sábado, janeiro 30, 2010

Pesquisa aponta diminuição da diferença entre Serra e Dilma em um possível 2º turno

Da Redação, com informações do Jornal da Band

Vox Populi: Dilma sobe 9 pontos; Serra lidera com 34%

Terra.com.br

29 de janeiro de 2010 21h56 atualizado às 23h40

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), lidera a corrida presidencial com 34% das intenções de voto, seguido da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), com 27%, segundo pesquisa do Instituto Vox Populi, encomendada pela TV Bandeirantes. Dilma tem nove pontos a mais do que o registrado no último levantamento do instituto, sendo que Serra caiu cinco pontos. O deputado federal Ciro Gomes (PSB) somou 11%, seguido da senadora Marina Silva (PV), com 6%. Brancos e nulos ficaram em 10%, sendo que 12% não sabem ou não opinaram. A pesquisa ouviu 2 mil pessoas em 23 Estados e no Distrito Federal, entre os dias 14 a 17 de janeiro, O levantamento, que tem margem de erro de três pontos percentuais, foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número 1057/2010. A pesquisa, divulgada no Jornal da Band desta sexta-feira, é a primeira do ano eleitoral.

No cenário sem Ciro, Serra oscila para 38%, e Dilma, para 29%. Marina fica com 8%. Brancos e nulos somaram 12% e 13% não sabem ou não opinaram.

Em pesquisa encomendada pela revista IstoÉ, e divulgada em 19 de dezembro, Serra obteve 39% das intenções de voto contra 18% de Dilma. Ciro Gomes somava 17%, e Marina teve 8% da preferência.

A nova pesquisa da Vox Populi também simulou um possível segundo turno entre Serra e Dilma. O tucano somou 46% contra 35% de Dilma. Os brancos e nulos ficaram em 10%, sendo que 9% estão indecisos ou não opinaram.

Janeiro de 2010 é mais chuvoso em SP desde 1947

Da Redação

Com a chuva forte da tarde desta quinta-feira (28/01) em várias áreas da Grande São Paulo, a capital registrou até as 16h um nível acumulado de 468,6 milímetros, o maior para o mês de janeiro desde 1947. AQUI

LAGO TRANSBORDA EM NOVA CAMPINA

TV TEM

Um lago transbordou na cidade de Nova Campina, interior de São Paulo, na madrugada de quinta-feira. Segundo informações do Corpo de Bombeiros de Itapeva, que presta atendimento à cidade, o centro do município encontra-se alagado e cerca de 6 famílias tiveram que ser removidas de suas residências durante a madrugada.

Ainda segundo os bombeiros, o lago é responsável pela captação de águas na cidade e localiza-se na Avenida João Cardoso de Almeida. Estima-se que cerca de dez casas tenham sido atingidas pela enchente, além do posto de polícia que se encontra no centro da cidade. A defesa civil do município está no local dos alagamentos e decidirá sobre o destino das famílias desabrigadas.

Brasil falha na defesa da democracia, diz economista

Autor(es): Rolf Kuntz
O Estado de S. Paulo - 30/01/2010

Maior economia da América Latina, o Brasil tem falhado em usar seu peso para defender a democracia na região, segundo o economista Ricardo Hausmann, professor de Harvard, ex-economista-chefe do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e ex-ministro do Planejamento da Venezuela (99-93). Moderador dos debates num almoço organizado para discussão das perspectivas brasileiras, Hausmann proporcionou com sua cobrança a grande surpresa do encontro. O Brasil está na moda e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o primeiro premiado pelo Fórum Econômico Mundial com o título de Estadista Global.

O almoço, marcado para depois da premiação, poderia ter sido um perfeito evento promocional, se o mestre de cerimônias se limitasse a levantar a bola para as autoridades brasileiras chutarem. Ele cumpriu esse papel no começo da reunião. Deu as deixas para o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, falarem sobre o desempenho brasileiro durante a crise internacional e sobre as mudanças ocorridas no País nos últimos sete anos. Nem tudo saiu barato: pressionado por uma pergunta de Hausmann, o ministro da Fazenda elogiou o trabalho do governo anterior no controle da inflação e na elaboração da Lei de Responsabilidade Fiscal.

"O Brasil", disse Mantega, "teve um bom presidente antes de Lula." Mas acrescentou, como era previsível, uma lista de realizações a partir de 2003, como a elevação do superávit primário, a expansão econômica mais veloz e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Não faltou o confronto: a economia cresceu em média 2,5% no período de Fernando Henrique Cardoso e 4,2% na era Lula.

O almoço poderia ter continuado nesse ritmo se Hausmann não resolvesse enveredar pela política. Quando a Venezuela fechou a fronteira com a Colômbia, disse Hausmann, o Brasil mandou uma missão empresarial para ocupar o mercado antes suprido pelos colombianos. Quando a Colômbia anunciou um acordo militar com os EUA, Lula convocou uma reunião da Unasul.

É uma questão de pragmatismo, respondeu o empresário Luiz Furlan, ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do governo Lula. Elogiou o presidente por seu apoio à exportação - "agiu como um homem de negócios" - e acabou chegando ao ponto mais delicado: "A Venezuela compra do Brasil US$ 5 bilhões por ano. Que fazer?"

"O Brasil é signatário de uma Carta que o obriga a defender a democracia", observou Hausmann. O Brasil, disse ele depois ao Estado, poderia ter feito um trabalho mais importante em defesa da democracia, na região, se a sua ação internacional fosse baseada em princípios e não no pragmatismo descrito pelo ex-ministro Furlan. O governo Lula, segundo o economista, deu à Colômbia um motivo para considerar o Brasil não confiável e uma razão a mais para se aproximar dos EUA.

sexta-feira, janeiro 29, 2010

Canetada contra o TCU

O Estado de S. Paulo - 29/01/2010

Conceda-se ao presidente Lula o benefício da dúvida e aceitem-se os números que ele invocou para justificar o veto ao trecho da Lei Orçamentária de 2010 que cortaria os recursos previstos este ano para três empreendimentos da Petrobrás, cuja paralisação o Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou devido a irregularidades "graves" - entre elas, superfaturamento, sobrepreço, critérios inadequados de medição e gestão temerária. Trata-se da construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, da modernização da Refinaria Presidente Vargas, no Paraná, e da implantação do terminal portuário de Barra do Riacho, no Espírito Santo. As duas refinarias fazem parte do PAC. Juntas, essas obras deverão receber no exercício R$ 13,1 bilhões. No ano passado, o Congresso não só se recusou a tirar essas obras da "lista negra", como acrescentou-lhe outra ainda, a do complexo petroquímico do Rio de Janeiro.

