se, por seu perfil desenvolvimentista, que coloca o Estado investindo e financiando fortemente a atividade econômica. Por exemplo, comenta-se que uma de suas tarefas imediatas seria arrumar R$ 60 bilhões para o caixa do BNDES. Nos últimos dois anos, o governo tomou emprestado uns R$ 200 bilhões para repassar ao BNDES. Provavelmente, fará outra operação desse tipo. Além disso, estão em andamento diversas medidas que aumentam significativamente os gastos - como a elevação do salário mínimo, que cai direto nas contas do INSS - e outras providências que aumentam o endividamento, como a abertura de financiamentos para obras da Copa.

Mas, ao mesmo tempo, diz-se que a tarefa principal de Mantega será conseguir forte redução da dívida líquida do setor público em relação ao tamanho do PIB, isso compatibilizado com a redução dos juros reais dos atuais 5,5% ao ano (a.a.) para algo como 2%, em quatro anos. E mais a redução da meta de inflação, hoje em 4,5% a.a.

Pela lógica mais amplamente admitida entre os economistas, a sequência seria esta: uma forte redução da dívida pública abriria espaço para a queda da taxa real de juros. E essa redução da dívida teria de ser feita com a contenção ou diminuição das despesas não financeiras (custeio, pessoal, previdência e investimentos) ou com aumento da arrecadação de impostos ou com uma combinação.

Como pretende aumentar os gastos e a capacidade de financiamento do Estado, o governo Dilma teria um caminho arriscado: o truque é inverter a história e começar por reduzir os juros. Hoje, o governo faz o superávit primário e com esse dinheiro paga juros, com o que reduz a dívida pública.

Ora, as despesas com juros - pesadas, equivalentes a 5,5% do PIB - variam, em parte, com a taxa básica definida pelo Banco Central (BC), que incide sobre os títulos vendidos pelo governo. Uma boa redução dessa taxa, tal é o raciocínio, diminuiria a despesa financeira do governo, o que reduziria o tamanho da economia necessária para pagar juros. Ou seja, sobraria mais dinheiro para gastar com tudo o mais. É por isso, aliás, que o pessoal de Mantega sinaliza que pretende mudar a contabilidade do Orçamento público, incluindo as despesas com juros numa conta só. Ou seja, eliminando o conceito de superávit primário. 

Ficaria assim: de um lado, seriam postas todas as receitas; de outro, todas as despesas (custeio, pessoal, previdência, investimentos e juros). Hoje, estas superam as receitas em algo perto dos 2,5% do PIB.
Esse é o chamado déficit nominal. Seu limite de prudência, pela teoria mais aceita, é de 3% do PIB. Mas é claro que, se for a zero, a credibilidade do País vai lá em cima. Por isso o pessoal de Mantega tem dito que a meta é déficit nominal zero, um excelente alvo. Mas, pelo jeitão, eles pretendem chegar lá não pela virtude do ajuste das contas públicas, mas pela forte redução da taxa básica de juros, definida pelo BC. Por isso se tem dito em Brasília que Dilma comandará pessoalmente a área econômica, em geral, e o BC, em particular.
Mas como operar a queda dos juros? Hoje vale o regime de metas com BC autônomo. O Conselho Monetário Nacional fixa a meta de inflação (hoje 4,5% a.a., com tolerância de 2 pontos para baixo ou para cima) e o BC é encarregado de cumpri-la. Faz isso calibrando a Selic, hoje em 10,75% a.a. (uma campeã mundial). Outro ponto: a margem de tolerância é para situações excepcionais; o BC brasileiro persegue o centro da meta.

Há uma ampla teoria e boa prática fundamentando a ação dos BCs mundo afora. Resumindo: montam-se os cenários e, se a inflação futura está em caminho de alta, o BC eleva os juros, e vice-versa. A ideia é chegar à taxa de juros neutra - que mantém a inflação na meta e permite que a economia cresça de acordo com seu potencial. Obviamente, as questões mais complicadas são: qual a taxa neutra e qual o crescimento potencial da economia? Muitos economistas dizem que é impossível responder de pronto, no cálculo teórico. A coisa seria mais no ensaio e erro.

Hoje há uma divergência entre o BC e o setor privado. Para o BC, a taxa atual de juros nominais (10,75%) é suficiente para levar a inflação ao centro da meta (4,5%), mas isso ocorreria só no final de 2011. Fora do BC e do governo, o entendimento dominante indica que o BC terá de elevar os juros em 2011 para 12%, de modo a segurar a inflação nos 5%. Ou seja, nesse universo, ninguém crê que haja espaço, neste momento, para uma redução dos juros básicos. Mas na Fazenda, na turma de Mantega, e nas cercanias de 
Dilma Rousseff há quem entenda que os 10,75% são exagerados e que a economia do País já permite níveis mais baixos. Assim, seria preciso pessoas dessa tendência no BC para tentar essa alternativa. Que é perigosa.

Se estiver errada, ou seja, se for fixada uma taxa de juros abaixo do necessário, a inflação, que já está em alta, vai subir ainda mais e estourar o limite de tolerância. E aí? Os juros reais seriam menores, mas pelo lado errado: o do aumento da inflação. E esta é desorganizadora. Que faria o governo? Toleraria essa inflação mais alta ou voltaria a uma ortodoxia? E seriam necessários juros ainda mais altos.

