quarta-feira, março 31, 2010

AUMENTO POR MÉRITO

"O governo estadual [SP] anuncia hoje ... que 45 mil docentes da rede (os 20% mais bem avaliados) ganharão um aumento permanente de 25%.

O reajuste faz parte de programa aprovado em outubro, que beneficia professores com as maiores notas numa avaliação de conhecimento." MAIS

Em sua 2ª edição, Agrovia será ampliada

Evento começa no dia 7 e prossegue até o dia 10 de abril, na Fazenda São Paulo, em Itapeva (SP)

31 de março de 2010 | 3h 30
O Estado de S.Paulo

A segunda edição da Agrovia, Encontro Técnico de Agronegócios, ocorrerá entre 7 e 10 de abril, na Fazenda São Paulo, em Itapeva (SP), no sudoeste paulista. A feira deste ano dobrará de tamanho, ampliando o recinto, o número de expositores, palestras e ganhará área exclusiva para exposição de animais, com julgamento e premiação aos participantes e leilão de gado. O evento é uma iniciativa da Fazenda São Paulo, com organização da Live&Motion e apoio das prefeituras de Itapeva e Taquarivaí e do Sindicato Rural de Itapeva.

Abrangência. Para a segunda edição, a feira terá uma abrangência maior, com participação de empresas ligadas aos setores agrícola, pecuário e florestal. "Esta feira tem enorme potencial de negócios e é aqui que temos que trazer também o pequeno empreendedor rural, para que ele possa conhecer as tecnologias e as oportunidades e as utilize como diferencial", diz o diretor-técnico do Sebrae São Paulo, Paulo Arruda. A expectativa é de receber 20 mil visitantes, além do aumento significativo de estandes, que ainda estão sendo fechados.

Lançamento. "Achamos este evento fundamental para lançar a empresa regionalmente como importadora e prestadora de serviços para agricultura", diz o produtor Nelson Schreiner Junior, da Nutriceler, de nutrição de plantas.

Além disso, será realizado um Dia de Campo, com demonstrações de técnicas agrícolas e roteiros guiados para apresentação e novas tecnologias. Tudo integrado em meio a uma grande exposição de tratores, maquinários, implementos, insumos, raças especiais de gado e outros animais, produtos e serviços veterinários, farmacêuticos, entre outros.
Dado o sucesso da edição anterior, em 2010 haverá o aumento do número de expositores, melhoria da infraestrutura geral da feira para melhor receber os expositores e o público. A comercialização da Agrovia já está sendo feita em toda a região e na capital.


Em 2010
Haverá mais expositores, mostra de animais e leilões pecuários e a área também será maior
20 mil visitantes é a expectativa para este ano

A violência migra para o interior

Jornal do Brasil - 31/03/2010

O Brasil sofreu um intenso processo de interiorização da violência nos últimos anos, revelou o estudo Mapa da Violência 2010 – Anatomia dos Homicídios no Brasil, divulgado ontem em São Paulo.

O levantamento, de autoria do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, do Instituto Sangari, reuniu dados entre 1997 e 2007 e mostra que, enquanto nas capitais do país houve um queda da taxa média de homicídios neste período, no interior os registros apontam um crescimento da violência.


A taxa de homicídios no interior do país cresceu de 13,5 (a cada 100 mil habitantes) para 18,5. Já nas capitais, as ocorrências passaram de 45,7 homicídios a cada 100 mil habitantes para 36,6 no mesmo período. No geral, o número de homicídios mostrou tendência de ligeira queda: passou de 25,4 por 100 mil habitantes em 1997 para 25,2 por 100 mil habitantes.
MAIS

MAIS UMA DA PETEZADA

Órgão que deveria ser independente lança livro e promove ministra-candidata. Aqui


Esses caras pensam que o Estado é deles... Por isso querem-no grande!

segunda-feira, março 29, 2010

29/03/2010 - 03h43

Alckmin dispara em SP; pelo PT, Suplicy supera Mercadante, aponta Datafolha

da Folha Online

Hoje na Folha No primeiro levantamento do Datafolha em 2010 para avaliar as intenções de voto ao governo de São Paulo, o ex-governador tucano Geraldo Alckmin aparece disparado à frente dos seus potenciais adversários, informa reportagem de Fernando Canzian, publicada nesta segunda-feira pela Folha (a íntegra da reportagem está disponível para assinantes do UOL e do jornal).

No cenário mais favorável, Alckmin tem 53% das intenções de voto. A pesquisa alternou os nomes de Eduardo Suplicy e Aloizio Mercadante como candidatos do PT. Eles aparecem com 19% e 13%, respectivamente.

Celso Russomano (PP) tem 10%, Fabio Feldmann (PV), 3%, e Ivan Valente (PSOL), 1%. Paulo Skaf (PSB) tem 2% se for candidato. Ainda há incertezas sobre as candidaturas dos partidos no Estado.

Na pesquisa de avaliação do governo de José Serra, 55% dos eleitores do Estado aprovam a gestão, para 32% o desempenho é regular e para 11% ruim/péssimo.

FOLHA DE SÃO PAULO - ENTREVISTA DA 2ª

WILLIAM COBBETT

Pobres não são estúpidos ao migrarem para as cidades

Governos devem preparar centros urbanos para receber as novas populações, diz sul-africano especialista em favelas que participou do 5º Fórum Urbano Mundial, no Rio

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

Os pobres não são estúpidos. Ao migrarem do campo para as cidades, tendência mundial que muitos analistas veem como irreversível, fazem isso após avaliarem suas condições de vida em áreas rurais e compararem com o que encontrarão nas cidades.

As estatísticas dão razão a eles. Por isso, a tentativa de interromper o fluxo migratório tende a ser inútil, e o melhor a fazer é preparar as cidades para receberem essa população.

O alerta é de um dos maiores especialistas mundiais em favelas, o sul-africano William Cobbett, que foi um dos principais palestrantes do 5º Fórum Urbano Mundial, realizado na semana passada, no Rio.

Cobbett já visitou favelas em todo o mundo e conhece bem a realidade brasileira. Atualmente, é diretor-geral da organização Aliança de Cidades, financiada pelo Banco Mundial e que apoia projetos de melhoria das condições de vida em assentamentos precários no mundo.

Para ele, a América Latina deve ser tomada como exemplo das consequências de uma urbanização mal planejada.

Ao tentarem negar o direito dessas populações de terem terra e serviços nas cidades, os governos locais deram margem para o crescimento de poderes paralelos, que hoje são ameaça à segurança.

Não deve ser por isso, no entanto, que se deve agir para melhorar as condições de vida nesses locais. O mais importante é reconhecer o direito dessas populações à terra e aos serviços básicos de uma cidade.

Leia a seguir a entrevista que Cobbett concedeu à Folha durante o 5º Fórum Urbano Mundial.


FOLHA - A ONU acabou de realizar um fórum mundial sobre urbanismo no Rio. Encontros como esse não tendem a ficar apenas no discurso e a resultar em pouca ou nenhuma ação?

WILLIAM COBBETT -
Temos que ser realistas quanto ao objetivo desses fóruns. Antes de partir para a ação, é importante formar consensos, nacionais e internacionais, sobre assuntos que precisam ser enfrentados e suas soluções possíveis.

É preciso criar um diálogo global sobre a importância das cidades, identificando seus problemas sociais, econômicos e políticos, mas buscando também saídas para elas.

Além disso, há um aspecto importante, que é a troca de experiência entre cidades.


Nada do que acontece ou aconteceu na América Latina será completamente diferente do que está se passando agora em alguns países da Ásia ou da África subsaariana.

É importante ter o que chamamos de aprendizado horizontal, ou seja, cidades aprendendo a partir da experiência de outras cidades, países aprendendo com outros países, em vez de contar apenas com o antigo modelo de assistência técnica, do hemisfério norte para o sul.


FOLHA - Em 2007, pela primeira vez na história mundial, a população urbana superou a rural em todo o planeta. Trata-se de um fenômeno irreversível, ou ainda é possível pensar em estratégias para manter as populações no campo, para que elas não sobrecarreguem as cidades?

COBBETT - Cada país tem uma realidade distinta, mas a tendência global de urbanização é muito forte. Ela começou historicamente na Europa, nos Estados Unidos e em países da Ásia oriental. Depois se espalhou para a América Latina e agora acontece na África e no restante da Ásia. Pode-se discutir se ela é natural ou evitável, mas é fato que é uma transição demográfica em curso.

Acho que a resposta mais inteligente dos governos de países onde esse processo ainda está em curso é planejar com antecedência. É preciso ter consciência dos números e tendências, e é por isso que fóruns como esse são tão importantes. Em nenhum lugar do mundo houve sucesso em políticas de governos que tentaram manter pessoas em áreas rurais.

Se as pessoas querem migrar para as cidades, elas certamente o farão. Além disso, é preciso reconhecer que as pessoas pobres não são estúpidas. Elas olham para as condições que têm no momento e comparam com as cidades.

Se decidem migrar, fazem isso a partir de julgamentos. Elas pensam que, se mudarem para uma cidade, terão melhor acesso para elas e seus filhos a escolas, hospitais e serviços públicos em geral. E, estatisticamente, elas estão certas. É por isso que migram.

FOLHA - A transição do rural para o urbano então é positiva?

COBBETT - Não podemos fingir que a urbanização é uma resposta a todos os problemas. Definitivamente, não é. Se mal gerenciada, como aconteceu na América Latina, governos terão que passar 10, 20, 40 anos resolvendo problemas de falta de planejamento.
É por isso que os países da África subsaariana ou a Índia, entre outros, têm muito a aprender com a experiência dos latino-americanos.

É importante se conscientizarem dos problemas que podem vir antes que eles se tornem inevitáveis e consumam décadas para serem resolvidos.

Eles precisam perceber que há um processo em curso e tentar o mais rápido possível se preparar para poder aproveitar os efeitos positivos que a migração do campo para as cidades traz para a economia.

É bom lembrar que todas as economias bem-sucedidas do mundo, sem exceção, passaram por um processo de urbanização e industrialização. Nenhum país atingiu níveis satisfatórios de renda sem passar por essa fase.

FOLHA - Mas, ao menos na América Latina, a urbanização veio acompanhada do crescimento da violência. Na África e na Ásia, países pobres que passam por essa transição não correm sério risco de verem crescer em favelas grupos criminosos ou terroristas à margem do Estado?