Ao justificar o veto, Lula alegou que a interrupção dos trabalhos acarretaria "prejuízo imediato de aproximadamente 25 mil empregos e custos mensais da ordem de R$ 268 milhões". Além disso, o atraso resultante privaria o Fisco do ingresso de R$ 577 milhões mensais. Pode ser pura verdade, mas atribuir as perdas ao TCU é uma deturpação grosseira dos fatos. Equivale a culpar o médico pela enfermidade que diagnosticou. Ou responsabilizar a polícia pelos gastos do setor público no combate à criminalidade. O que prejudica o País, evidentemente, não é o TCU - que o presidente gostaria de emascular -, mas a incapacidade gerencial que se revela na elaboração de projetos eivados de ilicitudes. Isso, numa hipótese caridosa, porque a prática do sobrepreço, por exemplo, não resulta de má administração, mas de más intenções. A combinação de incompetência e roubalheira é proverbial na relação do Estado com os executantes de grandes obras no País (e provedores de grandes contribuições eleitorais).

Seria mais simples extinguir o TCU de uma vez por todas se o órgão desse de ombros para as consequências lesivas ao interesse público de procedimentos absurdos, que não se tornam menos absurdos por serem corriqueiros. É comum a realização de licitações com base em apenas um memorial descritivo da empreitada em questão, desacompanhado do projeto executivo - uma estrada, digamos, sem o detalhamento do seu traçado. É o que permite aos vitoriosos, mal secada a tinta do contrato firmado com a administração, ornamentá-lo com os chamados termos aditivos que encarecerão o custo da obra em até 25% (quando esse limite legal não for transgredido mediante uma esperteza ou outra). Apenas a mudança nas exigências em processos licitatórios decerto eliminaria metade das mamatas que se seguirão. À falta disso, o remédio de última instância é parar o trabalho até o saneamento ou a reparação das irregularidades. Essa posição é adotada pela própria Controladoria-Geral da União.

Naturalmente, a escala do desperdício - para não dizer outra coisa - tende a ser compatível com o porte da obra. No caso da Refinaria Abreu e Lima, auditoria do TCU identificou indícios de superfaturamento de R$ 96 milhões e sobrepreço (valores acima dos praticados no mercado) de R$ 121 milhões nos serviços de terraplenagem. A Petrobrás nega que tenha havido irregularidades. Segundo a empresa, "existem diferenças nos parâmetros" utilizados por ela e o tribunal. Interessante a alegação. Leva a crer que a terraplenagem da área onde será erguida uma refinaria é intrinsecamente diferente do mesmo trabalho para a construção de um hospital ou de um estádio. Esses aborrecidos detalhes, de todo modo, não contam para o presidente Lula. O que deve lhe dar hipertensão são os controles institucionais do gasto público - ainda mais quando podem interferir com o grande investimento que programou para este ano: fazer da ministra Dilma Rousseff a sua sucessora - ou melhor, continuadora.

A campanha de Lula contra o TCU é tão ostensiva como a que faz para a candidata. Em agosto passado ele chegou a dizer que o órgão "quase governa o País". Segundo a sua ética de resultados, "quando está tudo resolvido (sic), vem o TCU, faz investigação e diz que tem sobrepreço". A intromissão, portanto, deve ser tolhida ou os seus efeitos revertidos com uma canetada. Entre a conclusão de obras a que custo for e a moralidade pública, Lula de há muito fez a sua escolha.

quarta-feira, janeiro 27, 2010

Executivos já temem excesso de regulação

Pós-crise, executivos temem excesso de regulamentação
Autor(es): Sergio Leo, de Davos
Valor Econômico - 27/01/2010

A interferência do governo, importante para estabilizar o setor privado no auge da crise, começa a preocupar os empresários. A Sondagem Anual, feita pela PriceWaterhouseCoopers com 1,2 mil executivos de cinquenta países, mostra que eles estão com “otimismo cauteloso” e que grande parte deles elege como perigo o excesso de regulamentação governamental. “Não podemos voltar ao protecionismo nem a regulamentações populistas”, disse ao Valor o presidente da Price, Dennis Nall. MAIS

PROPOSTA DO GOVERNO OBRIGA EMPRESA A DISTRIBUIR LUCROS

PROJETO QUE DÁ 5% DO LUCRO LÍQUIDO A EMPREGADOS DIVIDE GOVERNO
Autor(es): Wilson Tosta e Vannildo Mendes
O Estado de S. Paulo - 27/01/2010

Uma proposta - noticiada ontem pelo Valor - de tornar obrigatório o pagamento, por empresas brasileiras, de participação nos lucros a seus empregados, lançada ontem no Fórum Social Mundial, desencadeou no governo um princípio de crise marcado por versões conflitantes. Depois que a proposição foi divulgada - em resumo escrito e em entrevistas do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, e do secretário de Reforma do Judiciário, Rogerio Favreto, na capital gaúcha -, o ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou em Brasília que o que existe são só "estudos", divulgados prematuramente por assessores. Depois disso, Favreto, cuja secretaria é subordinada a Tarso, telefonou para o Estado e disse que a "minuta" agora será discutida pelo Ministério do Trabalho com empresários e trabalhadores. Só depois, em dois ou três meses, irá para o Congresso. O próprio Tarso, porém, foi apontado por Lupi como "quem coordena o projeto".

"Essa proposta de participação nos lucros ainda está em estudo. Foi elaborada inicialmente pela Secretaria de Assuntos Estratégicos, ainda vai ter um debate interno. É um estudo que acharam oportuno divulgar, para que também se possa ter a percepção da sociedade e dos atores nesse tema aí. Quem vai coordenar a relação com as empresas e os trabalhadores será o Ministério do Trabalho", disse Favreto, no início da tarde. A declaração foi na linha do que dissera Tarso: "O que há é um grupo de trabalho, criado a pedido do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, para discutir uma série de projetos da área, e o Ministério da Justiça integra esse grupo a título de contribuição. Mas não há posição fechada, nem do ministério, nem do governo, em torno do assunto."