Por outro lado, a conta de juros pode aumentar. O mercado, onde se compram e vendem os títulos públicos, forma os juros a partir da Selic e da avaliação de seu próprio cenário de inflação, o que inclui a credibilidade do BC. Se os compradores de títulos entenderem que o BC está sendo forçado a praticar juros básicos muito baixos, o risco de inflação cresce e, pois, os juros futuros. Ou seja, o custo da dívida aumentaria, num ambiente inflacionário, com dívida e gastos públicos elevados. Um desastre. E o resultado mais provável desse equívoco. Destruiria em poucos meses a credibilidade construída especialmente pela gestão de Henrique Meirelles no BC - este, sim, com seu BC autônomo, o principal responsável pela estabilidade.

 MENOS VENENO
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Indústria busca nova geração de agrotóxico menos agressivo

Autor(es): Alexandre Inacio | De São Paulo
Valor Econômico - 22/11/2010
Em meio às crescentes discussões sobre sustentabilidade e à adoção de legislações ambientais cada vez mais rígidas, as principais indústrias de defensivos agrícolas - os popularmente conhecidos agrotóxicos - preparam uma nova geração de produtos que devem agradar a produtores rurais e, ao mesmo tempo, receber menos críticas de ambientalistas.
O objetivo dessas empresas é também o grande desafio do setor: o equilíbrio entre a proteção dos cultivos, o aumento da produtividade da lavoura e o menor impacto sobre o ambiente e as pessoas envolvidas no processo. Nesse contexto, os novos defensivos que já chegam ao mercado promovem avanços em três frentes: reduzem o volume de doses aplicadas, solucionam o problema da resistência e fazem combinações para proteção de lavouras contra duas pragas, usando apenas um produto. AQUI


SAÚDE E EDUCAÇÃO AINDA NÃO SÃO PRIORIDADES  


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GASTO SOBE, MAS SAÚDE E EDUCAÇÃO SÓ LEVAM 10%

SAÚDE E EDUCAÇÃO, A MENOR FATIA
Autor(es): Regina Alvarez
O Globo - 22/11/2010
 

Uma radiografia das contas públicas nos últimos oito anos mostra que os gastos do governo federal subiram, mas áreas como saúde e educação ficaram com uma pequena fatia do bolo. De 2003 a 2010, as despesas de custeio cresceram de 15,04% para 17,51% do PIB. Mas, desse aumento, a saúde só leovu 2%, e a educação 8%. A Previdência e outras despesas vinculadas ao salário mínimo responderam por 55,4% do aumento. Outras despesas obrigatórias, com Legislativo, Judiciário e Ministério Público, cresceram mais de 30% no período. Para especialistas, é preciso aumentar o finaciamento público para saúde e educação e melhorar a qualidade dos gastos.


Apesar da expansão de PIB e gastos, só 10% do aumento das despesas foram para as 2 áreas MAIS

GANHOU. VAI LEVAR?  


"Pobre Dilma.Ganhou o direito de suceder a Lula. Agora luta em silêncio e com uma habilidade insuspeitada para ganhar também o direito de governar."  Blog do Noblat

sábado, novembro 20, 2010

Por que quase ninguém fala do "proer" do Lula/PT?


Ocorre que

quinta-feira, novembro 18, 2010

Aliança sem pudor

Brasil S.A - Antônio Machado
Correio Braziliense - 18/11/2010
 
Falseta do PMDB mostra que coalizão sem compromisso com programas vira balcão de negócios
A falseta do PMDB ao anunciar um bloco de partidos da base aliada para contestar a primazia do PT na partilha de cargos no governo foi outro flagrante de que coalizão descompromissada com programas leva apenas ao que se vê: um balcão de negócios sem pudores.

Não importa que o chamado “blocão” liderado pelo PMDB seria menor que o anunciado, com o desmentido do PP de que se associara ao PR, PTB e PSC para formar, sob as asas dos peemedebistas, uma bancada de 202 deputados, contra 88 do PT, num total de 513 parlamentares.


O recado foi dado: sem o PMDB e os partidos fisiológicos em geral — ou seja, todos — o futuro governo de Dilma Rousseff não governa.


No governo Lula também não há projeto a imantar sua coligação, só a divisão do poder, na prática, para vetar Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) — motivo real da tal “governabilidade” que inspira o que não passa de um arremedo de coalizão, já que sem princípios.
MAIS



Comentário: a democracia é o melhor regime, o que dá mais resultado, justamente porque é o único que adota o tripé da  boa administração: PLANEJAMENTO - EXECUÇÃO - CONTROLE/FISCALIZAÇÃO.   Daí porque, no Brasil, as coalizões são um chute no saco da democracia, vale dizer, da boa gestão.  Como se vê, a FISCALIZAÇÃO é a primeira vítima, e a porteira, então, fica escancarada para o livre corcoveio dos espertalhões...  A segunda vítima é o PLANEJAMENTO, que o Legislativo submisso delega ao hipertrofiado Executivo.