COBBETT - Sem dúvida, e devemos nos preocupar seriamente com isso. Mas não deve ser por isso que devemos agir para impedir que a população viva em condições precárias.
É dever dos governos planejar o futuro de seus países. O que vimos em muitas cidades foi um fracasso das autoridades em prover terras e serviços básicos para os mais pobres, reconhecendo sua cidadania. Se eu vou para a cidade e o governo não me dá terra, água ou energia, eu vou conseguir isso informal ou ilegalmente.

O fracasso de governos locais e nacionais em reconhecer esses direitos é o que cria espaço para sistemas de poder alternativos à margem do Estado.

Só que, em muitas cidades, em vez de serem reconhecidos como cidadãos ao chegarem, a mensagem que os pobres recebem é oposta: vocês não são bem-vindos, não te daremos terra nem serviços e não reconhecemos seu direito de estar aqui. Os governos que negaram isso acabaram fracassando e agora se sentem ameaçados pela imagem da insegurança.

Mas, repito, não deve ser esse medo que nos leve a agir.

FOLHA - Mesmo melhorando as condições de vida em algumas favelas, as pessoas continuam carregando um estigma negativo por viverem ali?

COBBETT - De fato, somente investir em favelas não resolverá o problema. É preciso mudar a forma como as pessoas de classe média e com propriedades veem a população que vive nessas áreas. Será que reconhecem que são cidadãos? Percebem que é preciso fazer investimentos não para que essas populações saiam dali, mas para que as favelas sejam incluídas e façam parte da cidade legal?

É a atitude discriminatória das elites que, em muitos casos, mantém os moradores de favelas nessa situação. A favela em si não é um problema, mas um sintoma da forma diferenciada com que as pessoas são tratadas nas cidades.

Além disso, em muitas cidades, a população em favelas ou assentamentos precários é a maioria da população. Então, não devemos encarar como um problema de favelas, mas como um problema das cidades.

FOLHA - O sr. vem com bastante frequência ao Brasil. Notou desta vez alguma diferença em relação às condições de vida nas favelas?

COBBETT - Acho que há uma mensagem positiva a ser dada ao resto do mundo em relação ao Brasil. A Constituição de 1988 e o Estatuto das Cidades, de 2001, são importantes marcos de melhoria do gerenciamento do acesso às terras. Mas vocês têm uma história de 500 anos que não se muda em dez. É um processo longo que requer uma política estável e investimentos constantes. Acho que é isso que o governo vem fazendo nos últimos oito anos, mas ainda há muito a fazer.

Eu visitei nesta semana, por exemplo, a Rocinha, e vi os investimentos que o PAC está propiciando no local.

Mas o lixo nas ruas ainda é visível. Todo mundo joga tudo em qualquer lugar.
Os investimentos são importantes para as comunidades perceberem que os governos reconhecem o direito de as pessoas estarem ali e tratá-las como cidadãos, mas ainda há um longo caminho a percorrer.

FOLHA - O sr. conhece muitas favelas no mundo. Dá para identificar alguma peculiaridade das que já viu no Brasil?

COBBETT -
Em primeiro lugar, uma favela em Salvador é diferente de outra no Rio, que é diferente de uma em São Paulo. Mas uma característica do Brasil é que, aqui, vocês têm cidades fortes, e o prefeito tem autoridade para tomar muitas decisões importantes.
Em muitos países, o poder local não é tão forte.

Também chama a atenção na comparação das favelas brasileiras com as da Índia ou de países africanos que, aqui, o nível de miséria é muito menor.

Obviamente, não se trata de uma competição, mas quando se visita uma favela nesses países percebe-se que, apesar dos problemas, as condições de vida aqui são melhores.

domingo, março 28, 2010

53,5% dos negros brasileiros já estão na classe média

Autor(es): Fernando Dantas
O Estado de S. Paulo - 28/03/2010

Mais da metade dos negros brasileiros, e pouco menos da metade dos mestiços (pardos), pertencem hoje à classe média, incluindo a classe C, a nova classe média popular.

Segundo recente levantamento do economista Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais (CPS), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), 53,5% dos negros e 47,3% dos mestiços no Brasil pertenciam às classes A, B e C em 2008. Entre negros e mestiços juntos, 48% são de classe média, e 52% estão nas classes D e E, mais características da pobreza. Os porcentuais incluem também os muito ricos, mas que são estatisticamente pouco significantes.


Esses números, tirados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), mostram uma grande evolução nos últimos 15 anos. Em 1993, menos de um quarto dos negros (23,8%) e pouco mais de um quinto dos mestiços (21,7%) pertenciam às classes A, B e C. Tomados em conjunto, apenas 22% dos negros e mestiços estavam na classe média, com quase 80% nas classes D e E.


Os números de Neri revelam que, desde 1993, a proporção de negros e mestiços nas classes A, B e C cresceu cerca de 110%, enquanto a dos brancos expandiu-se em 42%. "Há uma melhora diferenciada dos negros e pardos na classe ABC, já que a proporção deles aumentou mais do que a dos brancos", observa Neri.


André Urani, sócio do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), e diretor do Instituto Natura, tem dados que mostram que a proporção de negros e mestiços, nos últimos 15 anos, cresceu bem mais entre os mais ricos do que entre os mais pobres. Assim, houve um salto de 74%, de 1993 a 2008, na proporção de chefes de família negros e mestiços entre o 1% mais rico do Brasil, e hoje ela atinge 15%. Entre os 10% mais ricos, um em cada quatro chefes de família já é negro ou mestiço.


Para Urani, essa melhora relativa de renda de negros e mestiços se deu antes que a política de cotas pudesse fazer efeito. "Se, de fato, como parece, isso não se deve à política de cotas, então está aberto um campo gigantesco para se investigar as determinantes dessa trajetória e ter políticas públicas que a incentivem."


Tendência. Mesmo com o avanço de negros e mestiços, a sociedade brasileira ainda está muito longe de ser igualitária em grupos raciais. Os chefes de família negros e mestiços ainda correspondem a mais de 70% entre os pobres e indigentes, segundo a classificação de linhas de pobreza de Urani.


Os dados de Urani e Neri mostram, porém, que, apesar de a situação ainda permanecer ruim, é inegável a tendência de redução da desigualdade de renda de base racial na última década e meia. Hoje, o País já possui uma grande classe média não branca, com 45 milhões de pessoas.


Os dados da série da Pnad revelam que também houve, independentemente da renda, um expressivo aumento na proporção de negros e mestiços no total da população brasileira de 1993 a 2008, de 45% para 50,1% do total.


As possíveis explicações para essa mudança são uma maior disposição das pessoas se identificarem como não brancas (pretos e pardos, na terminologia oficial) nos questionários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e um avanço real demográfico de negros e mestiços relativamente aos brancos. Especialistas em estudos raciais, como o economista Marcelo Paixão, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), acreditam que a causa pode ser uma combinação desses dois fatores.


Em todas as faixas de renda houve aumento da participação de negros e mestiços, já que eles cresceram bastante na população como um todo. Porém, quando se examina as mudanças na distribuição de negros e mestiços entre as faixas de renda, de 1993 a 2008, fica claro que aquele aumento foi proporcionalmente maior nas camadas mais ricas da população do que nas mais pobres.


Assim, em 1993, os chefes de família negros e mestiços representavam 68% do total abaixo da linha de indigência definida por Urani, o que subiu para 73% em 2008. O crescimento da fatia, de 8,3%, porém, foi bem menor do que o aumento na proporção total de chefes de família negros e mestiços naquele período, que foi de 23%. Já entre os riquíssimos (1% mais rico da população), a parcela de chefes de família negros e mestiços saiu de 8,8% para 15,3%, o que significa uma expansão de 74%.



AVANÇO


Evolução

Em 2008, 53,5% dos negros e 47,3% dos mestiços pertenciam às classes A, B e C. Em 1993, apenas 23,8% dos negros e 21,7% dos mestiços pertenciam às classes A, B e C.

Tamanho

Hoje, a classe média brasileira não branca, incluindo a classe C, a chamada classe média popular, já tem 45 milhões de pessoas.

Ricos

Entre os 10% mais ricos do Brasil, um em quatro chefes de família é negro ou mestiço.

Proporções

De 1993 a 2008, a proporção dos brasileiros que se declaram negros ou pardos subiu de
45% para 50,1% do total. No mesmo período, entre os 1% mais ricos, a proporção de chefes de família negros ou mestiços subiu de 8,8% para 15,3%.

sábado, março 27, 2010

Gosta de lei quem dela precisa

Do blog do Alon:

Quem tem uma caneta poderosa ou uma conta bancária gorda pode mobilizar mundos e fundos para tentar se salvar nas situações enroladas. Quem não tem nenhuma das duas depende de o estado de direito funcionar bem

Faz mal o presidente da República quando desdenha de punições impostas pela Justiça Eleitoral, por campanha antecipada para a candidata do PT. Há o argumento institucional: Luiz Inácio Lula da Silva deveria ser o primeiro a dar o exemplo, a prestigiar o funcionamento do estado de direito democrático.

Se o presidente pode escolher as leis que vai respeitar e as de que vai desdenhar, por que os demais cidadãos não podem também desfrutar da confortável escolha?

A legislação eleitoral é até certo ponto bizarra, por pretender definir um “momento zero” nas eleições? Sim, tanto que o presidente e sua candidata, assim como os nomes da oposição, trafegam nas brechas e dubiedades do texto para tocar adiante as campanhas, convenientemente chamadas de “pré”.

Mas o jogo está aí para ser jogado dentro das regras, enquanto não forem mudadas. Existe uma Justiça Eleitoral, e quando ela se manifesta as decisões devem ser cumpridas. E respeitadas.

Quem discorda pode continuar discordando, os punidos podem recorrer (se couber recurso), mas o acordo fundamental em sociedades civilizadas e democraticamente organizadas é aceitar e respeitar sentenças judiciais.

E a desobediência civil? Não é admissível em certas circunstâncias?

Talvez, mas é preciso saber quando. Suponha que o pai e a madrasta de Isabella Nardoni tivessem sido absolvidos. Seria socialmente quase insuportável. Mas seria necessário pagar essa conta, pela existência do estado de direito.