FOLDER

Cerca de três horas antes, porém, a versão do governo era diferente. No Fórum Social Mundial, um folder de capa vermelha e oito páginas de texto apresentava a proposta de participação nos lucros ao lado de outras nove proposições formatadas pela Comissão de Alto Nível do Direito do Trabalho, presidida por Favreto. O grupo se reuniu por dois anos e incorporou a proposta da Secretaria de Assuntos Estratégicos, enviada ainda pela equipe do então ministro Roberto Mangabeira Unger.

O livreto distribuído no evento, que teve participação de Favreto e Lupi, apresenta a tese na página 7. Segundo o texto, a "proposta (...) sugere a criação de instrumentos jurídicos que confiram efetividade à Participação nos Lucros ou Resultados da empresa (PLR), prevista na Constituição". Favreto também adiantou os detalhes do projeto em discussão: ordenaria que 2% do lucro líquido fosse distribuído aos empregados igualmente e 3% segundo critérios acordados, em negociações semestrais ou anuais (veja quadro ao lado).

O secretário disse que sabia que haveria reações à proposta. "O governo vai fazer ainda alguma avaliação, para encaminhamento ou não ao Congresso. Mas achamos que é um debate, a lei está estabelecendo um ponto de partida mínimo." Ele afirmou que alguns dos dez projetos poderiam ir imediatamente para o Congresso, mas outros talvez exigissem alguma "maturação interna" do governo. Nesse caso, seguirão ainda neste semestre para o Legislativo, acredita.

TRABALHO

No mesmo evento, Lupi também se referiu à proposta como algo bastante adiantado, chegando a duvidar que, no ano eleitoral, os oposicionistas a ataquem. "Falta coragem, porque temos aí a maioria esmagadora de trabalhador", disse ao Estado. "Estou querendo ver como vão fazer oposição a esse projeto." Como Favreto, ele admitiu que poderá haver reações do empresariado à obrigatoriedade de partilhar lucros. "Reação sempre vai ter", disse. "A relação capital e trabalho sempre é conflitante."

LUCRO DIVIDIDO

Dez propostas de mudanças trabalhistas que serão enviadas para o Congresso pelo governo

Participação nos resultados de 5%: Valeria para médias e grandes empresas. 2% seriam igualmente divididos por todos os trabalhadores, e 3% segundo outros critérios

Discriminação no ambiente de trabalho: Veda todas as formas de discriminação em razão de sexo, orientação sexual, raça, etnia, idade, origem, aparência física, estado de saúde, deficiência, opiniões políticas, costumes, crenças religiosas, entre outros motivos

Regulação da terceirização: Veda terceirização da atividade-fim da empresa e estabelece responsabilidade solidária entre tomador e prestador por débitos trabalhistas

Teletrabalho: Estabelece que o trabalho realizado em casa não exclui a relação de emprego e prevê que a remessa pelo empregador de comunicação eletrônica ao empregado em horário de trabalho e em dias de descanso implicará pagamento de adicionais

Proteção contra práticas antissindicais: Tipifica estas práticas e as tornam nulas de pleno direito

Dívidas trabalhistas: Modifica a CLT para acrescentar o artigo 879-A, que dispõe que os débitos trabalhistas e as dívidas constantes de condenação pela Justiça do Trabalho passem a ser corrigidos por índices de atualização monetária que reponham o valor original da moeda, mais 1% ao mês

Defesa em secretaria nos processos trabalhistas: Mudança técnica, que dá ao reclamante o direito de requerer a apresentação, pelo reclamado, da defesa na secretaria do juízo. É apontada como aperfeiçoamento dos princípios do contraditório e da ampla defesa

Atualização da sistemática de assistência judiciária: Amplia o benefício da Justiça gratuita para quem recebe salário igual ou inferior a cinco salários mínimos ou declararem, não terem condições de pagar despesas do processo trabalhista sem prejuízo do sustento próprio

Nova regulação da execução trabalhista: Moderniza o rito da execução, aglutinando, no processo, a fase do conhecimento à do cumprimento, caso o devedor não pague voluntariamente o que deve. Passa a regular a execução provisória, nos moldes do Código de Processo Civil, considerando aspectos específicos do processo do trabalho

Atualização da sistemática dos processos trabalhistas: Altera a CLT para que o cidadão possa atuar pessoalmente ou por meio de advogado em causas trabalhistas cujos valores não ultrapassem 60 salários mínimos

PRESOS 7 DO MST ACUSADOS DE DESTRUIR LARANJAL EM SP

POLÍCIA PRENDE 7 DO MST POR DESTRUIÇÃO DE LARANJAL EM SP
Autor(es): MAURÍCIO SIMIONATO
Folha de S. Paulo - 27/01/2010

Mais de três meses após a depredação de fazenda da empresa Cutrale em São Paulo, a Polícia Civil desencadeou a Operação Laranja, com o objetivo de cumprir 20 mandados de prisão de pessoas ligadas ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). As prisões ocorreram na região de Iaras e Bauru (noroeste do Estado). Foram cumpridas sete ordens de prisão, mas duas pessoas que não estavam na lista foram detidas por porte ilegal de armas, levando a nove o total de detidos. Ao final do dia, havia 13 foragidos. Entre os detidos estão o ex-prefeito de Iaras Edilson Xavier, do PT, a vereadora Rosimeire Serpa (também petista) e o marido dela, Miguel Serpa, da direção estadual do MST, acusados de liderar a invasão. Foram apreendidos ainda computadores e celulares. Em nota, o MST disse que foram
"apreendidos pertences pessoais de muitos militantes e exigidas notas fiscais e outros documentos para forjar acusações de roubos e crimes afins". A Cutrale disse que teve prejuízos de R$ 1,2 milhão com a invasão. MAIS


.:.:. Agricultura .:.:.
Defensivos Naturais

Apresentamos aqui, algumas formas, muito antigas e eficientes para o tratamento de lavouras. Porém, com a vantagem de ser uma forma mais equilibrada , menos agressiva à natureza e menos toxica a todos os seres vivos do planeta. Mais informações a respeito deste tema estarão sendo sempre atualizadas aqui. Caso tenha alguma contribuição a fazer a respeito deste tema escreva-nos. 
 