A encrenca de uma coalizão muito ampla

Política - Maria Inês Nassif
Valor Econômico - 18/11/2010
 

Não é bom ter o PMDB como amigo. Pior ainda tê-lo como inimigo. A presidente eleita, Dilma Rousseff, já deve ter percebido o tamanho do barulho que o PMDB faz e a enorme capacidade do partido de desferir golpes rápidos e certeiros em seus aliados, quando o assunto é participação na máquina do governo. Sozinho, o PT, com sua bancada de 88 deputados na Câmara, será incapaz de se contrapor a isso. E não parece ser do perfil da eleita dar nó em pingo d"água, como conseguiu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, à base da estratégia uma no cravo, uma na ferradura. MAIS

Comentário: a encrenca é por causa da ampla coalizão ou por causa de eventual fraqueza de uma presidenta sem liderança? Gostemos ou não, FHC teve forte liderança,  Lula também. E Dilma?

sexta-feira, novembro 12, 2010

Depois da eleição, o papo é bem outro:


DILMA DIZ QUE REAL VALORIZADO É RUIM E VAI MEXER NO CÂMBIO

  

'Fábrica de clones' faz campeões em série no interior do Paraná

Autor(es): Marli Lima | De Tamarana (PR)
Valor Econômico - 12/11/2010
 

O touro Irã, um conceituado reprodutor da raça Girolando, morreu no começo do ano. No domingo, ele vai nascer novamente na fazenda experimental da Universidade Norte do Paraná (Unopar), localizada em Tamarana, próximo a Londrina. O hospital veterinário está preparado para uma cesárea, marcada para as 8 horas.
Ao lado das instalações, três outros Irãs com quase dois meses de idade pastam tranquilamente. Outro clone, Canjica, uma vaca Brangus de nove anos, mantém contato direto com ela mesma, um clone de cinco meses. O parto que está perto de acontecer é cercado de expectativas. Embora não seja a primeira experiência da equipe envolvida, vai marcar o fim de uma etapa do projeto e o começo de outra, que prevê o desenvolvimento de animais transgênicos.
A "fábrica de clones" da Unopar, que até agora recebeu investimentos de R$ 2,5 milhões, vinha sendo mantida em segredo, à espera de bons resultados. Ela começou como um laboratório de fertilização in vitro em 2007, em parceria com pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA), e a experiência com clones teve início de 2009.
Hoje, professores da Universidade de São Paulo (USP) também fazem parte da equipe. "Não estamos fazendo clone pelo clone. A ideia é fazer cópias de animais campeões, mas pensamos também na pesquisa, em dar subsídio para a implantação de pós-graduação", diz o coordenador do projeto, Otávio Ohashi, da UFPA. Ele aprendeu a fazer clones no Canadá com o brasileiro Lawrence Smith, que trabalhou com Ian Wilmut, criador da ovelha Dolly, o primeiro mamífero clonado.
Em Tamarana, empregados da fazenda mostram empolgação com as novidades. "Vai nascer mais um Irã", comenta um deles, animado. Mas ainda há uma certa confusão na maneira correta de falar dos animais que estão logo à frente. Não são filhos do Irã. Não são irmãos do Irã. São o próprio Irã, todos com uma mancha branca na testa. Apenas um brinco com um número de identificação diferencia um do outro.
Mais emblemático é o fato de que no local também há filhos do Irã, mais velhos que os clones. "Começamos de brincadeira e saiu. Foi um susto", admite Marco Antonio Laffranchi, fundador e presidente da Unopar, que tem cerca de 140 mil alunos no ensino presencial e a distância, em 109 cursos. "Foi o primeiro clone do Paraná e o primeiro de uma universidade privada", completa.
Laffranchi, que lembra que Irã "era um touro magnífico", gostou dos resultados e decidiu ir além. O objetivo agora é avançar em transgenia. "O clone é o melhor caminho para a vaca transgênica e vamos chegar nela", afirma.
Em janeiro será dada a largada para o plano que prevê o nascimento de 10 a 15 clones por mês, alguns geneticamente modificados, que produzem proteína de interesse comercial (fármacos, como o hormônio do crescimento) e são a aposta de um bom retorno financeiro. O empresário, de 74 anos, também é dono de agropecuária e de quatro fazendas. O faturamento do grupo não é revelado.
Ele conta que 2 mil bezerros vão ser fecundados no laboratório em 2010 e fechou contrato de exportação de mil embriões de Girolando para o Panamá. Será a primeira venda externa e há outra negociação em andamento, para exportação de gado para a Argentina. Questionado sobre o que pensa de clonagem humana, a resposta é rápida. "Tenho medo. Eu não faria."
Os quatro clones que estão na fazenda da Unopar são quase como um troféu para os pesquisadores. O biólogo Moysés Miranda, também da UFPA, diz que eles terão vida normal. Mas nem todos os clones planejados sobreviveram. Para a cópia geneticamente idêntica de Canjica foram feitas 19 transferências de embriões para barrigas de aluguel. Sete resultaram em gestação, quatro animais nasceram e um sobreviveu.
No caso de Irã, das 25 transferências, 13 viraram gestações, nove nasceram e três estão vivos. Além de problemas pulmonares e cardíacos, alguns clones nasceram com umbigos grandes, que resultaram em cicatrização mais demorada e em morte por infecção. Um nasceu também muito pesado, com 58 quilos, quando o esperado é por volta de 36. Mesmo assim, o biólogo Paulo Roberto Adona, da Unopar, diz que um dos grandes diferenciais da equipe é a "alta taxa de prenhez e de nascimentos".
O cuidado pré e pós-nascimento, após 285 dias de gestação, é intenso. A equipe multi-institucional e multidisciplinar é composta por 30 pessoas, entre professores e alunos. A indução do parto da vaca que carrega na barriga o 10º Irã começou na quarta-feira. Duas pessoas vão fazer a cirurgia e o clone receberá os cuidados neonatais, para saber se está respirando bem, como estão os batimentos cardíacos e o tamanho do umbigo.
Ele vai para um berçário para receber banho de água fria, depois quente, e ser esfregado por compressas que simulam a língua da vaca e estimulam a circulação. Também receberá nas primeiras seis horas mamadeira com colostro coletado de outro animal, para aumentar a imunidade - nem sempre a vaca que carrega o clone produz leite. O bezerro fica no hospital em observação por 15 dias, com acompanhamento 24 horas. Na sala de medicamentos há até genérico do Viagra, para estimular o coração do bicho.
Além do 10º Irã, há mais quatro gestações de clones em andamento em Tamarana. Todos foram feitos a partir de células somáticas, que formam órgãos, peles e ossos (a Dolly foi feita com células mamárias). Na Unopar, são retirados fragmentos da pele da base da cauda dos animais. Essas células são transferidas para óvulos que tiveram o material genético (núcleo) da vaca retirado. Com estímulos elétricos, ocorre a fusão que gera um embrião. Ele é transferido para a barriga de aluguel no 8º dia e o clone nasce nove meses depois.
Uma vez dominada a técnica, é possível obter animais com qualidade zootécnica de modo mais rápido que a reprodução natural. O método deve ser usado em breve também para a reprodução de bois termotolerantes, que resistem a temperaturas mais elevadas.