Respeitar a Justiça quando ela nos favorece ou quando concordamos com as decisões é moleza. Ninguém precisa ser muito democrata para isso.

Por falar em coisas bizarras, presidente da República ensaiando desobediência civil é bizarro à enésima potência. Quando não dá certo, acaba dando muito errado.

O mais adequado para Lula seria sair dessa rapidinho, descer do salto alto, parar de dar ouvidos a quem o trata como imperador genial e potencialmente perpétuo do Brasil. Parar de se achar.

É uma praga que dá no poder, bem descrita na literatura. Para proteger a teia alimentar, áulicos isolam o príncipe da realidade e passam a desqualificar a crítica e os críticos. Em teoria, estão defendendo o chefe. Na prática, tentam defender cada um seu próprio espaço de micropoder. Ou nem tão micro.

Mas há outro aspecto a tocar. Se Joãosinho Trinta fosse cientista político e não carnavalesco, talvez dissesse o seguinte: “O povo gosta de cumprir a lei, quem gosta de bagunça e confusão é intelectual”. O tema tem sido retomado recentemente pelo cientista político André Singer, professor da USP.

Por que o cidadão comum, sem poder e sem dinheiro sobrando, é adepto da legalidade? Fácil de responder.

Quem tem uma caneta poderosa ou uma conta bancária gorda pode mobilizar mundos e fundos para tentar se salvar nas situações enroladas. Quem não tem nenhuma das duas depende de o estado de direito funcionar bem.

A lógica muda quando o desarranjo do tecido social chega ao ponto de a maioria da sociedade ser empurrada para soluções à margem da lei. Mas mesmo quando isso acontece o primeiro movimento na nova ordem é restabelecer a normalidade da vida cotidiana. São forças centrípetas poderosíssimas.

27/03/2010

Professores dão aula de baderna


Fico me perguntando como os alunos analisam as imagens de professores desrespeitando a lei e atirando paus e pedras contra a polícia, como vimos na manifestação nos arredores do Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo --afinal, supostamente são os professores que, em sala de aula, devem zelar pela disciplina.

É claro que, nem remotamente, a agressividade daquela manifestação representa os professores. Trata-se apenas de uma minoria organizada e motivada, em parte, pelas eleições deste ano.

A presidente da Apeoesp (o maior sindicato dos professores estaduais), Maria Izabel Noronha, disse que estava ali para quebrar a "espinha dorsal" do governador (Serra) e de seu partido (o PSDB) --ela que, no dia anterior, estava no palanque de Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência da República.

Mas será que os alunos sabem disso? Será que vão imaginar que os professores são daquele jeito, sem limites, indisciplinados?

Todos sabemos como é difícil impor disciplina em sala de aula e, mais ainda, conter a violência. Não será com exemplos de desrespeito (de quem deveria dar o exemplo) que a situação vai melhorar. Muito pelo contrário: afinal, o que se viu foi uma aula de baderna.

Só espero que pelo menos essa lição os estudantes não aprendam.

Gilberto Dimenstein,Folha

''Estamos diante de um descalabro de administração pública''

Autor(es): Cleide Silva
O Estado de S. Paulo - 27/03/2010

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) defende o afastamento imediato da diretoria de Furnas, por negligência. "É inconcebível que uma autoridade pública na gestão de uma empresa pública se comporte dessa forma", diz o diretor de Infraestrutura na área de energia da entidade, Carlos Cavalcante.

Como o sr. vê a multa?


Acho que estamos diante de uma constatação de enorme gravidade feita pela Aneel. Fica constatada a ausência de investimento em manutenção daquela que é uma das principais linhas de transmissão que o Brasil tem. Descobrimos que nossa linha não dá conta de transmitir a energia gerada por Itaipu em plena carga. Não se trata de um problema eventual, causado por questões da natureza, como acreditávamos inicialmente. O relatório da Aneel constata negligência clara da diretoria de Furnas. Me parece que seria oportuno por parte das autoridades do governo federal, até que se conclua essa investigação, afastar a diretoria de Furnas. É absurdo constatar que estamos expostos a uma situação de negligência de administração, de falta de investimentos combinados, propostos e analisados pela agência - que inclusive estão dentro da tarifas -, colocando em risco todo o sistema elétrico brasileiro. Estamos diante de um descalabro de administração pública que, na minha opinião, é matéria de competência de análise do Ministério Público Federal. MAIS

Apagão custa a Furnas multa de R$ 53,7 milhões

Furnas é multada em R$ 54 milhões por apagão
Autor(es): Leonardo Goy
O Estado de S. Paulo - 27/03/2010

Ao contrário do que foi alegado na época do blecaute de novembro passado pelo governo, o sistema de transmissão de Furnas que transporta a energia de Itaipu ao Sudeste apresenta graves problemas e falhas de manutenção. É o que aponta o relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre a atuação de Furnas no apagão que deixou 18 Estados sem luz no dia 10 de novembro do ano passado.

Com base nesse documento, a área técnica da Aneel aplicou multa de R$ 53,7 milhões a Furnas, uma das maiores já determinadas pela agência. A estatal tem dez dias para recorrer. Segundo o relatório, essas linhas de transmissão têm "necessidade urgente" de "manutenção adequada, modernização do sistema de proteção, modernização ou substituição das unidades terminais remotas do sistema de supervisão e controle e reciclagem e treinamento do pessoal de operação".


Além de cobrar providências, o relatório mostra que equipamentos do sistema de transmissão de Furnas que transporta a energia de Itaipu estavam com sérios problemas e não foram trocados ou consertados. Em dois circuitos que caíram no dia do blecaute, na linha Ivaiporã (PR)-Itaberá (SP), a Aneel ressalta que os para-raios foram classificados como "suspeitos"em estudo feito pelo Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel)entre 2004 e 2006, "e não haviam sido substituídos até o dia do blecaute".
MAIS






Serra abre 9 pontos sobre Dilma e se isola na frente

Tucano tem 36% e petista pontua 27%, diz Datafolha feito entre quinta e ontem

Governador de SP recupera 4 dos 5 pontos que perdera entre dezembro e janeiro, e ministra oscila para baixo; Ciro tem 11% e Marina, 8%


FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, abriu nove pontos de vantagem sobre a petista Dilma Rousseff e voltou a ser líder isolado na corrida ao Palácio do Planalto.

Pesquisa Datafolha realizada nos dias 25 e 26 deste mês mostra o tucano com 36%. A petista tem 27%. Há um mês, eles tinham 32% e 28%, respectivamente, no mesmo cenário.

Como a margem de erro da pesquisa Datafolha é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, Serra apresentou crescimento real -embora tenha retornado ao patamar de dezembro, quando tinha 37%.

Já Dilma, pela primeira vez não apresentou crescimento na sua curva de intenção de votos: a petista oscilou negativamente um ponto percentual.

No mesmo levantamento, Ciro Gomes (PSB) ficou com 11% (tinha 12% em fevereiro e 13% em dezembro). Marina Silva (PV) está estacionada e manteve os mesmos 8% obtidos em dezembro e há um mês.

Indecisos, brancos e nulos somam 7% e 11% não souberam responder.

Quando o Datafolha exclui Ciro da lista de candidatos, o cenário fica semelhante. Serra vai a 40% contra 30% de Dilma -a diferença entre ambos passa de nove para dez pontos, mas essa variação está dentro da margem de erro.

Sem Ciro, Marina pula para 10% e continua sem ameaçar o pelotão da frente.

2º turno e rejeição

As simulações de segundo turno seguiram os cenários de primeiro turno, com a recuperação de Serra. Numa hipotética disputa entre Serra e Dilma, o tucano venceria hoje com 48% contra 39% da petista -uma distância de nove pontos. Em fevereiro, os percentuais eram de 45% a 41%.

Em termos de rejeição, do ponto de vista estatístico, os quatro principais concorrentes estão empatados no limite da margem de erro, mas quem numericamente tem o pior índice é Ciro Gomes, com 26%. Colados a ele vêm José Serra (com 25%), Dilma Rousseff (23%) e Marina Silva (22%).

Espontânea e nanicos

As curvas da pesquisa espontânea, quando o entrevistado diz em quem deseja votar sem ver uma lista de nomes, têm uma evolução discrepante do levantamento estimulado.

Diferentemente do que ocorreu na pesquisa em que o eleitor vê seu nome, em que está estabilizada, Dilma continuou sua curva ascendente no levantamento espontâneo. Tinha 8% em dezembro, passou a 10% em fevereiro e agora chegou a 12%.

Esse percentual a coloca à frente de Luiz Inácio Lula da Silva (8%), que, até dezembro, liderava com folga a pesquisa espontânea. Isso mostra que a cada pesquisa o eleitor deixa de citar o nome do atual presidente porque vai percebendo que o petista não será candidato.

Serra pontuou 8%, o mesmo percentual de dezembro. Ciro e Marina marcaram 1% cada. Houve também 3% para "candidato do Lula" e 1% para "no PT/candidato do PT".

Pela primeira vez o Datafolha pesquisou candidatos de partidos pequenos. Por enquanto, só Mario de Oliveira (PT do B) conseguiu menções para pontuar 1%. Todos os demais estão abaixo desse patamar.

Marcadores:

sexta-feira, março 26, 2010

As cidades sem fim

O Estado de S. Paulo - 26/03/2010

Um relatório das Nações Unidas mostrou que 90% do crescimento da população urbana no mundo ocorre nas nações em desenvolvimento ? um ritmo cerca de dez vezes maior do que o registrado nas áreas urbanas dos países desenvolvidos. As cidades mais ricas dos países em desenvolvimento atraem milhões de pessoas que se abrigam em favelas das periferias, as quais, por sua vez, formam corredores urbanos que ultrapassam fronteiras municipais integrando uma cidade a outra criando assim as chamadas "cidades sem fim".

O relatório bienal O Estado das Cidades do Mundo: Unindo o Urbano Dividido foi apresentado durante o Quinto Fórum Urbano Mundial, realizado entre os dias 22 e 26, no Rio de Janeiro, e, segundo ele, bairros e favelas tiveram crescimento de 10% ao ano nas últimas décadas. Embora 227 milhões de pessoas tenham conseguido sair das favelas, desde 2000, elas abrigam ainda 827,6 milhões de habitantes em todo o mundo. No Brasil, o número de moradores de barracos diminuiu 16%, passando de 31,5% da população para 26,4%, enquanto a média entre os países latino-americanos é de 19,5%. Estudos do Banco Mundial revelam que 80% da área urbanizada do mundo tem alto nível de desigualdade e cerca de 60% da população carente mundial vive em cidades.