 
 
 
ÍNDICE 

1. PREPARO E APLICAÇÃO DE DEFENSIVOS NATURAIS; Eng.o Agrôn. Silvio Roberto Penteado (DEXTRU/CATI)
2. INDICAÇÕES PARA O USO DA CALDA BORDALESA; Eng.o Agrôn. Silvio Roberto Penteado (DEXTRU/CATI)
3. TRATAMENTO DE INVERNO PARA ÁRVORES FRUTÍFERAS; Eng.o Agrôn. Silvio Roberto Penteado (DEXTRU/CATI)
4. O PREPARO DA CALDA SULFOCÁLCICA Eng.o Agrôn. Silvio Roberto Penteado (DEXTRU/CATI)
5. PREPARO E APLICAÇÃO DE DEFENSIVOS NATURAIS, para insetos; conhecimento popular e diversos autores
6. PREPARO E APLICAÇÃO DE DEFENSIVOS NATURAIS, para doenças; conhecimento popular e diversos autores
 
PREPARO E APLICAÇÃO DE DEFENSIVOS NATURAIS
1. OBJETIVOS
Os principais objetivos com o uso de defensivos alternativos, são: obter produtos agrícolas mais saudáveis, evitar a contaminação do produto e do consumidor, manter o equilíbrio da natureza, preservando a fauna e os mananciais de águas, reduzir o número de aplicações de defensivos agressivos, aumentar a resistência da planta contra a ocorrência de pragas e patógenos e sinistros naturais, reduzir o custo de produção e aumentar a viabilidade do produtor. Além disto, os defensivos alternativos atendem a uma crescente procura por produtos sadios. 
2. O QUE SÃO DEFENSIVOS ALTERNATIVOS
São considerados para uso como defensivos alternativos todos os produtos químicos, biológicos, orgânicos ou naturais, que possuam as seguintes caraterísticas: 
• praticamente não tóxicos (grupo toxicológico IV), custo reduzido para a aquisição e emprego. baixa a nenhuma agressividade ao homem e à natureza 
• simplicidade quanto ao manejo e aplicação, eficiência no combate aos insetos e microorganismos nocivos. alta disponibilidade para aquisição. não favorecer formas de resistência de insetos e microorganismos. 
3. CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES
a) Estas informações são resultantes de observações em testes regionais e de trabalhos de revisão da literatura, servindo apenas como sugestão quanto ao potencial de uso das caldas. 
b) Para o emprego das caldas, recomendamos que sejam feitas observações preliminares em poucas plantas, considerando o local, clima, cultivar, etc.
c) O emprego das caldas fora das recomendações, o uso de matéria prima de baixa qualidade e o preparo e aplicações inadequados, poderão causar problemas, baixa eficiência e até fitotoxicidade . 
5. UTILIZAÇÃO MAIS COMUM DE ÓLEOS
O óleo tem ação inseticida, principalmente contra cochonilhas. É indicado para as culturas do abacate, café, citros, figo, manga, maçã, pêra e plantas ornamentais (hibiscus e azalfias). Contra cochonilhas de carapaça (cabeça de prego, escama virgula, escama farinha, parlatória, piolho de São José, etc. ) e cochonilhas sem carapaças ( cochonilhas verde, marrom e pardinha). O óleo utilizado deve ser de grau leve, podendo ser de origem mineral (princípio ativo: 80 a 85%), vegetal (93%) ou de peixe. Este último tem sido muito indicado para controle de pragas. A dosagem do óleo mineral deve ser: • primavera/verão: 1 litro/100 litros de água. • outono/inverno: deve-se aumentar para 1,5 a 2,0 litros em 100 litros de água.
6. OUTROS USOS DOS ÓLEOS 
Os óleos ainda combatem o pulgão, lagartas, moscas, mosquitos, ácaros (acaro vermelho), ovos e larvas de insetos, tripes, mosca branca e viroses (óleo mineral de parafina). O óleo pode ser adicionado em vários defensivos melhorando sua efetividade, como na calda bordalesa. Quando pulverizados na estação de dormência das plantas de clima temperado, antes do inchamento das gemas, provoca erradicação das formas invernantes das pragas, assim como das cochonilhas de carapaças, como a cochonilhas farinha. 
7. PREPARO DAS MISTURAS DE ÓLEO 
Pulverizar com uma mistura de 1 litro de óleo vegetal + 100 gramas de sabão neutro ou 100 ml de sabão líquido e 15 litros de água. Agitar até obter uma emulsão turva. Óleo mineral emulsionável pode ser usado como alternativa; neste caso, misturar 30 ml em 1 litro de água. 
• Pulverizar óleo vegetal ou mineral puro; diluindo 10 a 20 ml de óleo em 1,0 litro de água. 
• Pincelar 2 ml. de óleo mineral ou vegetal sobre o fim da espiga de milho, contra ataque de insetos. 
8. EMULSÃO DE ÓLEO:
Ação de inseticida de contato, contra sugadores: ácaros, pulgões e cochonilhas. Ingredientes: 1,0 kg de sabão comum ou feito com óleo de peixe + 8,0 litros de óleo mineral + 4,0 litros de água. Preparo: 
• Ferver e dissolver o sabão picado em 4 litros de água. 
• Retirar do fogo e dissolver vagarosamente 8 litros de óleo mineral, ainda quente.
• Diluir uma parte do produto obtido em 10 a 50 partes
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INDICAÇÕES PARA O USO DA CALDA BORDALESA
CULTURA DOENÇAS SULFATO de COBRE CAL VIRGEM ÁGUA










Cebola, Alho Míldio 1.000g 1.000g 100 l
Tomate e Batata Requeima, Pinta Preta 1.000g 1.000g 100 1
Solanáceas Pinta Preta, Podridões 800g 400g 1001
Cucurbitáceas Míldio, Antracnose 300g 300g 100 1
Café Ferrugem, Manchas foliares 1.500g 1.500g 100l
Abacate e Manga Antracnose 1.000g 1.000g 100 1
Morango Mancha de Micosferela 500g 500g 1001
maracujá Bacteriose, Verrugose 400g 400g 1001
Macadâmia e Pecã Manchas 1.000g 1.000g 100 l
Maçã e Pêra Sarna, Podridões 400g 800g
Goiaba Verrugose, Manchas 600g 600g 1001
Nêspera Manchas, Entomosporiose 800g 800g 1001
Citros Verrugose, Melanose, Rubelose 600g 300g
Uva 1001 Itália Míldio, Podridões 600g 300g 1001
Uva Niagara Mildio Manchas 500 / 600g 800g 1001
Figo Antracnose; Podridões 800g 800g 1001
Caqui Antracnose; manchas 300 500g

OBSERVAÇÃO: A calda bordalesa é indicada para controle de Podridão de gomose ( fitofora ) em fruteiras, I aplicando no tronco e ao redor do solo na dosagem de 1,5 a 2,0%. É recomendada para tratamento de inverno e na pré brotação das gemas das fruteiras temperadas como figo, caqui uva pêssego, maçã, etc... 