terça-feira, novembro 09, 2010

Qual oposição?

Densidade eleitoral, ela tem. Falta sinalizar claramente para o País as alternativas que representa

José Álvaro Moisés

Os resultados da competição eleitoral provocaram, como seria de esperar, euforia e júbilo do lado dos vencedores, e perplexidade e mal-estar do lado dos derrotados, mas enquanto no primeiro caso a presidente eleita se esforça para emitir sinais sutis de que pode introduzir mudanças na orientação do novo governo, no caso da oposição são ainda tênues e insuficientes as indicações de que o recado das urnas foi assimilado. Satisfeitos, de alguma maneira, com o fato de que o PSDB e o DEM conquistaram dez governos estaduais, representando mais da metade do eleitorado do país, as primeiras manifestações dos dirigentes desses partidos não mostraram se e como eles avaliam as causas de suas derrotas em 2002, 2006 e 2010 na disputa pelo comando do Estado. A necessidade de se reinventar para estabelecer novas bases de diálogo com os eleitores está demorando para sensibilizar os dirigentes da oposição.

A questão não é simples e envolve uma preocupação relevante: a democracia não pode funcionar adequadamente sem uma oposição robusta, vigorosa e competente. Como observaram Robert Dahl e Giovanni Sartori, entre outros, a democracia é o regime da participação popular e da contestação política, mas além de supor eleições livres e competitivas, ela depende também da existência de uma oposição suficientemente autônoma e forte para ser capaz de limitar o poder e controlar o desempenho da maioria. A oposição não pode impedir a maioria de existir e agir, mas ela tem de ter acesso a meios institucionais adequados para avaliar a legitimidade da atuação do governo e ser capaz de defender os direitos das minorias. Mais do que isso, a oposição tem de ser capaz de sinalizar para a sociedade a qualidade das alternativas que ela defende, de modo que os cidadãos, em sua condição de eleitores, possam avaliar e julgar os governos a que estão submetidos; isso, no entanto, não pode ser apresentado apenas durante as campanhas eleitorais, tem de ser parte do cotidiano da política.

Importante em qualquer democracia, isso é mais ainda em uma sociedade marcada por tantas diversidades sociais, culturais e políticas como o Brasil, em que o vencedor das eleições presidenciais se elege com pouco mais da metade dos votos válidos, mas tem de governar também para a outra metade da nação que opta tanto por alternativas políticas diferentes, como pela não-escolha (abstenções somadas aos votos brancos e nulos no 2° turno deste ano foram mais de 28%, representando mais de 36 milhões de eleitores). Assim, se envolve cooperação entre forças políticas distintas, a democracia também depende de que posições conflitantes sejam toleradas, possam se expressar e estejam representadas no sistema político. Essa exigência depende de que a lei e as instituições a assegurem, mas a garantia de seu funcionamento depende muito da existência de uma oposição ativa.