Há, enfim, uma clara relação entre urbanização e desenvolvimento nas grandes cidades dos países emergentes, mas sempre acompanhada de diferenças sociais decorrentes da incapacidade dos governos de vencer desafios como a ampliação da infraestrutura e dos serviços, o gerenciamento de situações de risco, garantias de segurança pública e de proteção ao meio ambiente, etc. O relatório da ONU mostra que as 40 regiões metropolitanas mais importantes do mundo concentram 18% da população mundial, 66% de toda a atividade econômica e 85% da inovação tecnológica e científica do planeta.

O maior exemplo está na China, na região de Hong Kong-Shenzhen-Guangzhou, onde vivem aproximadamente 120 milhões de pessoas. No Brasil, Rio de Janeiro e São Paulo compõem uma dessas conurbações, abrigando 43 milhões de pessoas, que, a exemplo das outras, exibe grande desigualdade social: apesar de formarem as megarregiões mais ricas da América Latina, o Rio e São Paulo ocupam, respectivamente, a 28.ª e a 39.ª posições entre as cidades mais desiguais do mundo.

Conforme o relatório, o Brasil é o país campeão nesse quesito, na América Latina. Cinco cidades brasileiras estão entre as 20 mais desiguais do mundo: Goiânia, Belo Horizonte, Fortaleza, Brasília e Curitiba apresentam grandes diferenças entre as rendas da parcela rica e da parcela pobre da população.

Nessas cidades, redes públicas de saúde e educação são insuficientes, a insalubridade se espalha por falta de saneamento e serviços, como o de transporte público, não chegam a boa parte da população ? desafios que tendem a ser cada vez maiores. De acordo com a ONU, na próxima geração, cerca de 70% da população mundial viverá em cidades, pagando o preço do abismo existente entre a estrutura urbana oferecida à parcela carente e à parte mais abastada da população. Milhões de famílias estarão expostas aos males provocados pela incapacidade dos governos e setores da sociedade de estabelecer parcerias efetivas para a solução dos principais problemas urbanos atuais.

Em São Paulo, cidade mais rica do País, um terço da população mora em favelas, loteamentos, cortiços e outros assentamentos. São 994.926 famílias que foram atraídas pelo conjunto de oportunidades encontradas num grande e rico centro urbano, mas incapaz de se equipar com a velocidade requerida pelo avanço populacional. Grande parte dessas pessoas vive em situação de risco, embora, nos últimos anos, os governos tenham se empenhado em urbanizar favelas e desenvolver programas habitacionais.

Para recuperar as décadas de atrasos e os prejuízos da omissão ante a ocupação desordenada da capital e região, muito mais terá de ser feito, com a urgência possível, para a efetiva redução da desigualdade e um mínimo de ordenamento urbano.

A qualquer custo

Autor(es): Agencia O Globo
O Globo - 26/03/2010

Lula, rei das ambiguidades, quando disse ser a eleição do sucessor tudo o que um presidente pode desejar, estava falando sério. Daí a antecipação da campanha à margem do espírito da legislação — conceder condições iguais aos concorrentes e impedir o uso da máquina pública —; e agora mais um drible na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), contra o discurso do próprio Lula de que não será a eleição que o fará ir contra a estabilidade econômica.

Pois está indo.


Cabe lembrar que a LRF, aprovada na era FH, é um dos pilares da estabilidade, ao fixar limites de gastos para estados, municípios, Legislativo, Judiciário, e penalidades para o administrador público. Debelada a inflação pelo Plano Real, era imprescindível conter a tendência de gastos públicos sem freios. O PT foi contra a lei, assim como se opusera ao próprio Plano Real. Depois, no poder, Lula teve de admitir a eficácia de políticas de equilíbrio fiscal para manter os preços relativamente estáveis, sem heterodoxias inúteis e custosas como tabelamentos.


Mas, como é parte do DNA ideológico lulopetista o sonho de um “Estado forte”, entendendo-se por estado forte um ente de cofres sempre abertos, “responsabilidade fiscal” sempre foi um termo de difícil digestão no Planalto, mais ainda com a chegada de Dilma Rousseff e Guido Mantega à Casa Civil e à Fazenda. Com as eleições deste ano, quando estará em jogo a permanência de diversos aparelhos — de sindicalistas, sem-terra, estudantes etc — próximos ao Tesouro, onde se encontram há mais de sete anos, as investidas contra a LRF tendem a se multiplicar.


Já houve duas. A primeira, para manter estados e municípios abastecidos de dinheiro do PAC, mesmo inadimplentes. Agora, o mesmo drible é dado na responsabilidade fiscal para que prefeituras, também com dívidas em atraso, continuem a receber recursos do programa Território da Cidadania. Rasga-se, assim, um importante dispositivo da lei. O aspecto político-eleitoral da manobra é denunciado pelo fato de serem cidades de até 50 mil habitantes.


São, portanto, lugarejos dependentes crônicos de repasses da União e estados, muitos localizados no “fundão” do Brasil, região eleitoralmente cevada pelo assistencialismo do Bolsa Família. Lula deseja consolidar o controle sobre esses bolsões, antigos currais de votos da Arena, do PDS, do PFL, expressão da política mais atrasada praticada no país. O PT virou o partido dos coronéis e do voto de cabresto no Norte e no Nordeste. Por isso, aplaude mais este atropelamento da LRF. Aumenta a herança maldita a ser deixada para o próximo presidente.

terça-feira, março 23, 2010

Acidente com van escolar deixa 5 mortos em Itapeva-SP

23/03 - 17:04 - Agência Estado

Logo Agência Estado

A rotina de um grupo de estudantes que todo dia viajava de Itapeva, a 275 quilômetros de São Paulo, para uma escola na vizinha Taquarivaí, no sudoeste paulista, foi interrompida de forma trágica na noite de ontem. A van que os transportava bateu de frente numa carreta no km 281 da rodovia Francisco Alves Negrão (SP-258), entre as duas cidades.

Cinco pessoas morreram - quatro estudantes e o motorista da van - e outras seis ficaram feridas.

Os estudantes seguiam para a Escola Técnica Estadual Dr. Dario Pacheco Pedroso (antigo Colégio Agrícola), que forma técnicos agrícolas e ambientais. A van tinha acabado de sair de Itapeva e rodaria apenas 20 quilômetros até Taquarivaí.

Pelas marcas na pista e com base nas informações do motorista da carreta, que ficou ferido sem gravidade, a Polícia Rodoviária Estadual e os bombeiros acreditam que a van tentou uma ultrapassagem em local não permitido.

A direção da escola, administrada pelo Centro Estadual Paula Souza, suspendeu as aulas hoje em sinal de luto. Os corpos das vítimas foram velados em locais diferentes e eram sepultados no final desta tarde, no Cemitério Municipal de Itapeva.

Foi o segundo acidente com vítimas no mesmo local da rodovia num espaço de três horas. Antes, um automóvel havia colidido com um caminhão. O motorista do carro morreu quando era levado para o hospital.

Ouça o nome dos acidentados/mortos

Itapeva: acidente entre van escolar e carreta deixa 5 mortos - 23/03/2010 12h28
  • Nota:
  • 12345Dê sua nota:
  • Visualizações: 49
  • Comentários: 0
  • Favoritos: 0
Um acidente entre uma van escolar e uma carreta deixou 5 mortos e 6 feridos em uma rodovia de Itapeva, no interior de São Paulo. Confira com Paulo Edson Fiore. Mais vídeos em: http://www.jp.com.br

Cinco pessoas morrem em acidente com veículo escolar

Outras seis pessoas ficaram gravemente feridas

Da redação (TV TEM)

Cinco pessoas morreram no acidente com um veículo de transporte escolar na noite de segunda-feira em Itapeva. Outras seis ficaram gravemente feridas.


A van escolar fazia o transporte de alunos da Escola Agrícola de Taquarivaí. Eles saíram de Itapeva com destino à cidade. O acidente aconteceu no quilometro 281 da rodovia Francisco Alves Negrão. Eles bateram de frente com um caminhão.


O motorista da van e quatro passageiros morreram. Já o motorista do caminhão e outros cinco passageiros da van estão internados em estado grave. Ao todo onze pessoas se envolveram no acidente. A polícia vai investigar o que provocou a batida.

Grave acidente com van escolar: três mortos e oito feridos

Segundo os bombeiros a van bateu de frente com um caminhão

Da Redação - TV Tem

Três pessoas morreram e outras oito ficaram feridas na noite desta segunda-feira (22) em um acidente entre uma van escolar e um caminhão, na rodovia Francisco Alves Negrão, em Itapeva.

Segundo o Corpo de Bombeiros, os dois veiculos bateram de frente. A van levava estudantes para uma escola técnica agrícola de Taquarivaí.

Duas das vitímas foram resgatadas sem vida no local, o caminhoneiro e os outros alunos foram levados à Santa casa da cidade, um deles não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital.

sábado, março 20, 2010

Nas revistas de hoje

20/03/2010 - 07h50
Nas revistas: os novos processos de Pimentel

Principal coordenador da campanha da ministra Dilma Rousseff à Presidência da República, o ex-prefeito Fernando Pimentel está com a situação cada vez mais complicada.

Nos próximos dois meses, Pimentel terá de enfrentar três ações judiciais envolvendo fatos suspeitos ocorridos nos oito anos à frente da Prefeitura de Belo Horizonte.

Um desses trata-se do recurso impetrado no Superior Tribunal de Justiça pelo advogado José Rubens Costa e pelo deputado José Miguel Martini (PVMG), pedindo a reabertura de uma ação em que o ex-prefeito de Belo Horizonte é acusado de participar de negociação que beneficiou a Construtora Andrade Gutierrez.

Pela denúncia, a empresa realizou serviços com superfaturamento de R$ 67 milhões nas administrações an teriores e Pimentel ajudou a fechar um acordo de confissão de dívida do município para pagar R$ 143 milhões à empresa.