TRATAMENTO DE INVERNO PARA ÁRVORES FRUTÍFERA
Eng. agrn. SILVIO ROBERTO PENTEADO (DEXTRU/CATI)
Com a chegada do inverno, as pragas e os patógenos causadores de doenças, se preparam para atravessar o período invemal nas formas de resistência, abrigados nas cascas do tronco e ramos das frutíferas, para surgirem na primavera e causarem prejuízos da fase de brotação até a colheita. A calda sulfocálcica, pela sua eficiente ação fungicida, acaricida e inseticida é considerada o melhor produto para proceder à erradicação das pragas e patógenos hibernantes, pelo tratamento de inverno. 
TRATAMENTO DE INVERNO
Após a queda das folhas de ameixeiras, caquizeiros, figueiras, nectarineiras, macieiras, pereiras e videiras, durante o repouso das plantas, antes da brotação, adote as seguintes medidas: 1. Poda dos ramos secos, doentes e praguejados e remoção destes ramos e aqueles eliminados na poda de frutificação, retirando-os para fora do pomar. Pincelamento das áreas de corte com pasta bordalenga na proporção de 1,0 Kg de sulfato de cobre + 2,0 Kg de cal virgem + 10,0 litros de água. 2. Raspagem e limpeza de troncos e ramos com lesões, áreas doentes, praguejadas e com algas ou liquens. Pincelamento com pasta bordalesa. 3. Pulverização com calda sulfocálcica na diluição de 1,0 litro de calda concentrada (32,0 graus Baum.) para 10,0 litros d'água; pulverizar muito bem a planta 1 ou 2 vezes no inverno. A fabricação da calda sulfocálcica, pasta bordalesa ou calda bordalesa na propriedade, com a utilização da cal virgem, reduz os custos de tratamentos fitossanitários e permite obter um produto de melhor qualidade, além de aumentar a eficiência. ** Quem faz tratamento de inverno, reduz os tratamentos de verão! 

PREPARO DA CALDA SULFOCÁLCICA 
Produtos
• 12,5 Kg de cal virgem 
• 25,0 Kg de enxofre em pó . 10.0 L de água 
METODOLOGIA NO PREPARO:
• Num tambor de ferro de 200 litros, dissolva o enxofre com um pouco de água quente, até formar uma pasta; • Coloque fogo sob o tambor e complete o volume até 80 litros de água; 
• Após o inicio da fervura, adicione a cal virgem aos poucos, mexendo constantemente, com uma pá de madeira;
• Ferver por 60 minutos, fazendo a adição de água fria (20 litros). Quando levantar a fervura, manter o volume em 100 I.; 
• Quando a calda estiver com a cor pardo avermelhada estará pronta. Deixar esfriar e coar em um pano ou peneira fina; 
• A armazenagem da calda sulfocálcica pode ser feita por um período máximo de 30 dias. Em recipiente de vidro ou bombona plástica desde que sejam muito bem vedados. Obs.: O Enxofre ventilado malha 200 possibilita melhor aproveitamento, tornando viável/ a produção de calda com densidade maior que 32 graus Baumé. 
UTILIZAÇÃO DA CALDA SULFOCÁLCICA
• É recomendável a adição de espalhante adesivo à calda (20 para 100 litros de calda). 
• Conheça a qualidade da calda usando o densímetro (Aerômetro de Baumé). Uma boa calda deve apresentar uma densidade de 30 e 32 graus Baumé 6.
• O uso de uma cal virgem de baixa qualidade, velha ou carbonatada, reduz e até inviabiliza a qualidade e eficiência da calda sulfocálcica.
• A calda diluída deve ser utilizada no mesmo dia do preparo. 
• No preparo e aplicação da calda, seguir os mesmos cuidados recomendados quanto ao manuseio de outros defensivos agrícolas. 
• Após aplicação, lavar bem os equipamentos com solução de uma parte de vinagre e dez partes de água. 
• Observar o intervalo mínimo de 20 dias entre a aplicação da calda sulfocálcica e a aplicação de óleo ou calda bordalesa. 
• Em goiabeira o tratamento pode ser feito logo após a poda total, na concentração de 1,0 litro em 10.0 Litros de água voltar