Nas democracias consolidadas, o sucesso da oposição está associado a fatores como a sua coesão interna, a preservação de sua identidade e a capacidade de sinalizar que se constitui em alternativa, ao mesmo tempo, viável e melhor do que a oferecida pela coalizão governante. Nos últimos oito anos, no entanto, a oposição ao governo Lula e ao PT, centrada no PSDB, no DEM e no PPS, não conseguiu atender direito a esses requisitos: a disputa interna por posições de poder, a dificuldade de assumir um perfil político diferente da coalizão governante e a ausência de projetos capazes de sinalizar as mudanças econômicas, políticas e sociais necessárias ao estágio atual do País não ajudou a oposição a conquistar o coração e as mentes da maioria dos eleitores brasileiros. Exemplos disso foram as três últimas campanhas presidenciais: como sugeriu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o PSDB virou as costas para a sua história, deixou de lado as conquistas alcançadas em seus dois governos e foi incapaz de explicar por que a estabilidade econômica, o controle da inflação e as privatizações eram parte de um mesmo projeto de desenvolvimento e bem-estar da sociedade. Menos transparente ainda foi a posição quanto a programas como o Bolsa-Família: primeiro, pareceu que a oposição recomendava abandonar o programa por seu caráter assistencialista, sem apontar o caminho para se enfrentar a dependência política que ele de fato cria; depois, na campanha, o programa foi objeto de promessas de expansão, agora sem indicar como romper com o assistencialismo e torná-lo parte de um projeto social e econômico mais abrangente.
Muitas das dificuldades para se constituir em alternativa política competitiva se devem ao fato de os partidos de oposição não terem se enraizado na sociedade, sendo incapazes de captar os sentimentos e os anseios de seus diferentes segmentos. Diferentemente do PT, o PSDB, o DEM e o PPS não conseguiram mobilizar e recrutar a classe média, os estudantes, os intelectuais e os artistas, os empresários - para citar apenas setores usualmente mais interessados na participação política; mais espantoso ainda é o caso do PSDB, partido auto-definido como social-democrata, mas que nunca se esforçou para formar uma base sindical sólida que lhe permitisse disputar com as demais forças a condução do movimento; nem mesmo quando os sindicatos brasileiros foram recooptados pelo Estado, no governo Lula, as vozes da oposição foram fortes o suficiente para mostrar à sociedade civil as implicações antidemocráticas dessa tendência neo-corporativista.
Preferindo agir quase que exclusivamente no âmbito do Congresso Nacional (na produção de leis, normas jurídicas e políticas públicas), a oposição tampouco se esforçou em trazer para o debate público o fato de que, diante das enormes prerrogativas reservadas ao Executivo pela Constituição de 1988, ela tem as suas mãos atadas. Não são apenas as MPs que travam a ação do Congresso, mas também as prerrogativas presidenciais únicas de iniciar leis, pedir urgência urgentíssima para suas matérias e elaborar o orçamento da união; por isso, o Executivo tornou-se o grande legislador da democracia brasileira, limitando muito o exercício das funções de fiscalização e controle do parlamento. A atuação da oposição, em anos recentes, foi insuficiente para enfrentar esse nó institucional, tendo faltado suas iniciativas para debater a questão com a sociedade - o que, em parte, deixou o Congresso Nacional isolado e objeto de enorme desconfiança pública.
Um grande desafio ronda, portanto, a oposição nos próximos anos: a sua capacidade de se reinventar. PSDB, DEM, PPS, e agora também o PV, terão de encontrar os seus pontos de convergência e cooperação, mas como ocorreu outras vezes na história terão de ir ao povo se não quiserem desaparecer. A questão não pode, no entanto, ser simplificada por uma razão conhecida: em muitos aspectos, a coalizão liderada pelo presidente Lula se apropriou em políticas que tinham sido introduzidas pelo governo FHC, deixando a oposição em uma situação difícil, como se não tivesse bandeiras próprias. A oposição não soube explicar isso ao País e um dos seus desafios, agora, será reconhecer que parte das bandeiras social-democratas está sendo realizada pelo PT e descobrir, nessa situação complexa, o seu papel diferencial: que políticas econômicas e sociais de longo prazo podem ser apresentadas pela oposição? Quais as suas vantagens e viabilidades? E como traduzir isso para uma maioria de eleitores aparentemente satisfeita com as políticas desenvolvidas pelas coalizões dirigidas por Lula e o PT?

Essas questões serão, por certo, objeto de novas propostas de gestão de parte da oposição, uma vez que apontem para o projeto de sociedade que se deseja construir, mas talvez o modo mais eficaz dela se reapresentar à sociedade seja avançar também em um terreno em que o PT e o presidente Lula têm deixado a desejar: na defesa e no aprofundamento da democracia representativa. Não há dúvida de que temos democracia no Brasil, mas em várias áreas a qualidade do regime é de baixa intensidade: o império da lei ainda não está plenamente estabelecido, alguns direitos de cidadania valem mais para alguns segmentos do que para outros e os mecanismos de avaliação e controle do desempenho dos governos (accountability horizontal e vertical) ainda funcionam precariamente. Além disso, há áreas de claro déficit de representação: o sistema de eleição proporcional não assegura uma relação adequada entre representantes e representados, e os mecanismos de financiamento de campanhas eleitorais, além de torná-las excessivamente caras, são fonte de corrupção e de desconfiança dos cidadãos. A oposição pode mostrar como essas distorções contrariam os princípios de liberdade e igualdade; e empunhar, entre outras propostas, a bandeira do voto distrital e da recuperação da autonomia do Legislativo, propugnando, sem medo de acusações de udenismo, pela introdução de mecanismos mais rigorosos de combate à corrupção. Sua identidade se definiria, assim, pelas propostas de aprofundamento da democracia e pelas implicações disso para a expansão dos direitos de cidadania.