O acordo foi aprovado até pela Câmara de Vereadores, onde o grupo de Pimentel tinha maioria absoluta na época em que ele era o prefeito da capital mineira. A ação foi arquivada pela Justiça de Minas, mas as partes recorreram ao STJ. “As denúncias são graves, foi um absurdo o que aconteceu.

Nessa época, o Pimentel era o secretário da Fazenda e ajudou a fechar o acordo”, diz o deputado José Miguel, inconformado com a negociação que, para ele, lesou os cofres públicos. “O STJ pode a qualquer momento reabrir o caso.”

Segundo o Supremo Tribunal de Justiça, o caso está nas mãos do ministro Teori Albino Zavascki, que ainda não se posicionou sobre o recurso. ISTOÉ procurou Pimentel na quinta-feira 18, pela manhã, mas o ex-prefeito não quis falar sobre o assunto e nem sobre as outras ações contra ele.

Outro caso que deixa Pimentel em evidência no meio da campanha é a denúncia que será preparada pelo Ministério Público em Minas dentro de dois meses. Os recursos de contratos superfaturados na gestão Pimentel teriam sido enviados para a conta do publicitário Duda Mendonça nos Estados Unidos. O MP Estadual vai denunciar superfaturamento, uso de notas fiscais falsas, contrabando, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

“A Promotoria vai concluir os trabalhos em 60 dias. Aí, segue a representação para a Justiça”, comentou com um amigo o promotor Leonardo Barbabela, que está à frente das investigações. Os negócios de Pimentel são descritos em documentos anexados ao processo do Mensalão, que tramita no Supremo Tribunal Federal.

O nome de Pimentel é citado nas “considerações finais” de uma denúncia contra o ex-diretor financeiro da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de BH Glauco Diniz e o contador Alexandre Vianna de Aguilar, que transferiram dinheiro das empresas GD e Gedex International para a conta da empresa Dusseldorf do publicitário Duda Mendonça no Exterior.

Duda fez a campanha de Pimentel para a prefeitura. No processo do Mensalão consta ainda depoimento de Aguilar, prestado na Polícia Federal. O contador diz não se lembrar das operações financeiras que fez nos EUA, mas a PF já tem documentos provando as transações.

Para o Ministério Público Federal, o convênio da prefeitura com a CDL foi um “ardiloso estratagema” para desvio de dinheiro público com a finalidade de saldar as dívidas de campanha do PT no Exterior.

Nesse caso, o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), ex-relator de movimentações financeiras da CPI dos Correios, já começou a fazer um rastreamento nos bancos de dados da CPI para levantar novas ligações de Pimentel com os personagens do Mensalão. Fruet recebeu esta semana do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), os nomes de todas as autoridades federais que pediram informações ao Senado após o término da CPI, para medidas judiciais.

A partir dessa lista, o deputado vai apurar novas ligações do ex-prefeito com o esquema, pois já descobriu telefonemas das empresas do publicitário Marcos Valério para o gabinete de Pimentel na prefeitura.

“Vamos pedir informações ao Ministério Público Federal e direto da base de dados da CPI, para levantar todas as conexões do Pimentel com o Mensalão” diz Fruet.

Outro fantasma que voltará a atormentar Pimentel nos próximos dias é a ação no TJ mineiro na qual ele é réu por improbidade administrativa. Tudo começou em 2004, quando Andréa Neves, irmã do governador Aécio Neves, pediu ao então vereador Délio Malheiros (PV-MG) que vigiasse os gastos do prefeito Fernando Pimentel com propaganda.

Malheiros viu na placa de uma obra de casas populares o nome “Asa” e achou que fosse empresa de publicidade, mas descobriu que se tratava da abreviatura da Ação Social Arquidiocesana, uma ONG ligada à Igreja Católica que agora é acusada com Pimentel de ajudar a desviar dinheiro público.

Lula agora vai dizer que sabia
Por muito tempo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou que tivesse tomado conhecimento do Mensalão do PT. Ele sustentava que o esquema não existiu.

No dia 3, no entanto, ISTOÉ revelou que os ex-ministros Márcio Thomaz Bastos, da Justiça, Aldo Rebelo, da Articulação Política, e Walfrido dos Mares Guia, do Turismo, confirmaram na Justiça Federal que Lula foi informado sobre a existência do Mensalão pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), no início de 2005.

Na reunião estavam Jefferson, Walfrido, Rebelo, o então líder do PTB na Câmara, José Múcio Monteiro (PE), e o do PT, Arlindo Chinaglia (SP). Diante desta revelação, Lula decidiu tomar uma decisão que vinha adiando havia seis meses.

Na condição de testemunha, portanto compromissado com a verdade, ele decidiu responder à juíza Pollyanna Kelly Martins Alves, da 12ª Vara da Justiça Federal de Brasília, e prestar depoimento, por escrito, no processo do Mensalão do PT.

Lula irá repetir a versão oficial sustentada por seus ex-ministros, ou seja, de que foi avisado por Jefferson da existência do Mensalão e pediu a apuração da denúncia. Depois de algum tempo, Lula dirá, foi informado por Rebelo de que nada havia sido confirmado.

“As respostas ainda serão encaminhadas à Justiça, mas o presidente Lula não vai entrar em contradição com os ex-ministros”, confirma um assessor da Presidência.

O problema é que, a julgar pela versão dos ex-ministros, Lula não acionou a Polícia Federal para investigar a denúncia. A partir dessa revelação, a oposição, agora, quer acusá-lo de ter se omitido.

“É evidente que o presidente tem que ser denunciado por crime de prevaricação, pois o Mensalão foi uma denúncia da maior gravidade e ele não informou à Polícia Federal”, diz o deputado Raul Jungmann (PPS-PE).

“Fui ministro e sei que a primeira coisa a fazer diante de uma denúncia no Executivo é pedir sindicância interna ou abertura de inquérito.” Para alguns ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), só o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, poderia apresentar uma denúncia contra Lula.

“A ação penal pública é divisível e seu titular é o procurador-geral da República”, diz o ministro Marco Aurélio Mello. “Nós só agimos mediante a provocação, que é monopólio do Ministério Público. É o caso de dizer: com a palavra, doutor Gurgel”. Em conversas reservadas, o procurador-geral disse que não vai antecipar a medida que poderá tomar. “Vamos ver o que o presidente vai dizer”, afirma Gurgel.

A expectativa na Presidência da República é de que Lula apresente suas respostas por escrito nos próximos dias. Os juízes federais em todo o País estão colhendo depoimentos e providenciando diligências a pedido do STF.
No primeiro ofício enviado diretamente a Lula, no dia 10 de agosto do ano passado, a juíza Pollyanna Kelly informou ao presidente que ele está arrolado como testemunha e pediu que indicasse dia e hora para comparecer à Justiça ou que manifestasse interesse em apresentar as respostas por escrito entre 14 de setembro e 30 de outubro.

No segundo ofício, enviado a Lula no dia 12 de novembro, a juíza voltou a solicitar as respostas do presidente até o fim daquele mês. “Solicito, se possível, que as respostas sejam enviadas a este Juízo Federal até o dia 30/11/2009”, escreveu a juíza.

Pollyanna Kelly encaminhou a Lula diversas perguntas feitas pelos procuradores da República Raquel Branquinho e José Alfredo. Na lista de perguntas, o MPF questiona quais providências legais Lula tomou ao saber do Mensalão. Até a quarta-feira 17, o ministro-relator do processo do Mensalão no STF, Joaquim Barbosa, não tinha recebido a informação da Justiça Federal com as respostas de Lula.

Marina divide o Acre
Identificada até o último fio de seus longos cabelos com o Acre, a senadora Marina Silva está sem palanque no Estado. Pré-candidata à Presidência da República pelo PV, para o qual migrou no ano passado depois de quase três décadas no PT, ela já anunciou que vai votar no candidato de seu antigo partido, o senador Tião Viana.

O senador, por sua vez, garante que lutará “com todas as suas forças” pela eleição da petista Dilma Rousseff a presidente, mas mantém a figura da senadora acima de disputas eleitorais. “Marina merece o mais absoluto respeito”, afirma Tião.

“Não haverá nenhum ataque a ela.” A inusitada situação do Acre fez com que o PV deixasse de lançar candidato próprio ao Palácio Rio Branco e continuasse a integrar a Frente Popular, a ampla coligação capitaneada pelo PT há 20 anos.

“Um rompimento entre os dois partidos seria um desastre político para as forças mais avançadas da região”, diz o presidente do PV, José Luiz de França Penna. Uma pesquisa interna encomendada pelo PT indica que Marina tem mais da metade das intenções de voto no Estado. A proximidade local entre os dois partidos reflete a trajetória de um grupo conhecido nos anos 1980 como os “meninos do PT”, do qual fazia parte a “menina” Marina.

À frente do governo estadual desde 1999, quando o engenheiro florestal Jorge Viana assumiu o primeiro de seus dois mandatos no Palácio Rio Branco, o PT entra na disputa estadual deste ano com o irmão do ex-governador.

Ainda em 2006, Tião era o preferido nas pesquisas eleitorais para a sucessão acreana, mas o grau de parentesco não permitiu que participasse da disputa. Agora, o quadro mudou. E Jorge, o ex-governador e atual presidente do Fórum Estadual de Desenvolvimento Sustentável, é um dos candidatos do PT a uma das vagas do Estado para o Senado.

No âmbito estadual, os outros dois pré-candidatos ao governo só pensam em levar a eleição para o segundo turno e então unirem forças. “Estamos juntos no mesmo projeto”, conta o professor Tião Bocalom, do PSDB.

“Precisamos quebrar essa dinastia que se instalou no Estado.” Três vezes prefeito de Acrelândia, cidade de 14 mil habitantes emancipada em 1992, Bocalom tem como parceiro na estratégia contra a Frente Popular o vereador de Rio Branco Rodrigo Pinto (PMDB), filho do governador Edmundo Pinto, assassinado no antigo Hotel Della Volpe, em São Paulo, em 1992.

“Entrei na vida pública para seguir os passos do meu pai e chegar aonde ele chegou”, diz Rodrigo, lembrando que Edmundo Pinto emancipou 11 vilas. O problema é que, dos 22 municípios acreanos, 15 são administrados pela Frente Popular, incluindo a capital, onde se concentram 45,7% dos 452 mil eleitores do Estado.

As mansões do PT
Pelos movimentos recentes do staff da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, tudo indica que não vai faltar dinheiro à candidata do governo.