SUGESTÕES DE PREPARADOS COM ERVAS
ESPECÍFICAS PARA CONTROLE DE INSETOS E OUTROS 
- Macerado de samambaia
Colocar 500 gramas de folhas frescas ou 100 gramas de folhas secas em um litro de água por dia. Ferver meia hora. Para aplicação diluir um litro deste macerado em dez litros de água.
Controla ácaros, cochonilhas e pulgões.
- Macerado curtido de urtiga
Colocar 500 gramas de folhas frescas ou 100 gramas de folhas secas em um litro de água e deixar dois dias. Para aplicação diluir em 10 litros de água e pulverizar sobre as plantas ou no solo.
Controla pulgões e lagartas (aplicado no solo)
- Macerado de fumo
Picar 10 cm de fumo de corda e colocar em um litro de água por um dia em recipiente não-metálico com tampa. Diluir em 10 litros de água e pulverizar as plantas.
Controla cochonilhas, lagartas e pulgões.
- Mistura álcool e fumo
Coloque 10 cm de fumo picado em uma tijela e cubra com álcool misturado com um pouco de água. Quando o fumo absorver o álcool, coloque mais álcool misturado com um pouco de água e deixe 15 dias de molho, tampando a tijela, para que a nicotina seja retirada do fumo. Coloque o líquido em uma garrafa com tampa e, na hora de usar, misture com sabão ralado e água nas seguintes proporções: um copo de mistura de água e fumo, 250 gramas de sabão e 10 litros de água.
Controla pulgões.
- Mistura de querosene, sabão e macerado de fumo
Aqueça 10 litros de água, 20 colheres de sobremesa de querosene e 3 colheres de sopa de sabão em pó biodegradável. Deixe esfriar e adicione um litro de macerado de fumo. Pulverizar sobre as plantas.
Controla cochonilhas com carapaça e ácaros.
- Mistura de sabão, macerado de fumo e enxofre
Misturar em 10 litros de água morna, meia barra de sabão, um litro de macerado de fumo e um kg de enxofre. Deixar esfriar e pulverizar sobre as plantas.
Controla ácaros.
- Cravo de defunto
Quando plantado nas bordaduras impede o aparecimento de nematóides nas plantas cultivadas.
- Tajujá, taiuiá ou melancia-brava
É uma planta trepadeira cujas folhas são bem parecidas com as da melancia. A raiz é semelhante à da mandioca. Apanha-se esta raiz, corta-se em pedaços de 10 cm e distribui-se na lavoura. A seiva ou líquido existente na raiz atrai insetos, fazendo com que estes não ataquem a planta cultivada. Deve ser renovada regurlamente.
Controla besouros ( "vaquinha" ).
- Purungo ou cabaça
Também é uma planta trepadeira. Suas folhas são parecidas com as de abóbora. Quando o fruto está maduro (seco) é usada para cuia de chimarrão. Quando está verde, o fruto cortado ao meio atrai insetos, devendo ser espalhado na lavoura, como o tajujá.
Controla besouros ("patriota") .
- Soro de leite
Quando pulverizado sobre as plantas, resseca e mata ácaros.
- Armadilha luminosa
Colocar uma lanterna de querosene acessa a partir das sete horas da noite no meio da lavoura e deixar até de madrugada, principalmente nos meses de novembro a fevereiro. As mariposas são atraídas pela luz e batem no vidro da lanterna, caindo num saco de estopa aberto que é colocado logo abaixo. No dia seguinte matar as mariposas.
Controla mariposas, especialmente a mariposa-oriental (broca-dos-ponteiros) que ataca os pomares.
-Saco de aniagem
Umidecê-lo com um pouco de leite e colocar na lavoura em vários locais. No dia seguinte pegar as lesmas que estão aderidas ao saco e matá-las.
- Solução de água e sabão
Colocar 50 gramas de sabão caseiro em 5 litros de água quente. Após esfriar, aplicar com o pulverizador.
Controla pulgões, cochonilhas e lagartas.
- Infusão de losna
Derramar um litro de água fervente sobre 300 gramas de folhas secas e deixar em infusão por 10 minutos. Diluir em 10 litros de água. Pulverizar sobre as plantas.
Controla lagartas e lesmas.
- Cerveja
A cerveja atrai lesmas. Fazer armadilhas com latas de azeite, tirando a tampa e enterrando-as a com abertura no nível do solo. Colocar um pouco de cerveja misturada com sal. As lesmas caem na lata atraídas pela cerveja e morrem desidratadas pelo sal.
Controla lesmas.
- Pimenta vermelha
Pimenta vermelha bem socada, misturada com bastante água e um pouco de sabão em pó ou líquido pulverizada sobre as plantas, age como repelente de insetos.

Outras plantas também podem ser utilizadas como inseticidas, entre as quais se destacam:
- Piretro
É obtido de algumas plantas do gênero Chrysanthemum, da família Asteraceae, com o qual se faz um inseticida contra pulgões, lagartas e vaquinhas. É obtida fazendo-se a maceração das flores. Sua ação pode ser aumentada ( ação sinergística ) com uso da sesamina, produto obtido do extrato de gergelim ( sesamum indicum ), da família Pedaliaceae.
- Alamanda
Ou chapéu-de-Napoleão. São plantas do gênero Allamanda, da família Apocynaceae. Com suas folhas prepara-se uma infusão para combater pulgões e cochonilhas.
- Santa Bárbara
Ou cinamomo, a Melia azedarach. da família Meliacea. O extrato alcoólico de seus frutos é utilizado para combater pulgões e gafanhotos. A substância encontrada nesta planta, a azadirachtina, inibe o consumo das plantas por estes insetos.
- Arruda
Ruta graveolens. da família Rutaceae. Suas folhas são utilizadas no preparo de uma infusão para o combate a pulgões.
- Pimenta-do-reino
Piper niger, da família Piperaceae. De seus frutos se extrai uma substância que inibe o consumo das plantas por diversos insetos.

SUGESTÕES  DE PREPARADOS COM ERVAS, ESPECÍFICOS PARA CONTROLE DE DOENÇAS
- Chá de camomila
Imergir um punhado de flores em água fria por um ou dois dias. Pulverizar as plantas, principalmente as mudas em sementeira.
Controla diversas doenças fúngicas.
- Mistura de cinza e cal
Dissolver 300 gramas de cal virgem em 10 litros de água e misturar mais 100 gramas de cinzas. Coar e aplicar sobre as plantas por pincelamento ou pulverização durante o inverno, quando as árvores estão em dormência.
Controla barbas, líquens e musgos.
- Cal
Fazer uma pasta de cal e pincelar sobre o tronco. Com isto evita-se a subida de formigas e ajuda controlar a barba das frutíferas.
- Pasta de argila, esterco, areia fina e chá de camomila
Misturar partes iguais de argila (barro), esterco, areia fina e chá de camomila, de modo a formar uma pasta. Usar para proteger os cortes feitos por podas e também ramos ou troncos doentes durante o outono após a queda das folhas e antes da floração e brotação.
- Chá de raiz forte (crem)
Derramar água quente sobre folhas novas da raiz forte e deixar em infusão por 15 minutos. Diluir 1 litro da infusão em 2 litros de água e pulverizar a planta toda.
Controla podridão parda das frutíferas.
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Dívida interna dispara no governo Lula

Lula dobra dívida pública
Autor(es): # Deco Bancillon e Vicente Nunes
Correio Braziliense - 27/01/2010

Presidente repetirá antecessor e deixará herança maldita para próximo governante


Assim que tomou posse em janeiro de 2003, o presidente Lula celebrizou a expressão “herança maldita” numa clara referência ao tamanho da dívida pública (R$ 892,94 bilhões) que recebeu do governo Fernando Henrique Cardoso. Pois, a se confirmarem as previsões do Tesouro Nacional de que a dívida interna federal pode fechar 2010 em até R$ 1,73 trilhão, Lula repetirá a maldição do antecessor. Entregará, muito provavelmente a José Serra (PSDB) ou a Dilma Rousseff (PT), os dois candidatos à sucessão presidencial mais bem posicionados nas pesquisas de intenção de votos, um débito quase duas vezes maior do que o que recebeu.