A palavra está com os novos governadores, senadores e deputados eleitos; eles têm a densidade eleitoral necessária para reinventar a oposição e surpreender o País. Esperemos que façam isso.

José Álvaro Moisés é professor de Ciência Política da USP e autor, entre outros livros, de 'Democracia e Confiança - Por que os cidadãos desconfiam das instituições públicas' (Edusp, 2010

Do blog do Orlando Tambosi

 

Do blog do Josias de Souza

Jeito petê de governar  
 
***

TCU anota malfeitos ‘graves’ em 32 obras;18 do PAC

Como faz há 14 anos, o TCU concluiu a vistoria dos canteiros de obras que serão aquinhoados com verbas federais no Orçamento da União.

Foram varejados 231 empreendimentos. Negócios de R$ 35,6 bilhões.

Os auditores identicaram “irregularidades graves” em 31 obras, das quais 18 são do PAC.

Entre os malfeitos mais comuns estão: sobrepreço, superfaturamento, licitação irregular, falta de projeto executivo e problemas ambientais.

O relatório vai à Comissão de Orçamento do Congresso, que se encontra debruçada sobre a programação dos gastos de 2011, ano inaugural da gestão Dilma Rousseff.

Como de hábito, o TCU recomenda que sejam suspensas as obras até que as irregularidades sejam sanadas.

O problema é que, a despeito de carregar o nome de “tribunal”, o TCU é mero órgão auxiliar do Congresso.

Significa dizer que os congressistas que integram a Comissão de Orçamento podem acatar as recomendações ou tratar o TCU como "tribunal de faz de contas”.

Na hipótese de o Orçamento incorporar as indicações do TCU, a encrenca vai à mesa do presidente da República. Que pode sancionar ou vetar o que bem entender.

No rol de obras que o TCU sugere paralisar, estão dois canteiros que já constavam do relatório do ano passado. Obras da Petrobras

Duas refinarias: a Repar, no Paraná, e a Abreu e Lima, em Pernambuco. Numa, os auditores detectaram sobrepreço de R$ 1,4 bilhão. Noutra, de R$ 1,3 bilhão.

No ano passado, o Congresso ecoou o TCU e mandou parar. Lula vetou a proibição e deu curso às obras, agora de volta à lista negra.

sábado, novembro 06, 2010

NEM SEMPRE TEM PÃO QUENTE: BAIXO CRESCIMENTO MUNDIAL É AMEAÇA PARA DILMA
   
Leia:
"Baixo crescimento. Tolerância inflacionária. Desalinhamentos cambiais. Dívidas astronômicas e déficits elevados. Esse é o mundo que Dilma Rousseff enfrentará quando assumir a Presidência da República em janeiro de 2011. É um mundo bem diferente do encontrado por Lula em 2003 e, curiosamente, muito parecido com o dos anos 70, década que tanto inspira alguns dos interlocutores mais próximos de Dilma.
Para tratar os problemas de excesso de endividamento, a economia global caminha para uma “solução” estagflacionária, isto é, uma combinação nefasta de estagnação com inflação alta." AQUI

Uns são mais iguais ...


UNS SÃO MAIS IGUAIS ...   


"Segundo o Tribunal de Justiça do Maranhão, a Constituição veda a denominação de obra e locais públicos com nome de pessoas vivas, [...]

excetuando o caso de pessoas ilustres."  AQUI

sexta-feira, novembro 05, 2010

BARBARIDADE!

"O Brasil tem hoje a mesma média de anos de estudo que o Zimbábue, o país africano com o pior IDH do mundo." AQUI
PIORA NA EDUCAÇÃO

"Brasil fica na 73ª posição do ranking de Desenvolvimento Humano. Renda melhorou, mas houve uma piora na qualidade da educação"  AQUI

quinta-feira, novembro 04, 2010

hélio schwartsman

Folha.com

04/11/2010 - 00h01

Gestão Lula, sucesso ou desastre?