Uma estrutura milionária está sendo preparada para abrigar os núcleos da campanha petista à Presidência. Há três semanas, o PT e emissários do partido negociam o aluguel de quatro mansões, todas localizadas no Lago Sul, bairro mais nobre de Brasília. Uma delas será a nova casa de Dilma, que terá de deixar em abril a residência oficial da Casa Civil, mas não pretende sair da luxuosa e caríssima Península dos Ministros, dona do metro quadrado mais caro da capital federal.

Para atender a ministra, o partido, que ainda tem dívidas na praça das eleições anteriores, vai ter de desembolsar mais recursos. Nas outras casas, funcionarão a área de inteligência ou o que os petistas chamam de escritório da campanha, o telemarketing e o estúdio de televisão.

Batido o martelo sobre os valores e imóveis que estão em avaliação, a campanha de Dilma contará com uma estrutura jamais vista numa candidatura ao Palácio do Planalto. Mais portentosa e robusta, inclusive, do que a da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas duas últimas eleições. “Confirmo duas. Estamos alugando uma casa para a Dilma e outra para servir de escritório.

A casa da Dilma é no Lago Sul. A do escritório será alugada até julho e a do comitê será perto da sede do PT. A do escritório ainda não fechamos o negócio. Não vamos dar os endereços agora, vocês vão descobrir quando começar a campanha”, disse à ISTOÉ o presidente do PT, José Eduardo Dutra.

Para não fazer muito alarde, o PT escalou uma pessoa fora da direção da legenda para negociar preços. Trata-se de Benedito Oliveira, da Gráfica Brasil. Durante a semana, ISTOÉ conversou com corretores de Brasília, que confirmaram que o mercado de aluguéis da capital ficou em ebulição a partir da saída do emissário do PT a campo.

No total, o comando da campanha de Dilma está disposto a desembolsar até R$ 120 mil mensais com o aluguel dos imóveis. Conhecido no partido como Bené, ele negociou o aluguel de uma das mansões mais sofisticadas da cidade. Localizada na QL 12, a mansão de cor salmão acomodava até o ano passado o exembaixador dos Estados Unidos no Brasil, Clifford Sobel.

Situada na beira do Lago Paranoá, com cinco suítes e 800 metros quadrados de área construída, hoje está alugada pelo dono do Hotel Naoum, Aroldo Azevedo. Apesar do valor do aluguel – cerca de R$ 50 mil mensais –, o PT estava disposto a custeá-lo para abrigar Dilma. Parte desse valor, cerca de 30% do total, seria liquidada à vista. O negócio estava avançado. Mas, durante a semana, o PT preferiu recuar com receio da repercussão negativa depois que a notícia saiu do mercado de imóveis de Brasília e foi parar no site do jornalista Cláudio Humberto.

De olho nos altos valores em discussão, um dos representantes da Kalu Imports, empresa de Home Theaters e projetores de tevê, que hoje é a proprietária de outro imóvel em que o PT está interessado, chegou a reclamar com amigos do recuo petista. “Não queremos perder esse grande negócio”, desabafou.

Questionado por ISTOÉ sobre as tratativas com o PT, Leandro Ferreira, que se apresentou como responsável pela empresa em Brasília, foi evasivo. “Ainda não recebi proposta alguma. Mas pode ser que eu venha a receber”, disse.

Neste imóvel, também localizado no Lago Sul, o PT pretende abrigar o estúdio de tevê da campanha, onde trabalharia a equipe do marqueteiro João Santana. Temendo mais uma notícia negativa para a campanha, Dilma entrou pessoalmente em campo e passou a negociar o aluguel de outra casa para ela morar até o fim do ano.

Em vez da mansão de Sobel, uma casa localizada no conjunto ao lado, também na caríssima Península dos Ministros. Ali morou Márcia Kubitscheck, filha de Juscelino. Hoje, a residência com três suítes e 1,2 mil metros quadrados, pertence ao ministro do Superior Tribunal de Justiça, Aldir Passarinho, mas está vazia.

Abordado por ISTOÉ, um dos caseiros que cuidam do local confirmou a negociação: “De fato, o pessoal do PT veio aqui para alugar a casa para a Dilma.” O preço não é tão alto quanto o da mansão de Sobel: R$ 15 mil mensais. É quanto o partido também pretende pagar no imóvel onde irá funcionar o setor de inteligência da campanha, na casaestúdio, para as gravações do programas de tevê, e na de serviço de telemarketing.

"Eu desisto"
Promiscuidade, descrédito, desestímulo e decepção. Citando essas palavras para definir a atividade política no País, o secretário-geral do PT, deputado José Eduardo Cardozo (SP), anunciou que está fora da próxima campanha eleitoral.

“Eu desisto da Câmara”, disse. Segundo ele, o escândalo do Mensalão fez seu eleitorado encolher de 300 mil para 129 mil votos. Em muitos lugares, Cardozo ouvia a pergunta: “O sr. também recebe Mensalão?”

Em outras ocasiões, incomodou- se em ser tratado “socialmente” como ladrão ou bandido. “Perdi a paciência”, afirmou em entrevista à ISTOÉ. A desistência de Cardozo ocorre depois de ele ser preterido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o Ministério da Justiça e também de perder uma disputa interna para assumir a presidência da legenda. No entanto, o deputado aponta como maior motivo de sua decisão, depois de duas legislaturas, o modelo de financiamento de campanha no País.

“Esta é a porta de entrada para a corrupção”, disse Cardoso. Aos 51 anos, o dirigente petista – mesmo sem mandato – vai continuar na vida política e até admite ter alguma recaída no futuro e voltar a concorrer a um cargo majoritário. Mas pretende, agora, dedicar-se à função de procurador do município de São Paulo, à conclusão de um doutorado e ao magistério.

ISTOÉ – Por que o sr. decidiu não se candidatar à reeleição?
Cardozo – Com as regras em vigor, a possibilidade de ser exposto a uma execração judicial e pública é muito grande, mesmo se comportando com correção. Percebi o encarecimento gradativo das campanhas. Isso torna muito difícil uma pessoa de princípios éticos obter recursos.

ISTOÉ – Não é possível atuar dentro da lei?
Cardozo – Independentemente de sua postura ética, você é tratado como ladrão, como um bandido, socialmente, mesmo sem acontecer nada. Tem gente doando para gente que faz coisas erradas. E você é misturado na bacia das almas. E, se for acusado de alguma coisa, não adianta se explicar. Ninguém vai acreditar. Amanhã ou depois um doador seu é metido numa falcatrua e surgirá logo o nome de quem recebeu o dinheiro. Mesmo sem ter nada com aquilo, as pessoas vão dizer: “Até você, hein?” Por isso, alguns filhos de parlamentares nem sequer dizem que o são. Se revelarem, ouvem logo o seguinte comentário: “Seu pai é ladrão”.

Todos contra o casuísmo
O Rio de Janeiro é um Estado famoso por ter belezas naturais estonteantes, o melhor Carnaval do mundo e um povo alegre. Mas ele é, também, o maior produtor de petróleo do País – 83% do total de barris extraídos no Brasil saíram da plataforma continental do Rio.

Em números, no ano passado, dos 711,8 milhões de barris extraídos, 605,2 milhões foram do Rio. Em segundo lugar, numa distância abissal, veio o Espírito Santo, com 36 milhões de barris.

Nos últimos dias, porém, o Rio ficou sabendo que tirar petróleo do fundo do mar, por mais complexo que seja, pode ser mais fácil do que enfrentar o casuísmo eleitoral. Uma emenda considerada estapafúrdia acabou sendo aprovada na Câmara dos Deputados na quarta-feira 10, por 368 votos a favor, 73 contra e duas abstenções.

A chamada Emenda Ibsen jorra aberrações: ao tungar os royalties do Rio, quebra a economia do Estado (pois retira, de uma só tacada, R$ 7 bilhões de sua economia anual), não melhora a vida dos Estados e municípios brasileiros que estariam na divisão igualitária dos royalties (porque daria muito pouco para cada um) e rasga a Constituição brasileira, cujo parágrafo 1º. do artigo 20 assegura aos Estados e municípios “participação nos resultados da exploração de petróleo no respectivo território, plataforma continental ou mar territorial”.

Veja
A revolta dos royalties
Agitando cartazes com dizeres do tipo "Não mete a mão no meu petróleo", 150 000 pessoas – algumas até com a cara pintada de azul e branco, cores da bandeira do estado do Rio de Janeiro – marcharam nas ruas do centro da capital, na última quarta-feira, em protesto contra uma emenda que, se aprovada no Senado, passará a destinar os royalties do petróleo a todos os estados e municípios brasileiros – e não apenas àqueles que têm reservas ou refinarias, como é hoje.

O Rio, que detém 83% da produção, perderia algo como 7,3 bilhões de reais por ano, dinheiro suficiente para pôr em xeque obras de infraestrutura que o governo do estado já garantiu ao Comitê Olímpico Internacional que colocaria de pé até 2016, ano dos Jogos.

O exaltado ato contra a emenda, de autoria do deputado federal Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), o mesmo que foi cassado em 1994 em consequência da CPI do Orçamento, reuniu num único palanque artistas e políticos de diferentes matizes, como a ex-governadora Rosinha Garotinho, o deputado federal Fernando Gabeira e o governador Sérgio Cabral, de quem partiu a iniciativa do movimento e que passou a semana esbravejando, em público, palavras como "leviandade" e "linchamento", além de chorar.

Também foram pregadas no Cristo Redentor e em outros cartões-postais faixas bradando "contra a covardia", que davam o tom da revolta. Na semana passada ainda, Cabral ouviu do próprio presidente Lula: "Se o Senado aprovar a emenda, eu veto depois".

Rediscutir a divisão dos royalties do petróleo faz todo o sentido num cenário em que, às jazidas exploradas em campos já maduros, se soma agora uma gigantesca reserva sob a área do pré-sal, ainda por desbravar.
Estima-se que, dessas jazidas, será possível extrair mais 80 bilhões de barris (seis vezes a capacidade brasileira) – ordem de grandeza que, ninguém discorda, torna razoável uma nova reflexão sobre os critérios de distribuição do dinheiro proveniente dos royalties.