“A dívida pública será, sim, uma herança muito ruim a ser herdada pelo próximo presidente da República. Ainda que, a curto prazo, não se dê tanta importância ao assunto, esse endividamento comprometerá a capacidade futura de crescimento do país” MAIS

segunda-feira, janeiro 25, 2010

Lei do Inquilinato muda hoje

Jornal do Brasil - 25/01/2010

Os proprietários de imóveis e os inquilinos que pagam o aluguel em dia contarão com mais garantias em lei. Entram em vigor hoje as modificações na Lei do Inquilinato.

Caracterizada pelo maior rigor com os inadimplentes e mais agilidade nos despejos, a nova legislação poderá resultar em aluguéis mais baratos.

A principal mudança está na velocidade dos despejos, cujo tempo médio deve cair de 14 meses para sete meses.

A rapidez ocorrerá porque a nova lei simplifica os trâmites legais entre a decisão judicial e a retirada do inquilino do imóvel.

Atualmente, o inquilino inadimplente precisa ser notificado duas vezes antes de ser despejado. Caso o devedor consiga evitar o contato com o oficial de Justiça, a desocupação é adiada.

Além disso, basta comunicar a intenção de pagar o aluguel em atraso para impedir a remoção.

Pelas novas regras, logo na primeira notificação, a Justiça dará 30 dias para o inquilino deixar o imóvel.

Nos contratos sem fiador ou seguro-fiança, o prazo cai para 15 dias. Até agora, os aluguéis sem garantia estavam sujeitos aos mesmos procedimentos que os demais tipos de contratos.

A cobrança de multa de mora em caso de atraso no aluguel também muda com a nova lei. O inquilino podia atrasar o pagamento duas vezes a cada 12 meses sem pagar mora e ter ganho de causa na Justiça. Com a nova lei, o locatário só contará com o benefício uma vez a cada 24 meses.

A partir da nova legislação, as multas por rescisão de contrato ficarão mais baratas.

De acordo com as regras atuais, o inquilino tem de pagar multa integral quando deixar o imóvel antes do prazo acertado. Agora, a multa será proporcional ao tempo restante do contrato estabelecido.

Será possível ainda mudar de fiador na renovação do aluguel, o que era vedado pelas regras antigas. De acordo com o setor imobiliário, a medida deve aumentar o número de pessoas dispostas a serem fiadoras.

Com as modificações, a cobrança de caução volta a ser permitida.

A renovação dos contratos comerciais também foi simplificada. Pela nova lei, o proprietário poderá dar 30 dias para o inquilino deixar o imóvel caso receba uma proposta melhor de aluguel ao fim do contrato. Atualmente, o comerciante pode questionar a revisão do valor do aluguel por três meses e tem mais seis meses para ser despejado em caso de falta de acordo.

À sombra do AI-5

Autor(es): Almir Pazzianotto Pinto
O Estado de S. Paulo - 25/01/2010

Os espíritos do mal que presidiram a redação dos atos institucionais, ao longo do regime militar, voltaram a pairar sobre Brasília.

O Decreto nº 7.037, de 21 de dezembro de 2009, cujos sete artigos se fazem acompanhar por prolixo anexo, tem tudo de edito destinado a atemorizar a Igreja, a imprensa, os proprietários rurais, o agronegócio e todas as pessoas sensatas que se acautelam diante dos rumos que desejam tomar setores do governo.

A Constituição federal autoriza o presidente da República a baixar decretos "sobre organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação e extinção de órgãos públicos", e sobre "extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos". Consentido lhe é, também, expedir decretos destinados à fiel execução de leis dependentes de regulamentação. Nada além disso, sob risco de incidir na Lei de Responsabilidade (artigo 85 da Constituição federal).

Como legado do período autoritário, o presidente goza da prerrogativa de adotar medidas provisórias, em casos de relevância e urgência. Impõe-se-lhe, todavia, submetê-las ao Poder Legislativo, que decidirá se as converte em lei, uma vez que, segundo a garantia constitucional, "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei".

A primeira questão suscitada pelo Decreto nº 7.037 consiste em saber por que o presidente da República não se serviu de medida provisória e se utilizou de ato cujo raio de ação é mais restrito. Acredito que os responsáveis pelo texto tenham procurado evitar a remessa ao Congresso Nacional, onde seria intensamente bombardeado, até se reduzir a pó.

A questão seguinte diz respeito à técnica legislativa. A Lei Complementar (LC) 95/98 prescreve como elaborar, redigir, alterar e consolidar leis, e se aplica, no que couber, a decretos do Executivo. Ordena a LC que, "excetuadas as codificações, cada lei tratará de um único objeto". E que "a lei não conterá matéria estranha ao seu objeto, ou a este não vinculada por afinidade, pertinência ou conexão".

Ora, o Decreto nº 7.037, não bastasse a linguagem obscura e enviesada, inadequada a documento de cunho jurídico-político, é exemplo singular de amontoado de temas, pois trata da reforma agrária, passa pela censura à imprensa, inibe a liberdade de religião, legaliza o aborto, revoga a Lei da Anistia e procura impedir que o proprietário rural invadido e esbulhado se utilize rapidamente de legítima medida judicial para se proteger da violência sofrida.

Dir-se-ia que alguns ministros de Estado, tomados pelo espírito do professor Gama e Silva, resolveram resgatar a memória do Ato Institucional nº 5 (AI-5), para perturbar a tênue tranquilidade que até então pairava sobre o cenário político.

O decreto ora é óbvio, como na Diretriz 5 do Eixo Orientador nº II, que trata da "valorização da pessoa humana como eixo central do processo de desenvolvimento", ora se vale de eufemismos, de que é bom exemplo a proposta de legislação destinada a proibir "que logradouros, atos e próprios municipais e prédios públicos recebam nomes de pessoas que praticaram crimes de lesa-humanidade, bem como determinar a alteração de nomes que já tenham sido atribuídos". O que se pretende renomear? A Rodovia Castelo Branco? O Elevado Costa e Silva? A Rua General Milton Tavares? Não nos esqueçamos de que Getúlio Vargas, um dos raros estadistas da História latino-americana, foi ditador durante 15 anos. E que em seu governo permaneceu encarcerado, sob o vão de uma escada, Luís Carlos Prestes e foi deportada para a Alemanha Olga Benário. E daí? O governo almeja alterar milhares de denominações públicas que homenageiam o criador da legislação social e da Petrobrás, para ficarmos em dois exemplos apenas?