Passada a eleição, acho que é hora de um balanço dos oito anos de Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência da República. Façamo-lo pelo método cebola, que é o de analisar por camadas.
Numa primeira leitura, a administração foi um sucesso. Provam-no os mais de 80% de popularidade obtidos pelo mandatário e, principalmente, o fato de ter conseguido fazer seu sucessor, mesmo sendo ele Dilma Rousseff. Nada pessoal contra a presidente eleita --a quem desejo sucesso--, mas, convenhamos, ela não foi a candidata dos sonhos dos marqueteiros: não é exatamente uma miss simpatia nem excele na arte de Cícero.
Voltando a Lula, os brasileiros ainda não ficamos todos malucos. Sua gestão é bem avaliada porque tem resultados bastante positivos a exibir, especialmente no campo econômico. Para além do fato de o Brasil ter passado sem grandes solavancos pela crise mundial, a pior desde 1929, foi sob Lula que amplos contingentes da população entraram no maravilhoso mundo do consumo, seja, na fatia mais pobre, através de programas como o bolsa-família e o aumento real do salário mínimo, seja, nos setores médios, por meio da ampliação do crédito e de ferramentas indiretas como o Prouni. Não chega a ser um ovo de colombo. A pergunta que cabe aqui é: por que ninguém fez isso antes? Sob essa chave, é mais do que justo que Lula e seus aliados gozem dos dividendos eleitorais proporcionados por essas políticas.
Numa segunda camada, porém, acho que dá para afirmar que o PT não é o único --e nem mesmo o principal-- artífice da bonança econômica. O Brasil vai agora relativamente bem porque se formaram alguns consensos importantes em relação, principalmente, a qual modelo seguir. Desde então, paramos de inventar bruxarias e tentar reinventar a roda. Firmes em direção a um norte, e com uma mãozinha da China que compra quase tudo o que somos capazes de extrair da terra, os resultados apareceram.
Para sermos honestos, é preciso dizer que esse consenso se formou apesar do PT, que, enquanto estava na oposição, fez o possível para sabotá-lo. A cada oportunidade que tinham, Lula e seus seguidores denunciavam o ajuste fiscal, as privatizações e a própria economia de mercado, a que tachavam de neoliberalismo. Foi só na iminência de chegar ao poder que o partido finalmente aderiu ao consenso, cujas sementes haviam sido lançadas na gestão Fernando Collor de Mello e que ganhou corpo sob o governo de Fernando Henrique Cardoso. Numa das mais reveladoras declarações de sua carreira, o já presidente Lula admitiu que, enquanto oposição, o que partido fazia eram "bravatas".
Resquícios desse discurso "bravatista" apareceram agora na campanha, quando Dilma tentou apresentar José Serra como o homem que privatizaria a Petrobras. Se quisermos há elementos dessa retórica na própria administração, em especial nas relações externas, que ainda tentam pintar os EUA como a encarnação do mal e ensaia desastradas aproximações sentimentais com regimes que se afirmem de esquerda ou se oponham ao "império".
Aqui, o analista generoso afirmará que o PT, depois de muito tempo, finalmente aprendeu o beabá dos fundamentos econômicos e mudou para melhor. O crítico mais impiedoso dirá que são um bando de oportunistas que dançam conforme a maré e tomam para si glórias alheias. De minha parte, fico no meio do caminho entre essas duas posições mais caricaturais.
A terceira camada é mais difícil de descascar. São os gomos da ética. No espaço de menos de dois anos, entre o início da administração, em 2003, e a eclosão do escândalo do mensalão, em 2005, o PT passou de partido principista, que não admitiu nem mesmo participar do "espúrio" colégio eleitoral que elegeu Tancredo Neves e pôs fim ao ciclo autoritário, a legenda pragmática radical, que se alia sem hesitar aos Sarneys, Collors e Renans deste país.
E aqui, que me perdoem os intelectuais do PT, não dá para pretender que o partido esteja promovendo algum tipo de revolução silenciosa. Muito pelo contrário, qualquer transformação minimamente progressista do Brasil passaria por contrariar ativamente os interesses dessa oligarquia. Não fazê-lo é, na minha leitura, o atestado de óbito ideológico do PT.
Não estou evidentemente dizendo que teria sido fácil livrar o país de suas centenárias estruturas de perpetuação do atraso. É até arguível que seria impossível fazê-lo. O que afirmo, e lamento, é que, quando chegou ao Planalto e teve a oportunidade de pelo menos tentar modernizar o Brasil, o PT preferiu o caminho mais confortável de compor com os inimigos de ontem para com eles partilhar as prebendas de hoje --e amanhã.
Muito mais do que uma mudança estrutural, o governo Lula representou uma mera troca de guarda entre os inquilinos do poder. Enquanto os deuses da economia sorriem para o país, é relativamente fácil administrar a casa. Mas, quando a situação se inverter, em algum momento dos próximos anos, os limites das atuais políticas ficarão claros. As alianças de hoje darão sinais de instabilidade e, no pleito seguinte, quase certamente experimentaremos uma alternância no poder. É o ritmo da democracia.
Nesse meio tempo, é claro, estamos melhorando, embora não na velocidade desejável. Um setor tão fundamental como a educação ainda se ressente de uma revolução qualitativa. Mas melhorar é a ordem natural das coisas. Exceto em casos de guerra ou de crises catastróficas, a humanidade caminha sempre para a frente. Muito mais raros --e preciosos-- são aqueles líderes que introduzem ou dão substância a mudanças de paradigma, seja na economia, na política ou nos costumes. E isso Lula não fez.
Um juízo mais conclusivo da administração depende evidentemente das expectativas iniciais do eleitor. Para quem não esperava nada ou temia o caos, Lula foi uma grata surpresa. Já para quem apostava no PT da ética e dos princípios republicanos, a gestão revelou-se desastrosa. Façam suas escolhas.