O problema é a maneira como isso se dará. A emenda Ibsen nada acrescenta ao debate. Seu primeiro absurdo diz respeito à abrangência pretendida: além de englobar as áreas do pré-sal cujas regras para a exploração não foram definidas, a ideia é também incluir aquelas que já foram licitadas e ainda as jazidas em que o petróleo jorra há mais de uma década, como na Bacia de Campos.

Especialista em direito constitucional, o advogado Luís Roberto Barroso traz à luz as consequências: "Além de ser uma conduta pouco transparente, mudar as regras do jogo em relação a contratos em vigor só traz insegurança jurídica".

Outro problema com a emenda em questão é a distorção que ela cria ao se balizar pela lógica do Fundo de Participação dos Estados e Municípios, criado em 1965, para ratear os royalties.

Orientado pela filosofia da compensação, segundo a qual as unidades federativas mais pobres devem sempre receber mais dinheiro da União, tal fundo, se aplicado agora, faria o Rio, o líder na produção de petróleo, despencar do atual posto de maior beneficiário dos royalties à 22ª posição do ranking, atrás de Piauí e Tocantins, estados sem uma gota de óleo sequer.

Uma distorção. Em meio à insurreição da semana passada, Ibsen acrescentou um remendo ao próprio texto – novo absurdo. A proposta é fazer a União pagar a estados e municípios, por ora, o equivalente ao que eles deixariam de receber por causa da emenda. "É o regresso à velha visão paternalista do estado, que deve prover tudo à revelia da própria saúde financeira", avalia o economista Maílson da Nóbrega.

O PT continua dando de ombros...
Na noite da última terça-feira, o lobista e deputado cassado José Dirceu, acusado pela Procuradoria-Geral da República de comandar a "organização criminosa" do mensalão, réu no Supremo Tribunal Federal por corrupção ativa e formação de quadrilha, celebrou seus 64 anos numa alegre festa em Brasília.

Dirceu, o perseguido, aproveitou a tertúlia para anunciar sua enigmática convicção de que será absolvido no STF – e propôs um brinde especial ao novo tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, apontado como um dos operadores do mensalão petista e, também, como responsável por desfalques milionários na Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo, a Bancoop.

"Vamos defender nossos amigos dessas denúncias infundadas", arengou o petista, observado de perto pelo presidente do Senado, José Sarney, e pelo senador Renan Calheiros, ambos do PMDB, políticos retos que, como Dirceu, conhecem bem esse tipo de "denúncia infundada". Até o outrora discreto chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, foi às falas:

"Não vamos aceitar linchamento sem provas". O partido, portanto, está disposto a manter no cargo João Vaccari, o coletor de propina do mensalão junto aos fundos de pensão.

NEM AÍ

O tesoureiro do PT, João Vaccari, não se deu ao trabalho de responder às denúncias

As declarações no convescote de Dirceu demonstram que o PT resolveu aplicar no caso de Vaccari a mesma tática belicosa que adota desde o começo do governo Lula sempre que surgem evidências de malfeitorias cometidas pelos companheiros.

É uma estratégia rudimentar, na qual o partido se defende tão somente atacando os autores das denúncias – ou, ainda, o mensageiro delas: "a mídia golpista". Essa atitude prepotente, de deprezo aos demais protagonistas do jogo democrático, serve ao propósito político de interditar o debate e a validade de quaisquer investigações, ignorando, assim, a substância objetiva das provas apresentadas ao público.

A nota divulgada pelo tesoureiro na semana passada – em resposta às revelações de VEJA sobre os depoimentos sigilosos do corretor Lúcio Funaro aos procuradores que investigam o mensalão – ratifica isso. Nela, lê-se apenas que as denúncias visam a "influenciar o processo eleitoral".

Nada diz sobre os fatos. Ou seja, nega sem negar. Não nega que Vaccari recebeu o corretor e o deputado mensaleiro Valdemar Costa Neto na sede da Bancoop, no fim de 2004. Não nega que nesse encontro Vaccari explicou que, para fazer negócios nos fundos de pensão, era necessário pagar um pedágio ao PT.

Não nega que, na conversa, Vaccari explicou que Funaro e Valdemar também deveriam pagar propina para participar dessas negociatas.

Ao desprezo pelos fatos seguiu-se a terceira linha de defesa do PT, na qual o partido procurou distanciar Vaccari do comitê da campanha presidencial de Dilma Rousseff. Ele é tesoureiro do PT, mas não cuidará das finanças da campanha, asseguram os articuladores do partido. Bobagem.

Nem distância física existe. O provável comitê de campanha de Dilma funcionará no mesmo prédio da sede do PT, em Brasília. A partir de abril, quando deixará a Casa Civil para dedicar-se exclusivamente à campanha, Dilma será funcionária do PT. Seu salário sairá dos cofres administrados por Vaccari.

Ao menos cinco assessores dela deixarão a Casa Civil e passarão a receber pelo partido. A sigla também bancará, naturalmente, toda a estrutura da caminhada eleitoral de Dilma até julho, quando a campanha começará oficialmente e o comitê poderá arrecadar doações. O partido estima que gastará entre 5 e 8 milhões de reais nesse período de pré-campanha. Tudo com a assinatura de João Vaccari – o homem que pedia comissão a empresários, segundo depoimentos em poder da Procuradoria-Geral da República.

Vai sobrar alguém?
Distrito Federal é hoje um território politicamente arrasado para onde quer que se olhe, inclusive o futuro. Nas duas últimas décadas, Joaquim Roriz foi governador por quinze anos. O cacique é apontado como o criador de uma estrutura de corrupção suspeita de desviar mais de 1 bilhão de reais dos cofres públicos.

Em 2006, José Roberto Arruda apresentou-se como uma alternativa. Viu-se, porém, que Arruda não só se apossou do esquema de Roriz como também o aprimorou.

Afastado do cargo e preso há pouco mais de um mês, o governador teve o lugar ocupado interinamente pelo deputado Wilson Lima, réu em processo por improbidade administrativa. Na semana passada, o Tribunal Regional Eleitoral cassou o mandato de Arruda por infidelidade partidária. Seus advogados ainda podem recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral.

Se a cassação for ratificada, a Câmara Legislativa vai escolher o sucessor por meio de uma eleição indireta. Solução? Não. Mais problema. Há dúvida quanto à lisura dos integrantes da Casa, já que nada menos que dez dos 24 parlamentares estão sob investigação da Polícia Federal e do Ministério Público como destinatários de propinas.

Se o passado envergonha e o presente é desalentador, as perspectivas de futuro são ainda piores. Joaquim Roriz, o criador do mensalão local, é pré-candidato, e já desponta como o principal postulante ao governo. Pesquisas recentes o colocam em condições até de vencer no primeiro turno.

A virtude da democracia é que, em situações assim, há sempre a possibilidade de expulsar do poder os transgressores pelo voto. Em Brasília, o PT apresenta-se como o único partido capaz de limpar a sujeira deixada pelo governo Arruda e afastar o fantasma da volta de Joaquim Roriz. O problema é que os dois candidatos da sigla que disputam a indicação também estão às voltas com denúncias pesadas.

Agnelo Queiroz, ex-ministro do Esporte do governo Lula, é investigado pelo Ministério Público por desviar recursos do projeto Segundo Tempo para beneficiar ONGs ligadas a aliados políticos de seu partido.

Recentemente, ele foi pilhado invadindo área pública. O outro petista, o deputado federal Geraldo Magela, também tem fantasmas para exorcizar.

Em 2004, Waldomiro Diniz, ex-assessor do ministro José Dirceu, foi filmado pedindo propina a um empresário de jogos. Na época, Waldomiro afirmou que parte do dinheiro recolhido foi repassada à campanha de Geraldo Magela ao governo, em 2002, eleição que ele perdeu exatamente para Joaquim Roriz. O lado positivo é que o redemoinho vai acabar tragando muita coisa ruim.

Onde está Wally?
A cena acima é um registro para a posteridade de um momento ímpar na vida de 22 formandos da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas de Goiatuba, no interior de Goiás.

Sorriso no rosto, diploma nas mãos orgulhosamente levantadas e..., no alto, alguém que, aparentemente, não combina muito com o ambiente. O homem de terno e gravata é um professor, o patrono da turma, o escolhido para render homenagens aos alunos.

Parece o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares - aquele acusado de corrupção e formação de quadrilha? Parece. Mas, ouvindo suas palavras na solenidade de formatura, não é possível que seja.

"É muito importante a ética na política, na educação e na cultura do povo", afirmou o professor, diante dos olhares atentos de mais de quatro centenas de convidados. E concluiu sua pregação: "É importante ter ética em tudo o que se faz na vida".

O homem que está no epicentro do maior escândalo de corrupção da história do Brasil, que manuseou milhões de reais em dinheiro roubado dos cofres públicos, agora empenha seus fins de semana pregando ética a jovens. Bonito, se estivesse cumprindo uma expiação. Mas nem isso é o que parece.

O ex-tesoureiro petista foi homenageado pela turma de futuros administradores por seu principal talento - a capacidade de arrumar dinheiro.

Conta o presidente da comissão de formatura: "A gente ficou sabendo que o Delúbio gostava de participar desse tipo de festa, inclusive ajudando financeiramente. Fomos até sua fazenda e fizemos o convite para ele ser o nosso padrinho.

Ele topou na hora e, aí, a gente perguntou se ele poderia dar uma ajudazinha nas despesas. Ele perguntou de quanto. Deixamos por conta dele".

Dias depois do convite, em novembro, o ex-tesoureiro depositou 6 000 reais, o equivalente a 13% das despesas da festa, na conta da comissão. "A gente sabe que a fama dele é horrível, mas fazer o quê, se ele pode bancar a festa?", justifica Cezar Barros.

Candidato confesso
Na última sexta-feira, o governador de São Paulo, José Serra, admitiu em público pela primeira vez que será candidato à Presidência da República pelo PSDB.

O anúncio não ocorreu com a pompa e a solenidade que seus aliados e adversários esperavam, mas em uma simples entrevista concedida ao apresentador José Luiz Datena, da Band. Serra pretendia falar sobre um projeto na área de saúde.

A conversa tomou outro rumo. Ele recebeu parabéns por seu aniversário e, ao ser questionado sobre a data em que deveria lançar seu nome, respondeu: "No início de abril". O jornalista ainda conferiu: "Está definido, então?".