O presidente Lula aparenta ser avesso a práticas ditatoriais. Basta analisar a forma como conduz o governo, tecendo alianças com variados segmentos, para dar sustentação à governabilidade.

Não seria no início do fim do segundo mandato, e empenhado na candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que voluntariamente provocaria as reações suscitadas pelo Decreto 7.037, salvo pelo fato de não havê-lo examinado com a atenção que documento desse teor exige.

Houvesse o presidente se debruçado sobre o longo texto, teria percebido que não se trata de decreto propriamente dito, ou seja, da medida prevista na Constituição, dentro dos seus limites. Sua Excelência avalizou insólito programa de governo inspirado em ideologia extremista, inimiga do Estado de Direito Democrático, do direito de propriedade e da livre-iniciativa, da liberdade de credo e de imprensa, e contrário ao princípio federativo em que se assenta a República.

Fica nítida a tentativa de reescrever a História, com a anulação das conquistas no terreno das liberdades e da segurança jurídica, conseguidas desde 1985 e, sobretudo, com a promulgação da Constituição de 1988. Ela é a lei da anistia ampla, geral e irrestrita, subscrita por personalidades tão distintas como Ulysses Guimarães e Luiz Inácio Lula da Silva, Inocêncio Oliveira e Paulo Paim, Abigail Feitosa e Albano Franco, Haroldo Lima e Amaral Netto, Francisco Amaral e Gandi Jamil.

A possibilidade de vitória petista nas próximas eleições acaba de sofrer forte abalo sísmico. O decreto conseguiu aquilo que me parecia impossível: a repentina mobilização de ampla parcela da opinião pública, que deixa de ser silenciosa e passa à vigorosa defesa de direitos fundamentais, sob ameaça.

A "democracia" que petistas tanto gostam

Chávez suspende transmissões de emissora que critica governo


Folha de S. Paulo - 25/01/2010

Canal a cabo RCTV recusou-se a transmitir discurso do presidente da Venezuela; medida acirra tensão política em meio à crise econômica.

Chávez tira do ar emissora de TV a cabo oposicionista

Presidente justifica medida alegando que RCTV descumpriu nova regulação do setor

Rede já havia sido alvo de ataque do governo em 2007; caso acirra tensão na Venezuela, que sofre crise energética e econômica

DA REDAÇÃO

Atendendo a uma ordem do presidente Hugo Chávez, a autoridade venezuelana de regulação de TVs a cabo e por satélite suspendeu ontem a transmissão da emissora RCTV, abertamente antigoverno.

A decisão, condenada pelos EUA e pela oposição, soma-se a uma longa lista de ataques à imprensa por parte de Chávez e acirra tensões políticas no país, que está envolto numa crise energética e econômica.

A Comissão Nacional de Telecomunicações da Venezuela (Conatel) cortou à meia-noite de ontem o sinal da RCTV (Radio Caracas Televisión Internacional), alvo principal de uma medida que atingiu outras cinco emissoras privadas.

O governo alega que a RCTV descumpriu a nova legislação do setor que entrou em vigor na semana passada, obrigando todos os canais com ao menos 70% do conteúdo produzido na Venezuela a transmitirem programas oficiais sempre que as autoridades pedirem.

No sábado, a emissora oposicionista se recusou a transmitir um discurso dirigido por Chávez a simpatizantes.

"Se os canais não respeitarem a lei, não poderão retomar suas transmissões. A decisão é deles, não nossa", disse Chávez ontem em seu pronunciamento semanal de rádio e TV.

Um advogado da RCTV entrou com pedido na Suprema Corte para suspender a aplicação da nova regulação no setor.

domingo, janeiro 24, 2010


Comitê central

Dora Kramer - Dora Kramer
O Estado de S. Paulo - 24/01/2010
Se a realização de uma reunião entre o presidente da República e seu ministério em uma das residências oficiais da Presidência, a Granja do Torto, em que dos 14 pontos abordados 12 são de caráter político-eleitoral, não é uso da máquina pública, difícil definir o que seja abuso de poder.


Decisões de governo propriamente ditas foram anunciadas duas: a alteração da previsão de crescimento do PIB de 5% para 5,2% e o anúncio lançamento do PAC 2 para fim de março. Nada que precisasse da moldura de uma reunião ministerial para ser dito.

Mas o cenário imponente foi usado ao molde da necessidade do presidente Luiz Inácio da Silva em exibir todo o seu peso como cabo eleitoral da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Deu o recado: é o governo em ação.

E explicitou tarefas, uma a uma, à vontade como se estivesse no comitê central da campanha à própria sucessão.

No centro da mesa, rodeado de ministros, Lula avisou que quer mesmo uma eleição plebiscitária. Ponto um.

Ponto dois: afirmou que o lema será "quem sou eu contra quem és tu". Por "eu e tu" entenda-se Lula e Fernando Henrique Cardoso. Uma maneira de o presidente não apenas se aproveitar da situação desfavorável a FH nas pesquisas, mas principalmente de conferir ao governador José Serra o status de pupilo, procurando igualá-lo a Dilma.

Ponto três: insultou o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, porque ele teve a ousadia de dizer que se seu partido ganhar a eleição vai acabar com essa história de chamar cronograma de obras de governo de PAC.

Ponto quatro: pediu a Dilma que faça uma campanha de alto nível.

Ponto cinco: orientou os ministros para que fiquem longe do tiroteio eleitoral.

Ponto seis: determinou a todos que tenham na ponta da língua dados para rebater os ataques da oposição.

Ponto sete: informou que Dilma fica no governo até 3 de abril e determinou aos demais ministros candidatos que façam o mesmo.

Ponto oito: informou que em breve vai conversar com Ciro Gomes sobre a candidatura dele a presidente.

Ponto nove: lembrou que o governo perdeu a eleição no Chile porque se dividiu.

Ponto 10: ordenou ao ministro da Fazenda e ao presidente do Banco Central que falem sobre dados que afetam a vida das pessoas e evitem a macroeconomia, tema de difícil entendimento para o eleitor médio.

Ponto 11: lançou o vice-presidente José Alencar candidato ao Senado por Minas.

Ponto 12: comunicou que Dilma continua estrela do PAC, mesmo no palanque.

Ponto final: se isso não é uso da máquina pública em prol de interesse particular, Deus nos livre do momento em que a coisa apertar e o abuso começar.

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