Do blog do Noblat

Enviado por Ricardo Noblat -
4.11.2010
| 2h08m

Ambiente brasileiro de negócios passa para 127ª posição

Fabiana Ribeiro, O Globo
Está mais difícil ser empreendedor no Brasil, aponta o oitavo relatório anual "Doing Business 2011" (Fazendo Negócios), do Banco Mundial, que avaliou o mundo dos negócios no ano passado.
Num universo de 183 países, o ambiente brasileiro de negócios ocupa a 127ª posição, ante a 124ª no estudo do ano anterior. O relatório indica que, apesar de o país ter implementado melhorias no processo de abertura de empresas, faltam iniciativas para que o Brasil suba no ranking.
Assim, perde para nações como Peru (36), Argentina (115), Chile (43), China (79) e está logo abaixo de Moçambique (126).
- A posição do Brasil ainda é vergonhosa. A não ser por avanços como o Supersimples e o microempreendedor individual, nada é feito - disse Francisco Barone, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV).
No Brasil, são necessários 15 procedimentos burocráticos para se abrir uma empresa - o que pode levar 120 dias. Um cenário que coloca o país na 128ª posição nesse quesito.
Obter um alvará de construção leva 411 dias e envolve 18 procedimentos.
Fechar a empresa, contudo, pode ser ainda pior: são necessários quatro anos para conseguiu dar fim ao negócio que não deu certo.
Leia mais em Ambiente para negócios no Brasil piora em ranking do Banco Mundial

quarta-feira, novembro 03, 2010

Do blog do Reinaldo

03/11/2010
às 19:42

Primeira promessa de Dilma depois de eleita não dura 24 horas: um dia depois de negar a volta da CPMF, Lula defende o imposto ao lado da presidente eleita, que concorda com tudo em silêncio

Da fala transcrita no post abaixo, faço um destaque e avanço um pouco na reprodução da fala do presidente:
É importante lembrar QUE NÓS APROVAMOS TUDO O QUE NÓS QUERÍAMOS NO CONGRESSO NACIONAL, com exceção da CPMF, que, embora a gente teve maioria, faltou um voto só para a gente ganhar a CPMF. Mas agora, essa nova safra de governadores que vão vir aí, eles vão dizer para vocês o que eles vão querer. E todo mundo sabe que vai precisar de dinheiro para a saúde. Se alguém souber da onde que é possível tirar dinheiro, que nos diga”.
Pergunta um jornalista:
Há uma idéia de voltar a CPMF?
LULA - Veja, eu estou deixando a Presidência da República daqui a dois meses. Acho que foi um engano ter derrubado a CPMF. E eu acho que alguma coisa tem de ser feita para a área da saúde. Se a gente quiser levar tratamento de alta complexidade, que todos os políticos têm… É verdade: que todo jornalista tem, aqueles que pagam plano médico. Todos os deputados têm, todos os senadores têm um plano médico que eles pagam. Portanto, eles, quando entram num hospital, eles faz (sic) quinhentos exame naquelas máquinas sofisticadas. [TOCANDO NO OMBRO DE DILMA] Se a gente quiser levar isso para a sociedade, nós precisamos ter mais recursos. E aí é uma questão…
PERGUNTA - A presidente eleita é a favor da volta da CPMF?
LULA - Aí eu não sei. Olha, eu vou parar a minha parte por aqui…
Voltei
Está tudo muito claro, não? Agora vamos ler o que Dilma disse ontem na entrevista concedida à Band:
“Eu não pretendo [recriar a CPMF]. Eu pretendo, no caso de reforma tributária, fazer uma redução tributária. Reduzir os tributos sobre investimentos, fazer uma avaliação sobre a questão da folha de salário. Reduzir os impostos sobre medicamentos e saneamento também. E, sobre a energia elétrica, depende de uma discussão com os governadores”.
Alguém poderá objetar: “Mas quem falou foi Lula, não Dilma”. Ela estava ao lado. Ouviu tudo com o silêncio da aquiescência. Na prática, a promessa feita na Band não durou 24 horas. Ela vai tentar recriar a CPMF ou não? Não dá para saber. Já há elementos para concluir uma coisa e seu contrário.
O que se tem como certo é que, caso a proposta volte a ser debatida, o governo Dilma vai exigir a cumplicidade da oposição. Sabemos agora, também, QUE NÃO EXISTE, ENTÃO, DINHEIRO PARA CUMPRIR TODAS AS PROMESSAS FEITAS DURANTE A CAMPANHA ELEITORAL. Dilma se esqueceu de dizer, enquanto pedia votos, com quais recursos pretendia pôr em prática a sua ‘revolução” na área da saúde. O truque já está evidente: vão fazer o ensaio para recriar o imposto, sim. Se a oposição não tomar dividir esse ônus, o governo tentará jogar nas sucas costas a responsabilidade pelo caos que vive a área. Caberá aos oposicionistas cair no truque ou, bem…, fazer política. Afinal, eles deverão se lembrar de que, caso topem a proposta, jamais serão sócios de eventuais benefícios que a medida poderia trazer — e ainda queimam o filme com aqueles que se opõem à cobrança.
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