O tucano confirmou: "Está". A candidatura de Serra era um segredo de polichinelo. Ainda assim, a revelação surpreendeu até seus colaboradores mais próximos. Eles esperavam que Serra emitisse declarações cada vez mais claras sobre sua intenção de concorrer ao Palácio do Planalto.

A senha nesse sentido foi dada no início do mês, durante as comemorações do aniversário de 100 anos do presidente Tancredo Neves.
Na oportunidade, Serra garantiu à cúpula do partido que disputará a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. A partir daí, deveria fazer afirmações semelhantes para círculos cada vez menos restritos. Deveria, no entanto, evitar manifestações públicas, que poderiam esvaziar o lançamento formal de sua campanha, em 10 de abril.

Tão convencido estava da decisão de disputar a Presidência e da correção de sua estratégia que Serra acabou se traindo. "Não disse nada de novo", ponderou o governador, declarando-se surpreso com a repercussão da entrevista.

"Ele guardou isso por tanto tempo que acabou saindo", avaliou um de seus amigos. O deslize verbal não deverá, porém, alterar o calendário tucano. Na semana passada, Serra tomou novas decisões sobre a cerimônia.

Aprovou, por exemplo, o horário (de manhã) e o local (Brasil 21 Centro de Eventos e Convenções, em Brasília) em que ela ocorrerá. Também incumbiu o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, e seu secretário executivo, Sérgio Silva, de contratar as empresas que vão organizá-la. Empenhou-se em eliminar possíveis focos de conflito em sua equipe de campanha.

Uma das preocupações atuais de Serra é convencer a agremiação de que o mais indicado para chefiar sua área de comunicação é o marqueteiro Luiz González, que o ajudou a conquistar a prefeitura de São Paulo, em 2004, e o governo do estado, em 2006.

Alguns dos líderes do PSDB têm restrições a González porque, também em 2006, ele coordenou a campanha fracassada a presidente da República do tucano Geraldo Alckmin. Mas Serra não só gosta do marqueteiro como confia nele e está certo de que não há ninguém melhor para a tarefa.

Época
Pau na máquina eleitoral
Conhecido no ambiente político pelo hábito de trabalhar à noite e de madrugada, o governador de São Paulo e “pré-candidato” do PSDB à Presidência, José Serra, se viu forçado na semana passada a imprimir essa marca também à administração do Estado.

Nos canteiros do trecho sul do Rodoanel e da Nova Marginal Tietê, grandes obras viárias executadas por sua gestão na capital paulista, operários trabalharam praticamente as 24 horas do dia. A azáfama nos canteiros tem um motivo.

O Rodoanel e a Nova Marginal Tietê são duas vitrines que Serra quer usar em sua segunda campanha pelo Palácio do Planalto. Se quiser concluir as obras no cargo de governador, Serra terá de fazer as inaugurações até o dia 2 de abril. A partir dessa data, pela Lei Eleitoral, ele é obrigado a deixar o governo de São Paulo para poder concorrer à Presidência.

O frenesi de máquinas e trabalhadores, acompanhado por ÉPOCA na noite da quarta-feira, ajuda a trazer ao mundo das coisas concretas as confusões criadas pela legislação eleitoral brasileira. Na teoria, ela tenta proteger o eleitor de eventuais abusos da máquina pública e do poder econômico.

Na prática, acaba produzindo um teatro farsesco no qual os candidatos dizem que são apenas “pré-candidatos” – essa invenção tão nacional quanto a jabuticaba – e os eleitores servem de plateia para que os políticos finjam que estão respeitando as regras.

As falhas estão sendo expostas pela própria Justiça, encarregada de aplicá-la. A lei proíbe a realização de “campanha antecipada”. Os candidatos só podem pedir votos depois de 5 de julho. Os juízes não se entendem, porém, se a maratona de inaugurações promovidas pelo presidente Lula para alavancar a candidatura presidencial da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, a adversária de Serra, configura um desrespeito às regras.

Na quinta-feira passada, o presidente foi multado pelo ministro Joelson Dias, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em R$ 5 mil. Ao julgar uma representação dos partidos de oposição, Dias entendeu que Lula ajudou a “aclamar” o nome de Dilma como candidata ao visitar, na companhia dela, uma obra em Manguinhos, Rio de Janeiro, no dia 29 de maio do ano passado.

Em outra decisão, por 4 votos a 3, Lula foi absolvido no plenário do mesmo TSE de acusação semelhante, propaganda antecipada, por ter participado de uma inauguração em Minas Gerais. Na segunda-feira, a Justiça Eleitoral mandou também o PT paulista retirar do ar propagandas de TV com a participação do presidente e de Dilma, prática que o partido vinha adotando havia quase um ano.

CANTEIRO
Operários trabalham na obra da Marginal Tietê, em São Paulo. Para Serra entregá-la neste mês, foi criado um turno à noiteNo caso da multa a Lula, a Advocacia- Geral da União (AGU), órgão que tem por finalidade defender os interesses do governo federal, deverá recorrer da sentença.

A mesma AGU emitiu um parecer que promete aumentar a confusão em torno das proibições eleitorais. O texto dá aval à participação de qualquer pré-candidato em inaugurações e eventos oficiais até 5 de julho, o tal prazo legal para o início das campanhas, quando, em tese, o jogo começaria. “A decisão da AGU praticamente torna inócua a necessidade de a Dilma deixar o governo. Não faz sen-tido”, diz Ricardo Penteado, advogado do PSDB.

Enquanto as assessorias jurídicas do governo e da oposição duelam nos tribunais, os pré-candidatos aumentam o ritmo dos eventos com tons eleitorais.

Na quarta-feira passada, Dilma vistoriou, em Minas Gerais, uma estrada que já estava pronta havia oito meses. Mesmo assim, tanto ela como Serra fingem que não estão fazendo campanha. Na sexta-feira, ao ser entrevistado pelo apresentador José Luiz Datena, na TV Bandeirantes, Serra se embaraçou completamente ao tentar dissimular que seja candidato e assim não arrumar problemas nos tribunais.

“Eu não estou negando minha candidatura. Estou dizendo que neste momento não vou fazer campanha”, disse Serra. A declaração acabou sendo interpretada como o anúncio oficial da candidatura, apesar dos recuos de Serra.

A guerra dos royalties
No alto, vista aérea da passeata no centro do Rio. Acima, Cabral (à dir.) com a adversária Rosinha Garotinho (no centro) e o prefeito Eduardo PaesA exploração das imensas jazidas de petróleo descobertas na chamada camada pré-sal ainda está na fase experimental.

Calcula-se que as novas fronteiras petrolíferas, a cerca de 300 quilômetros da costa e a 7.000 metros de profundidade no oceano, só começarão a gerar renda dentro de dez anos. Mesmo assim, a divisão do butim do pré-sal já produz cizânia política, disputa federativa entre Estados e comoção popular.

Na semana passada, o centro do Rio de Janeiro foi palco da maior manifestação vista na cidade desde os protestos que levaram ao impeachment do ex-presidente Fernando Collor. Convocadas por uma campanha publicitária relâmpago, articulada pelo governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), 150 mil pessoas foram às ruas para protestar “contra a covardia”.

Covardia, no caso, é como o governador Cabral e os fluminenses encararam a aprovação pela Câmara dos Deputados de uma emenda a um projeto de lei que regulamenta a exploração do petróleo da camada pré-sal, de autoria dos deputados Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), Humberto Souto (PPS-RS) e Marcelo Castro (PMDB-PI).

A emenda Ibsen, como ficou conhecida, muda as regras da divisão dos royalties pagos pelas empresas petrolíferas como compensação pelos impactos demográficos, ambientais e de infraestrutura causados pela exploração do petróleo.

Pelas regras atuais, a maior parte dos royalties vai, além da União, para os Estados e municípios onde há produção de petróleo (leia o quadro na próxima página). Os demais Estados recebem apenas uma pequena parcela do dinheiro.

Com a descoberta das jazidas do pré-sal, o governo Lula patrocinou um acordo que aumenta o quinhão dos Estados não produtores no bolo dos royalties, mas preserva a maior fatia da renda do petróleo para os Estados produtores.

Com o argumento de que é preciso dar tratamento igualitário aos Estados, a emenda Ibsen ignorou esse acordo. Estipulou novos critérios de partilha de royalties dos campos pré-sal e dos já existentes, pelos quais o Estado do Rio de Janeiro, hoje o campeão de receita, perderá mais de R$ 4,6 bilhões de arrecadação.

O impacto dessa perda seria a ruína financeira do Estado. Segundo um estudo da Secretaria de Fazenda do Rio de Janeiro, para reequilibrar as contas estaduais, a Secretaria de Saúde, por exemplo, teria de perder 39% de seu orçamento.

Depois da aprovação da emenda Ibsen, o governador Cabral foi às lágrimas e disse que a realização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 estava sob ameaça.

Sua reação emocional foi o estopim para a mobilização da semana passada, turbinada com ponto facultativo para funcionários públicos e ônibus fretados por prefeituras, mas que terminou sendo um sucesso. Além de praticamente todo o espectro político fluminense, a passeata mobilizou desde a funcionária pública Neide Macedo, de 46 anos, portadora de deficiência física, que encarou três horas de trânsito, na companhia de duas filhas e neto, para ir de sua casa na Baixada Fluminense até o centro do Rio de Janeiro, até celebridades como a apresentadora Xuxa e sua mais famosa ex-paquita, a atriz Letícia Spiller.

Letícia foi ovacionada pelo público ao clamar: “O petróleo é nosso”. Na internet, a manifestação foi o segundo assunto mais comentado no Twitter no mundo, perdendo apenas para o dia de São Patrício, festa popular em muitos países.

A mobilização do Rio deve forçar o Senado, para onde foi enviado o projeto aprovado pela Câmara, a rever a aprovação da emenda Ibsen. Depois do estrilo de Cabral, o presidente Lula prometeu ao governador um veto à emenda, caso os senadores não a alterem.

Em público, o presidente, na semana passada, não quis, porém, se comprometer com um veto. “Eu já cumpri a minha parte. A bola está nas mãos do Congresso Nacional, e o Congresso que resolva o problema”, disse Lula, em Amã, na Jordânia, momentos antes de embarcar de volta para o Brasil após uma viagem de cinco dias ao Oriente Médio.
Google
online
Google